Capítulo 14

Ryan Cooper

Quando tudo acabou, a vagabunda estava no chão, soluçando como uma criança assustada. Hadassa apenas guardou o canivete e me lançou um último olhar antes de sair. Eu fiquei ali, observando, enquanto o corpo dela desaparecia pela porta. Havia uma mistura de desejo e raiva em mim. Eu sabia que precisava ir atrás dela.

Ela saiu e corri para alcançá-la enquanto ela caminhava rápido em direção ao carro. Chamei seu nome, mas ela não me ouviu. Ou, mais provavelmente, estava me ignorando.

— Hadassa! — Minha voz saiu mais dura, tentando acalmá-la.

Ela continuou andando, e eu perdi a paciência. Acelerei o passo, a alcancei e a puxei com força pelo braço. Nossos corpos se chocaram violentamente, o calor dela invadindo cada poro meu. Segurei sua cintura com firmeza, sentindo o corpo dela tenso contra o meu.

— O que foi agora? — Ela tentou dizer, mas o olhar dela, cheio de raiva e desejo misturados, me fez perder o controle.

O hálito quente com cheiro de cereja dela estava no meu rosto, e antes que eu pudesse pensar em mais nada, ela deslizou a língua pelos lábios, uma provocação silenciosa. Aquilo foi o bastante para fazer meu desejo explodir.

Sem pensar, tomei sua boca em um beijo intenso, quente e perverso. Nossos lábios se encontraram com uma fúria que eu não sabia que estava guardando. Minha mão apertou ainda mais a cintura dela, e senti o corpo dela se moldar ao meu. Cada toque, cada suspiro dela, alimentava o fogo que crescia dentro de mim.

Hadassa tentou resistir por um segundo, como sempre faz, mas eu não ia deixar. O gosto dela me fazia querer mais, precisar de mais. E quando ela cedeu, quando suas mãos finalmente se prenderam nos meus cabelos, puxando com a mesma força que ela havia usado na outra, eu soube que a tinha.

O beijo era bruto, cheio de desejo reprimido. Minha língua invadiu sua boca, explorando cada canto, enquanto ela gemia baixinho contra meus lábios. Eu queria mais. Queria tudo. Queria provar cada parte dela ali mesmo, naquele estacionamento. Ela podia ser uma tempestade, mas eu estava pronto para enfrentá-la.

Assim que nos afastamos, ela abriu os olhos, aquele brilho de raiva e ironia que eu conhecia tão bem estava lá, misturado com o desejo que ela tentava esconder. Seus lábios, ainda úmidos e inchados pelo meu toque, se curvaram em um sorriso desafiador.

— É isso? — Hadassa perguntou, a voz baixa e sarcástica, sem desviar os olhos dos meus. — Isso é tudo que você tem, Ryan? — Ela deu uma risada curta, se afastando um pouco, mas eu mantinha minhas mãos firmes na sua cintura. Ela não ia escapar fácil. — Um beijo quente e acha que já me tem nas suas mãos?

Ela estava me provocando, e eu sabia. Esse era o jeito dela, sempre transformando tudo em um jogo. Cada palavra que saía da sua boca era como uma faísca acendendo mais meu desejo e minha raiva ao mesmo tempo.

— Você pode negar o quanto quiser, Hadassa, mas você sabe a verdade — eu disse, minha voz grave enquanto me aproximava dela novamente, sem soltar sua cintura. — Toda vez que você me olha desse jeito, cada vez que tenta me desafiar... é porque você quer que eu te prove que você é minha. Que sempre foi e jamais vou te trair.

Ela arqueou uma sobrancelha, o sorriso irônico crescendo.

— Tão convencido — murmurou, se inclinando para perto, os olhos fixos nos meus. — Acha mesmo que só porque me beijou assim vai me controlar? Que vai me ter sempre que quiser? — Ela deslizou a ponta dos dedos pelo meu peito, com um toque suave e provocador. — Você não me conhece tanto quanto acha, Ryan.

Sua mão parou no meu peito, e eu agarrei seu pulso, puxando-a para mais perto, nossos corpos colados novamente. Senti sua respiração pesada contra meu rosto, e ela tentou se soltar, mas eu não a deixei. Meu corpo inteiro estava em alerta, os nervos à flor da pele.

— Eu te conheço muito bem, Hadassa. — Meus olhos estavam fixos nos dela, minha voz baixa, carregada de possessividade. — Sei que por trás dessa fachada de mulher indomável, você quer que eu tome o controle. Que eu te mostre que você não precisa lutar o tempo todo, que eu posso ser o único capaz de te acalmar... ou te fazer perder completamente o controle.

