Capítulo 05

Depois de minha entrada triunfal na mansão dos Cooper, eu sabia que a batalha estava apenas começando. Ryan Cooper pensava que podia me intimidar com suas ações infantis, mas eu já havia enfrentado homens como ele antes. Homens que acreditam que o poder reside apenas na força bruta e no medo. Não seria intimidada. Não por ele, e certamente não pela família Cooper.

Tranquei-me no quarto que haviam preparado para mim, tentando afastar a raiva fervente que corria por minhas veias. Não sabia o que era pior: o fato de estar presa a um casamento indesejado com um homem que claramente não queria nada comigo, ou o fato de ele achar que podia fazer o que quisesse sem repercussões. Mas eu não sou o tipo de mulher que se contenta em ser subestimada.

Dias Depois...

Os primeiros dias foram tensos. Ryan me ignorou deliberadamente, e eu o deixei fazer isso, observando atentamente como ele se movia pela mansão, sempre cercado pelos seus homens de confiança. Ele era perigoso, eu sabia disso, mas estava disposto a correr o risco para mostrar a ele que não sou uma mulher comum, alguém que ele pode simplesmente dobrar ao seu gosto.

Passei a conhecer o pessoal da casa — todos de olhos atentos e bocas fechadas. Ninguém parecia querer interagir muito comigo, exceto por Joana, a governanta que me recebeu na primeira noite. Ela era uma mulher de meia-idade, com olhos sagazes que viam tudo.

— O meu menino é um homem complicado, senhorita Hadassa, — disse ela uma vez, enquanto me ajudava a desfazer minhas malas. — Ele não confia nas pessoas com facilidade, principalmente quando se trata de alianças forçadas.

— Não estou aqui para ser amiga dele, Joana, — respondi com um meio sorriso. — Estou aqui para mostrar a ele que não vou me dobrar a essa casa ou a ele. Se ele quer guerra, então vamos guerrear.

Ela sorriu, um sorriso pequeno e conhecedor. — Talvez seja exatamente disso que ele precisa.

A tarde se arrastava devagar, quase como um teste à minha paciência. Eu havia passado a manhã caminhando pelos corredores intermináveis da mansão, tentando mapear cada saída e entrada, cada canto escondido. Mas, para minha frustração, não havia muito o que fazer além de esperar que Ryan decidisse me dar alguma atenção — ou que algum dos seus capangas cometesse um erro. O tédio começou a se infiltrar, um sentimento que eu detestava. Eu odiava ficar sem fazer nada, sem uma estratégia ou um plano de ação.

Decidi me refugiar na biblioteca. Era um dos poucos lugares da mansão onde eu poderia encontrar um pouco de paz — longe dos olhares de julgamento e das conversas sussurradas que me seguiam. Mas mesmo ali, cercada por centenas de livros, meu foco não se mantinha. Minha mente continuava a voltar para o mesmo ponto: essa maldita aliança, essa prisão disfarçada de casamento.

Suspirei, irritada, e fechei o livro que estava tentando ler. As palavras na página eram apenas um borrão sem sentido. Eu precisava de uma distração. Algo, qualquer coisa, para me tirar desse ciclo interminável de frustração. Foi quando pensei em Luna, minha irmã. Ela sempre sabia como me distrair.

Peguei meu celular e disquei o número dela, ouvindo o toque soar por alguns segundos antes que sua voz animada surgisse do outro lado.

— Hadassa! — ela exclamou. — Já estava achando que você tinha esquecido que tem uma irmã!

— Como eu poderia esquecer? — respondi, relaxando um pouco ao ouvir sua voz familiar. — Acredite, você é a única coisa que me mantém sã nesse momento.

— Então a coisa está feia mesmo? — Luna perguntou com um riso. — Conte-me tudo.

— Feia é pouco, Luna. Ryan é insuportável. E todos aqui são tão... calculistas. Eles fingem que não me veem, mas sei que estão me observando o tempo todo. É como se eu estivesse presa em um zoológico.

— Ah, Hadassa... — Luna suspirou, sua voz suavizando. — E você, como está lidando com isso?

— Tentando manter a cabeça no lugar e o sangue quente, o que não é fácil. A tarde de hoje foi um inferno de tédio. Fiquei me perguntando se estou fazendo a coisa certa ou se devia ter aceitado a primeira chance de fugir daqui.

Luna riu suavemente. —

— Hadassa Stevens, fugindo de um desafio? Acho difícil.

— Tem razão — eu disse, um sorriso irônico se formando em meus lábios. — Não sou de fugir. Mas precisava ouvir isso. Estava começando a esquecer.

— Bem, então lembre-se de quem você é. Não deixe esses Coopers te fazerem duvidar de si mesma. Você é mais forte do que isso, irmã. E se precisar, eu venho até aí e te ajudo a quebrar algumas janelas.

Eu ri pela primeira vez em dias. — Obrigada, Luna. Acho que só precisava de uma voz amiga. E talvez de um plano para enlouquecer Ryan um pouco mais.

— Sempre que precisar, estou aqui. E sobre o plano... Você sabe onde me encontrar.

