Obu se esforçava para respirar, enquanto mantinha a velocidade da corrida, ele pensava:
* Droga! Onde tudo deu errado? Era para ser fácil! A garota tinha mesmo que saber magia intermediária? Que droga! Tudo o que pode dar errado realmente dá errado!*
O guarda do povo fera seguia Obu com dificuldade pela rua do mercado, o homem-touro com seu corpanzil bípede e largos chifres sofria para se esquivar de todas as pessoas mágicas que compravam frutas, verduras e quinquilharias no mercado de rua popular, Obu corria a toda velocidade, habilmente se esgueirando por entre a multidão ouvindo o guarda:
— Peguem ele! Ele tentou raptar a filha do banqueiro! Empréstimo sem juros para quem o alcançar!
O sol estava a pino no céu, enquanto Matt carregava a garota desmaiada em seu ombro, com o saco na cabeça, e os fragmentos que restavam de seu pippet destruído no bolso da calça de algodão cosido. Ele ouvia a longe seu melhor amigo servindo de isca para que ele pudesse fugir e assim, trocar a vida da garota pela própria vida, e de Obu.
Assim que chegou à beira da propriedade, lady Marry que aguardava, percebeu que algo estava errado:
— Onde está Obu? O que aconteceu?
Matt sem fôlego disse enquanto entregava a garota desmaiada para a vampira:
— Sinceramente, tudo aconteceu! Ela usa magia intermediária, meu pippet está em pedaços e agora tenho que voltar a cidade para resgatar Obu, se não, os guardas do povo-fera que o pai dela chamou, irão matá-lo!
O garoto se virava para sair em disparada quando a vampira chamou sua atenção dizendo:
— Aqui! Pegue isso! Normalmente não saio para a cidade para não alertar os elfos, mas se for algo que não possa lidar, mire isso para o céu, e conte até três, eu chegarei onde você estiver, desde que seja dentro de Baêta!
Matt pegou o artefato e colocou-o no bolso junto dos fragmentos do pippet e saiu em disparada.
Obu no fim de seu fôlego, só pensava:
* Droga! Preciso continuar ou esse boi gigante vai acabar comigo! *
O suor escorria pelo rosto de Obu, ardendo seus olhos e turvando sua visão. O sol escaldante, e o esforço de correr em ruas que não conhecia, fazendo o máximo para não tropeçar nas lisas pedras irregulares que pavimentavam a rua, cobertas por estrume dos cavalos-dragões, a montaria bípede, peluda. Com longa cauda e cabeça de cavalo que lembrava a Obu, um avestruz estranho.
O garoto ouvindo o bater dos cascos do homem-touro nas pedras da rua, o faziam entender que logo ele seria pego pelo homem-fera muito mais forte e resistente que ele:
* Droga Matt! Cadê você? *
Obu então mudou rapidamente a direção de sua corrida, passando por um beco menos movimentado para a rua paralela à que estava. Ele fazia o máximo para manter o ritmo, mas seus pulmões já tinham extrema dificuldade em puxar o ar.
Foi quando ele sentiu uma mão bizarramente grande segurar seu ombro o empurrando para o lado, contra uma parede de pedras cinzas disse:
— Te peguei! Agora onde está a senhorita Per...
O corpanzil do homem fera saiu voando arrebentando três barracas e assustando as pessoas ao redor quando Matt disse:
— Tudo certo! Vai embora eu cuido de tudo aqui!
Obu lutou mais uma vez para respirar enquanto tentava se misturar na multidão e escapar, apenas para sentir um forte choque contra seu peito, que o arremessou contra as costas de Matt, que se preparava para fugir por outro caminho.
— Você consegue se levantar?
Perguntou Matt, que não esperou pela resposta vendo Obu se levantar.
— Vamos logo! Eu já não aguento mais!
Disse Obu assim que se levantou, sentindo a dor no seu externo.
— Vocês não irão a lugar algum, raptores!
Disse a mulher-tigre cercando os garotos enquanto via o homem touro cercá-los pelo outro lado da rua, antes de continuar:
— Agora vocês me dirão onde está a senhorita Perla, ou...
A mulher tigre deu a entender a última parte, enquanto mostrava a eles as fortes garras, longas e afiadas, que tinha em sua mão humanoide.
Obu cansado demais para responder e dolorido pelo soco anterior apenas olhou rapidamente para Matt por cima dos ombros, e Matt disse:
— Sim, meu amigo, pensei o mesmo!