Ela soltou uma risada baixa, mas não havia humor nela. Era mais uma reação ao calor do momento. Seus olhos brilharam de raiva e desejo misturados, e eu sabia que estava perto de quebrá-la. Mas Hadassa não se entregava facilmente. Ela puxou o braço que eu segurava e deu um passo para trás, criando uma pequena distância entre nós, mas seus olhos continuavam fixos em mim.

— Você quer controle, Ryan? — ela perguntou, sua voz soando como um desafio. — Acha que pode me dominar, me ter sempre à sua disposição, como se eu fosse sua posse? — Ela balançou a cabeça lentamente, o sorriso nos lábios crescendo, mas havia uma ponta de frustração por trás dele. — Não vai ser tão fácil assim. Eu não sou uma das suas vadias que você manda e desmanda. Eu sou Hadassa Stevens, e ninguém, nem mesmo você, me controla.

— Você pode continuar fingindo, Hadassa — eu disse, a voz rouca de tanto desejo reprimido — mas no fundo, você sabe que não consegue resistir. Não a mim.

Ela soltou uma gargalhada curta, cheia de sarcasmo, inclinando a cabeça para o lado enquanto me encarava.

— Resistir? — Hadassa mordeu o lábio inferior. — Ah, Ryan, eu não preciso resistir a você. Porque, no fim das contas, sou eu quem controla tudo. Eu deixo você pensar que está no comando, que tem o poder. Mas sou eu quem decide quando e como vai acontecer. Sempre fui eu. — Ela deu mais um passo para trás, criando uma distância proposital, apenas para me provocar.

— É mesmo? — eu disse, aproximando-me mais uma vez, não dando a ela a chance de se afastar novamente. Meus olhos presos nos dela, e eu via o fogo queimando ali, aquele desejo e desafio que tanto me atraíam. — Então me diz uma coisa, Hadassa... — Apertei sua cintura mais forte, trazendo-a de volta para perto de mim, nossos corpos colados novamente. — Se você tem todo esse controle... por que seu coração está batendo tão rápido agora?

Ela parou por um segundo, e eu pude sentir a aceleração dos batimentos dela. Seus olhos se estreitaram, como se estivesse buscando algo para rebater, mas tudo o que ela conseguiu fazer foi soltar uma respiração pesada, os lábios entreabertos.

— Eu não tenho medo de você, Ryan. — A voz dela saiu firme, mas havia uma hesitação nas palavras, uma quebra momentânea em sua resistência.

— Não estou pedindo para ter medo. — Passei os dedos suavemente pelo seu queixo, inclinando sua cabeça levemente para cima. — Só estou dizendo para você parar de fingir que não sente algo por mim. Esse fogo, essa intensidade. — Me aproximei mais, meus lábios a milímetros dos dela. — A única coisa que você precisa fazer é parar de lutar contra isso.

Ela riu de novo, um riso amargo, mas havia algo mais ali. Algo que me dizia que estava perto de ceder.

— Você não entende nada, Ryan. Não se trata de lutar contra você. — Ela mordeu o lábio, pensativa, e por um segundo, a máscara de ferro que ela sempre usava pareceu enfraquecer. — Se trata de lutar contra mim mesma. Contra o que você me faz sentir. Porque, sim... você me tira do controle. E isso... — Ela balançou a cabeça levemente. — Isso me assusta.

Eu sabia. Sabia que era esse o ponto. Ela temia perder o controle, não sobre mim, mas sobre si mesma. Era uma verdade que eu também compartilhava. Porque, no fundo, Hadassa me deixava tão fora de controle quanto eu a deixava.

— Não precisa ter medo, Hadassa. — Inclinei-me e sussurrei no ouvido dela, a voz rouca de desejo. — Eu sei o que você precisa. E vou te dar. Mas você tem que parar de lutar contra isso.

Ela suspirou, e por um momento, pensei que cederia. Mas, claro, sendo Hadassa, ela ainda tinha um último desafio na manga.

— E o que me garante que você vai me dar o que eu preciso? — Ela perguntou, mordendo o lábio de novo, aquela provocação constante — Talvez você não seja suficiente para mim.

Eu a puxei ainda mais para perto, nossos corpos quase se tocando de novo.

— Vamos descobrir, não é? — Eu murmurei, antes de finalmente tomar sua boca de novo em um beijo ainda mais profundo, mais possessivo.

Dessa vez, ela não resistiu.

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