Capítulo 06

Eu pensei que ela seria mais uma dessas mulheres sem graça. Filha da puta maldita. Esse casamento arranjado parecia uma piada de mau gosto do destino. Como sempre, minha mãe tinha suas ideias de controle, e eu tinha certeza de que Hadassa Stevens seria apenas mais um incômodo no meu caminho. Mas quando ela entrou naquela sala, a visão dela me acertou como um soco. Puta merda, eu estava completamente errado.

O primeiro pensamento que me veio à cabeça foi como essa mulher era gostosa. Não só bonita, mas de um jeito que queimava na pele, de um jeito que te fazia querer prová-la ali mesmo. Aquele rosto angelical, de uma beleza quase inocente, contrastava com a postura ousada que ela carregava. E aquela boca? Desenhada perfeitamente, lábios rosados que só pediam para serem mordidos. Não ajudava que o olhar dela, penetrante e cheio de desafio, me encarava como se pudesse me ler. Como se ela soubesse exatamente o que estava fazendo.

E, porra, aquele perfume doce... Do tipo que invade seus sentidos e te faz perder o foco por um segundo. Só de senti-lo, já comecei a imaginar coisas que não deveria. Coisas que não poderiam acontecer, mas que minha mente se recusava a afastar.

Eu sabia o que meu pai tinha em mente ao forçar essa aliança, mas a última coisa que eu queria era um joguinho de casinha com uma mulher que eu nunca tinha visto antes. Só que Hadassa, de alguma forma, mudou o jogo logo de cara. Ela chegou causando uma confusão na minha vida. E, para piorar, eu me peguei apreciando a bagunça.

A forma como ela olhou para mim naquele primeiro contato... Eu senti um arrepio percorrer minha espinha. A maioria das pessoas evitava contato visual, preferia abaixar a cabeça quando falava comigo. Mas não Hadassa. Ela não desviou o olhar, não vacilou. Seus olhos estavam cheios de uma audácia que eu não esperava. E, naquele momento, eu soube que ela seria um problema. Um problema que eu queria muito resolver.

Minha nova obsessão. A porra da minha nova maldição.

Ela já começou com as provocações no primeiro instante, como se quisesse ver até onde poderia ir antes que eu a quebrasse. O modo como se movia, como se vestia, cada palavra que saía daquela boca era uma faísca pronta para incendiar qualquer um. E eu? Eu queria apagar aquele fogo com minhas próprias mãos.

Acho que nunca conheci alguém que soubesse me tirar do eixo e me fascinar ao mesmo tempo. E foi assim que ela fez — com uma entrada que fez o mundo parar por um segundo. Eu soube ali que teria que lidar com ela de uma forma ou de outra. Que teria que dar um jeito de fazer com que Hadassa Stevens soubesse quem era o verdadeiro rei dessa porra toda.

Mas talvez... Talvez fosse mais divertido deixar o jogo rolar. E eu estava curioso para saber até onde essa mulher ia.

Eu fiquei ali, sentado na minha cadeira de couro, ainda tentando recuperar o controle depois da provocação de Hadassa. A imagem dela usando aquela camisola de seda e o jeito como me provocou com seus olhares e palavras não saíam da minha mente. Apertei o punho, tentando dissipar o desejo latente que corria pelo meu corpo. Como ela ousava desafiar minhas ordens e brincar comigo daquela maneira? Eu precisava fazer algo. Não podia mostrar fraqueza.

Levantei-me da cadeira e comecei a andar de um lado para o outro no escritório, meus pensamentos em desordem. Hadassa Stevens estava brincando com fogo. Aquele tipo de atitude só serviria para complicar ainda mais a situação. Mas ao mesmo tempo, eu não podia negar que havia algo intrigante nela. Uma audácia, uma chama que eu não conseguia apagar da minha mente.

Tentei focar nos papéis à minha frente, documentos importantes sobre minhas operações, mas minha mente voltava insistentemente para Hadassa. A tensão entre nós estava se tornando insuportável, e eu sabia que precisava resolver isso de uma vez por todas. Eu não podia me dar ao luxo de perder o controle. Não na minha própria casa. Não para ela.

Eu a observei à distância nos dias que se seguiram. Ela era inteligente, eu precisava admitir. Aproveitava cada oportunidade para me desafiar, seja com uma observação sarcástica ou um olhar desafiador. Ela sabia que estava mexendo comigo, e eu sabia que ela estava gostando disso. Eu precisava mudar o jogo.

Passo pela biblioteca, a encontrei ela novamente, folheando distraidamente um livro, o olhar perdido em algum ponto entre as páginas e seus pensamentos. A visão dela ali, tão serena, mas ao mesmo tempo cheia de intensidade, me fez parar. Era hora de confrontar aquilo de frente.

— Você acha que pode continuar a me provocar impunemente, Hadassa? — Minha voz cortou o silêncio da biblioteca como uma lâmina.

Ela levantou o olhar, um sorriso brincando em seus lábios.

— Não é provocar se você estiver gostando, Ryan.

Eu estreitei os olhos, aproximando-me lentamente.

 — Não pense que não vejo o que você está fazendo. Você quer me provocar até eu perder o controle, é isso?

Ela riu suavemente, fechando o livro e se levantando com uma graça casual.

— Talvez, — respondeu. — Ou talvez eu só esteja entediada.

Dei mais um passo, diminuindo a distância entre nós. Sentia o calor irradiando do corpo dela e o provocante aroma do perfume.

— Eu deveria te colocar no seu lugar, Hadassa.

Ela arqueou uma sobrancelha, inclinando-se um pouco para mais perto, desafiando-me ainda mais.

— Estou esperando você tentar, querido.

Por um momento, o mundo parou. O ar ficou mais denso, carregado com a eletricidade de tudo o que não foi dito. Eu podia sentir meu próprio autocontrole desvanecendo, o desejo misturado com raiva e frustração. E então, sem mais hesitação, a puxei para perto, minhas mãos firmemente segurando a cintura dela.

— Você quer brincar? — Minha voz era baixa, mas perigosa. — Vamos brincar, então.

Hadassa riu, e eu podia ver a excitação em seus olhos. Ela queria isso. Ela queria ver até onde eu iria, e eu estava prestes a mostrar. No entanto, no instante seguinte, a soltei, recuando.

— Mas não se engane, Hadassa, — continuei, a voz firme e fria. — Este jogo que você está jogando... Eu vou vencer.

Deixei-a ali, com uma expressão que misturava surpresa e algo mais, algo mais sombrio e excitante. Enquanto me afastava, uma coisa ficou clara: aquela mulher era um...

Por que, porra, ela era uma afronta que eu mal podia esperar para domar.

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