Assim que os amigos se entre olharam e se entenderam sem palavras, Matt saiu em disparada correndo em direção do homem-touro, assim que realizou a finta de ataque, se abaixou, oferecendo as costas como plataforma para Obu, que saltando alto usando as costas de Matt como apoio, acertou uma joelhada voadora com toda força, na lateral da boca da criatura, que tonteada, ainda tomou um gancho vindo de baixo de Matt. O robusto e resistente homem-touro foi ao chão nocauteado, dando espaço para os garotos saírem correndo em direção da mansão.
A mulher-tigre então, iniciou uma perseguição voraz, mas o corpo melhorado de Matt o permitia, sempre que possível arremessar coisas variadas na mulher-fera, que mesmo sendo muito mais ágil tinha dificuldades em acompanhar os garotos.
— Corre pela sua vida! Eu serei a lebre agora, vá para casa e não volte mais!
Matt gritou para Obu quando encontraram um caminho bifurcado.
Obu em desabalada carreira, corria em direção à mansão e logo ouviu a mulher-tigre esturrar enquanto seguia Matt para outra direção.
Os esturros da mulher-tigre arrepiavam os pelos da nuca de Matt, causando-lhe o medo primal da equivalência entre presa e predador, isso foi o que ela pensava, pois Matt estava muito ansioso para descontar toda sua raiva dos acontecimentos recentes enquanto a levava para um lugar mais vazio, além é claro de testar a força de seu novo corpo semi-vampírico, com sua agilidade atual, ele percebeu que conseguiria manter a distância da mulher tigre tranquilamente, mas queria saber mais.
Assim que chegaram a um terreno aberto próximo a uma fábrica, Matt parou de correr, fingindo cansaço.
— Então, você está pronto para me contar quem o mandou e onde está a senhorita Perla?
A mulher-tigre questionou, enquanto caminhava lentamente afiando suas garras na parede da fábrica.
Matt, curvado, com as mãos nos joelhos, recuperando o fôlego, disse:
— Acho que a senhora se confundiu!
A mulher-tigre incrédula disse:
— Vai negar seus crimes?
Com um sorriso, o garoto disse:
— Não estou pronto para contar nada, mas estou pronto para não deixar testemunhas.
Assim que Matt disse isso, fechou a toda velocidade a distância entre ele e sua presa, acertando um forte soco no estômago da mulher-tigre antes de acertar um chute giratório em suas pernas, a fazendo cair de cabeça no chão. Porém, a mulher, com um contorcionismo digno do felino de era, caiu sobre seus quatro membros usando as garras para se ancorar no chão. Matt, percebendo isso, rolou para o lado, ganhando distância e investiu novamente, quando ouviu a guarda dizer:
— Sequestro, agressão a um membro da guarda e tentativa de homicídio de outro, só me resta uma coisa a fazer!
A mulher tirou um aparato semelhante ao que lady Marry dera a Matt e o disparou antes que o garoto pudesse reagir, a forte luz celeste iluminando o céu como um segundo sol bizarro. Matt só pôde correr para tentar se desvencilhar da guarda da cidade de Baêta que iniciou uma busca com força total na região.
Beco após beco, rua após rua, Matt corria apenas para ouvir passos de botas pesadas o cercando, foi quando avistou uma casa em ruínas e entrou, se escondendo numa pilha de destroços.
* Droga, por que eu me meti em tentar matá-la? Eu deveria ter dado o fora assim que possível! Agora tenho que me esconder aqui, até conseguir voltar para a mansão! *
Foi o que Matt pensou, mas passados algumas dezenas de minutos, ele ouviu uma multidão de botas e o falatório entre os guardas:
— Sinto cheiro dele por aqui! Sigam-me!
— Sim!
— Estamos atrás do senhor!
Matt ouviu várias vozes concordando com o homem-fera, enquanto fazia o melhor para se esconder.
* Cheiro? Ah é! homens fera, né, cada um com sua benção de raça especial *
Matt pensava enquanto se sentia estúpido, agora sabia que era questão de tempo para acharem-no, então Matt esgueirou-se para fora de seu esconderijo para olhar em volta.
Ele pôde avistar mais de vinte guardas da cidade cercando sua posição. Ele, dentro de uma casa, nada poderia fazer, então, pensando rápido, Matt se colocou no meio da rua em frente à entrada da casa, surpreendendo todos os guardas e com as duas mãos para cima, contou:
— Três!
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Atualizado até capítulo 57
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