Capítulo 10

Marina sentia seu coração bater tão forte que tinha certeza de que Arthur conseguia ouvir. As palavras dele ainda ecoavam na sala, preenchendo o espaço com uma tensão palpável. Ele estava mais vulnerável do que ela jamais havia visto, e isso a desarmava de um jeito que não sabia como lidar.

Arthur se levantou do sofá e caminhou até a janela, olhando para fora como se buscasse coragem no mundo lá fora. Marina o observava, tentando decifrar o que viria a seguir.

“Marina,” ele começou, a voz baixa, quase hesitante. “Eu não sou o melhor em lidar com meus próprios sentimentos. Estou acostumado a manter as coisas sob controle... no trabalho, em casa. Mas com você, eu perdi esse controle.”

Marina ficou em silêncio, surpresa pela confissão. Arthur era sempre tão contido, tão seguro de si. Ver essa vulnerabilidade em seus olhos a fez sentir algo se agitar dentro dela. Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, ele continuou.

“Eu não sei quando isso aconteceu. Talvez tenha sido a maneira como você cuida do Theo... ou a forma como você nunca pareceu intimidada por mim. Mas... a verdade é que eu não consigo parar de pensar em você.”

As palavras dele pairaram no ar por um momento, e Marina sentiu o chão desaparecer sob seus pés. Ela não sabia o que dizer. Arthur estava sendo honesto, abrindo seu coração de um jeito que ela não esperava. E, ao mesmo tempo, seu próprio coração estava em conflito.

Ela abriu a boca para responder, mas as palavras não saíam. Tudo o que ela conseguia fazer era olhar para ele, com os pensamentos em turbilhão.

Arthur deu alguns passos na direção dela, parando bem na sua frente. Seu olhar era intenso, como se estivesse buscando respostas nos olhos de Marina.

“Eu não posso mais ignorar o que sinto por você,” ele disse, baixinho, quase um sussurro.

Marina sentiu o ar se tornar mais denso ao redor deles. A proximidade dele a fez tremer, e antes que pudesse controlar, ela olhou diretamente para os lábios de Arthur. Seu coração batia descontrolado, como se estivesse à beira de algo que não tinha volta.

“Arthur...” ela começou, mas não conseguiu terminar. Porque naquele momento, ele deu o passo final. De repente, estava tão perto que Marina podia sentir o calor dele.

Ele levantou a mão devagar, hesitante, e tocou de leve o rosto dela, os dedos traçando uma linha suave em sua pele. Foi um gesto cheio de delicadeza, e Marina sentiu um arrepio percorrer seu corpo. Seus olhos se encontraram, e o mundo ao redor deles parecia desaparecer.

Arthur inclinou-se lentamente, como se estivesse dando tempo para ela se afastar, mas Marina não fez isso. Pelo contrário, ela sentiu-se puxada para ele, incapaz de lutar contra o que sentia. E então, em um movimento suave, os lábios de Arthur encontraram os dela.

O primeiro toque foi leve, quase tímido, como se ambos estivessem experimentando algo novo e desconhecido. Mas logo o beijo se aprofundou, carregado de sentimentos que ficaram represados por tanto tempo. Era como se, naquele momento, tudo o que eles não haviam dito fosse comunicado de forma silenciosa, em cada movimento, em cada toque.

Marina sentiu seu corpo responder de forma automática. Seus braços subiram, encontrando o pescoço de Arthur, enquanto ele a segurava pela cintura, como se estivesse com medo de deixá-la ir.

O beijo era doce e intenso ao mesmo tempo, cheio de uma paixão que ambos tinham evitado por tanto tempo. Marina sentia seu coração derreter, e toda a confusão de antes parecia se dissipar. Naquele instante, tudo fazia sentido.

Quando finalmente se separaram, os dois estavam ofegantes. Arthur manteve sua testa encostada na dela, seus olhos ainda fechados, como se não quisesse que o momento acabasse.

“Eu...” Arthur começou, mas não conseguiu terminar. Parecia que, pela primeira vez, ele estava sem palavras.

Marina abriu os olhos e olhou para ele. Havia algo diferente agora. Não era mais o CEO arrogante e distante que ela conhecera no início. Ele era apenas Arthur, um homem que estava lutando com seus próprios sentimentos.

“Arthur, eu não sei o que isso significa,” Marina sussurrou, sua voz tremendo levemente. “Mas eu também não posso negar o que sinto. É confuso... mas é real.”

Arthur abriu os olhos e a olhou com uma intensidade que fez Marina tremer novamente.

“Eu também não sei o que significa,” ele admitiu, com um pequeno sorriso no canto dos lábios. “Mas eu sei que não quero perder isso. Não quero perder você.”

Marina sentiu uma onda de emoção passar por ela. As palavras dele a atingiram em cheio, e pela primeira vez desde que começara a trabalhar naquela casa, ela percebeu que estava profundamente envolvida. Não apenas com Theo, mas com Arthur.

Eles ficaram em silêncio por alguns instantes, apenas aproveitando a proximidade. O mundo parecia ter parado ao redor deles, e, por um breve momento, tudo parecia exatamente como deveria ser.

No entanto, a realidade ainda estava lá. Havia muito a ser resolvido entre eles, e Marina sabia disso. Mas, por enquanto, ela decidiu se permitir sentir. Se permitir viver aquele momento, sem pensar no amanhã.

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