capítulo 15

Capítulo 15: A Observadora Silenciosa

Sarah nunca havia desistido de Arthur. Desde o primeiro dia em que ele entrou na empresa como CEO, ela ficou encantada com sua confiança, sua postura firme e, claro, sua aparência. Ao longo dos anos, ela manteve suas emoções controladas, sempre respeitando a barreira intransponível de seu casamento. Ela sabia que Arthur era comprometido com Isabel e com a família que construíra, e por mais que o desejasse, não havia nada que pudesse fazer.

Mas agora, a situação era diferente.

Quando Isabel saiu de cena, Sarah viu a oportunidade que tanto esperava. Finalmente, Arthur estava livre. Nos primeiros meses após o divórcio, ela havia tentado manter-se por perto, oferecendo apoio emocional e profissional sempre que ele precisasse. Sabia que ele estava vulnerável, e era o momento perfeito para se aproximar. No entanto, algo a mantinha à distância, algo que ela não conseguia identificar no início.

E então, ela descobriu o motivo: a babá.

Não demorou muito para Sarah perceber que havia uma mulher nova na vida de Arthur. No começo, ela pensou que era apenas alguém contratada para cuidar de Theo, alguém que não representaria qualquer ameaça. Afinal, uma babá jamais poderia competir com ela, uma mulher de negócios, forte e independente. Porém, logo as coisas começaram a mudar.

Nos corredores da empresa, Sarah começou a notar pequenas mudanças em Arthur. Ele parecia mais relaxado, menos estressado. Era como se algo – ou alguém – estivesse suavizando as arestas da sua personalidade. Sarah não demorou a ligar os pontos. Toda vez que Arthur mencionava Theo ou suas rotinas em casa, havia um brilho em seus olhos. Um brilho que, com o tempo, Sarah entendeu não estar ligado apenas ao filho, mas também à mulher que cuidava dele.

Foi então que ela decidiu investigar mais. Quando ela descobriu o nome de Marina, Sarah fez questão de descobrir tudo o que podia sobre a babá. Ela monitorou discretamente cada movimento de Arthur, ficando atenta às poucas vezes que ele falava sobre a vida pessoal, sobre as tardes que passava em casa com o filho... e, indiretamente, com Marina.

Um dia, depois de mais uma reunião na empresa, Sarah teve a chance de vê-los juntos. Ela estava saindo do prédio quando, do outro lado da rua, viu Arthur colocando Theo na cadeirinha do carro. Marina estava ao lado dele, ajudando com os brinquedos e conversando com o menino. Era um momento casual, mas havia algo no jeito que Arthur olhava para Marina que a fez sentir uma pontada de raiva.

Aquele olhar. Ele a olhava de uma forma que nunca havia olhado para Sarah, nem mesmo quando estavam em reuniões juntos. Havia uma suavidade, um carinho evidente que transbordava em cada gesto dele. Sarah apertou as mãos em punho ao lado do corpo, enquanto observava a cena à distância.

Naquele momento, ela soube que Marina não era apenas uma babá qualquer. Ela representava uma ameaça, uma rival inesperada que estava, aos poucos, ocupando um espaço que Sarah acreditava ser dela.

Nos dias que se seguiram, a raiva de Sarah só cresceu. Cada vez que ela ouvia o nome de Theo, sabia que, por trás das histórias de pai e filho, estava Marina. Cada vez que Arthur chegava ao escritório com um sorriso leve no rosto, ela imaginava que era por causa daquela mulher. A ideia de que uma simples babá estava conseguindo o que ela havia esperado por anos a deixava furiosa.

Sarah começou a observar mais atentamente os horários de Arthur, monitorando discretamente quando ele saía mais cedo ou quando falava de seu tempo em casa. E toda vez que ela ouvia qualquer menção a Marina, seu sangue fervia.

Uma noite, Sarah decidiu ir além. Ela contratou um investigador particular para monitorar Marina. Não poderia se arriscar a perder Arthur para uma mulher como aquela. Não era só questão de sentimento. Para Sarah, aquilo era uma questão de poder, de vencer. Ela tinha que ser a mulher ao lado de Arthur, não alguém como Marina, que, aos seus olhos, não tinha nada a oferecer além de cuidar de crianças.

Com o tempo, o investigador trouxe informações básicas: Marina era uma mulher simples, de origem humilde, sem grandes pretensões. Tudo parecia inofensivo, até que ele mencionou algo que Sarah já desconfiava – Arthur e Marina pareciam cada vez mais próximos.

E isso foi o suficiente para Sarah agir.

Ela já não suportava a ideia de Arthur se apaixonar por alguém que ela considerava tão inferior a si mesma. Decidiu que era hora de fazer algo, de entrar em ação e mostrar a Arthur que ela, e não Marina, era a mulher certa para ele.

Naquela manhã, enquanto se preparava para confrontar Arthur no escritório, Sarah pensou em cada detalhe. Sabia que Arthur era um homem racional, que não se deixava levar por impulsos facilmente, então precisava ser sutil. Mas, ao mesmo tempo, faria questão de plantar a semente da dúvida sobre Marina. Se Arthur percebesse que estava se aproximando de alguém que não se encaixava em seu mundo, talvez ele reconsiderasse.

Assim, quando entrou no escritório dele, naquela manhã, Sarah estava pronta. Pronta para fazer de tudo para recuperar o que sempre acreditou ser dela.