Desliguei o telefone com um leve sorriso no rosto. Luna tinha razão. Não era hora de duvidar de mim mesma. A batalha apenas começara, e eu não ia desistir tão cedo,assim que a noite caiu e comi um pouco e subo para meu quarto planejando amanhã sair para conhecer os pontos turísticos da Rússia aqui não sou nenhuma prisioneira e posso sair

Desci até a cozinha para pegar um copo de água. Estava cansada de me trancar no quarto e precisava respirar. O ar da noite era frio, mas tinha algo reconfortante no silêncio da madrugada. Passei pelos corredores silenciosos, sentindo o peso da casa sobre mim. A cada passo, podia sentir os olhos dos guardas em mim. A tensão no ar era palpável.

Na cozinha, encontrei um dos guardas, um homem chamado Viktor. Ele era um dos poucos que não me olhava como se eu fosse uma ameaça. Pelo contrário, ele parecia quase... intrigado.

— Senhorita Hadassa, precisa de alguma coisa? — perguntou ele, gentilmente.

— Apenas de um pouco de paz, Viktor, — respondi, enchendo o copo de água. — Algo que parece ser raro por aqui.

 — Paz é um luxo nesta casa, especialmente quando o senhor Cooper está de mau humor.

— Ele está sempre de mau humor? — perguntei, embora a resposta fosse bastante óbvia.

— Quase sempre. Mas você conseguiu irritá-lo mais do que o normal. Acho que isso é um feito.

Sorri, tomando um gole de água. — Bem, então estou começando bem.

De volta ao quarto, o sono parecia uma ideia distante. As palavras de Ryan, sua arrogância e o jeito que ele agia como se estivesse no controle de tudo, ecoavam na minha mente. Era um jogo para ele, e eu sabia jogar muito bem. Se ele queria um desafio, eu estava mais do que pronta para entregar.

Vesti algo simples e confortável, mas que ainda assim valorizava meu corpo de maneira sutil. Uma camisola de seda curta, que deixava à mostra minhas pernas e insinuava o resto. Ele precisava entender que eu não era apenas uma "negociação", e que se quisesse brincar de me ignorar, eu tinha muitas cartas na manga.

Quando cheguei ao escritório dele, parei na porta e observei por um momento. Ryan estava focado em seus papéis, parecendo alheio a tudo ao seu redor. Mas ele sabia que eu estava ali, e sua voz confirmou isso.

— Deveria bater antes de entrar, Hadassa. — Ele não levantou os olhos, mas o tom de irritação era claro.

— E você deveria saber que eu gosto de quebrar regras, — retruquei, empurrando a porta e entrando sem cerimônia.

Ele ergueu o olhar, surpreso, e os olhos dele desceram brevemente pela minha camisola, antes de voltar ao meu rosto. Eu sorri de forma sedutora, ciente do efeito que minha presença causava.

— Gostou do que vê? — perguntei, me aproximando devagar. — Pensei que talvez, já que não temos outra escolha, devêssemos... nos conhecer melhor.

Ryan bufou, claramente tentando não ceder à provocação.

— E o que exatamente está tentando fazer, Hadassa?

Cheguei mais perto, até que nossos corpos quase se tocassem. Me inclinei sobre a mesa dele, deixando meu decote visível.

 — Estou apenas tentando facilitar as coisas, querido. Você sabe, uma convivência sem atritos... ou com outros tipos de atrito. — Minha voz saiu carregada de insinuação.

Ryan me olhou com uma mistura de irritação e algo mais. Seus olhos estavam fixos nos meus, mas eu podia ver que ele estava tentando não desviar para os meus lábios. Eu aproveitei a oportunidade.

Inclinando-me ainda mais, deixei meus lábios a milímetros dos dele, sentindo sua respiração quente contra meu rosto.

— Talvez você só precise de um pouco de diversão, Ryan. — Sussurrei provocativa, deslizando a ponta da língua lentamente pelos meus próprios lábios, enquanto olhava nos olhos dele.

Ele umedeceu os próprios lábios, e por um breve segundo, vi um lampejo de desejo em seus olhos. Decidi apertar o botão certo para testar os limites.

— Você quer me beijar, não quer? — provoquei, minha voz saindo baixa, quase um gemido. — Está se segurando, mas... — Fingi uma risada suave. — Acha que consegue me resistir por quanto tempo?

Antes que ele pudesse responder, eu deixei que meus lábios roçassem de leve os dele, apenas o suficiente para provocar, sentir o calor e a tensão pulsando entre nós. Ele pareceu inclinar-se, talvez até cedendo ao momento, mas no último segundo, eu me afastei bruscamente, sorrindo maliciosa.

— Ops, acho que não estou tão interessada assim. — Dei uma piscada e me virei, dando alguns passos na direção da porta, mas não sem antes lançar um último olhar. — Boa sorte em se manter no controle, Ryan. Isso pode ser divertido.

Quando saí do escritório, senti um misto de adrenalina e satisfação. Eu sabia que tinha mexido com ele, e isso era apenas o começo. Ryan Cooper queria jogar? Eu estava mais que pronta para essa partida.

Hadassa Stevens

•Uma das Herdeira da Máfia Camorra.

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