Matt sentia dor nas costas, enquanto se curvava sobre si mesmo, deitado no duro e frio chão de concreto da praça onde costumava a ficar, agarrado a sua mochila que vez ou outra tomava um puxão dos outros garotos que sempre que viam Matt exausto adormecido em um dos bancos, aproveitavam para roubá-lo.
Naquela noite, uma das noites em que Matt ficara trancado para fora de sua casa, ele conseguiu acordar a tempo de se ver cercado de cinco garotos um pouco mais velhos que Matt e uma mão maliciosa escorregando uma nota de vinte para fora de um dos bolsos de sua mochila.
Matt com um movimento rápido tomou o dinheiro da mão do garoto, amassando a nota em sua palma, enquanto fechava a mão e com um soco certeiro quebrou o nariz do garoto.
O garoto caiu ao lado de Matt que imediatamente sentiu uma súbita dor nas costelas, proveniente de um chute em seu flanco, o chute o derrubou do banco, após isso tudo oque pôde fazer foi se agarrar a sua mochila e aguentar o abuso até eles desistirem.
Matt sentiu a garganta seca e abriu os olhos procurando ao lado de sua cama muito macia, o jarro d'água e percebendo estar vazio, então ele abriu a porta de seus aposentos e chamou um ghoul, a criatura de olhos pretos, pele cinza descamada e costas curvadas, saiu mais rápido que se podia acreditar ser possível para conseguir mais um pouco de água a Matt, que fechou a porta atrás de si, contemplando novamente os aposentos reservados a ele pelas senhoras vampiras que agora ele também servia.
Tratava-se de um quarto grande e aconchegante, com uma lareira de pedra branca ao lado da porta de entrada, que contrastava com uma grande cama aconchegante toda em mogno escuro na parede oposta, o colchão e os travesseiros de penas se destacavam por estarem impecavelmente limpos e alvejados, na mesa de cabeceira encontrava-se um jarro de vinho, não mais aquele vinho ardente forte como cachaça, mas um vinho doce e temperado com anis-estrelado e canela, na lateral oposta do quarto havia ainda uma escrivaninha com aparatos de leitura e escrita.
* Eu nem imagino o quão maravilhoso deve ser poder dormir e um lugar assim todas as noites! Finalmente posso ter um lugar para chamar de lar, tudo oque tenho que fazer, é servir... *
Pensou Matt se lembrando da carta sobre a escrivaninha, que dizia:
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"Prezado Matt, Lady Julie me contou que você aceitou fazer parte de nossa organização, te parabenizo por isso e espero sua cooperação!
Ela também solicitou-me um aposento para você, esse não é o maior da propriedade, porém é o que tem a decoração mais recente dos que estão vazios, não conheço os gostos do outro mundo, mas não acredito que um quarto possa ser muito diferente disso, quaisquer dúvidas, mudanças ou solicitações, você deve procurar a mim ou a lady Julie para aprovação, disponibilizei um ghoul e dois zumbis para cuidar das suas necessidades e chamar-nos caso precise, desejo-lhe um bom dia de sono e aguardo ansiosamente pelo espetáculo de amanhã a meia-noite!
O.B.S.: VOCÊ NÃO DEVERÁ EM HIPÓTESE ALGUMA SE REPORTAR DIRETAMENTE A BARONETESA!
^^^Lady Marry Sigrid"^^^
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Três toques secos e respeitosos o tiraram de seus devaneios, Matt abriu a porta para pegar das mãos ossudas do ghoul o jarro solicitado, ele sorveu o líquido em grandes goles para afastar o pesadelo e deitou-se novamente na cama olhando pela janela aberta o lindo sol no céu e pensando em quantas horas ainda teria antes de ter que sair para armar as Lutas de seus amigos, Obu e Josh, como ainda tinha algumas horas, voltou-se para a parede para dormir.
Algum tempo depois ele foi acordado por batidas robustas na porta de seu quarto, a madeira rangia como se reclamasse a cada batida.
— Boa noite humano! Então você aceitou se juntar a nós, certo? Eu pedi as ladys que caso você não aceitasse, eu pudesse te quebrar em dois! E agora digo a você! Caso você as prejudique eu te esmagarei! Dito isso, temos um trabalho a fazer, mas antes, lady Julie te convocou, vamos!
— Obrigado pela recepção calorosa e pela ameaça corriqueira caro Grogur! Agora vamos, não podemos deixar a lady Julie esperando!
Agradeceu Matt provocando Grogur como sempre usando seu intelecto superior.
Grogur respondeu com o rosnado que usava antes de bater ou empurrar Matt pelos corredores descontando a raiva de ter perdido na argumentação, mas dessa vez, o rosnado viera desacompanhado de quaisquer castigo físico, sinal que a lealdade de Grogur para com as ordens das vampiras era realmente impecável.
Agora o respeitado Matt caminhava até as portas e batia nestas respeitosamente esperando ser liberado para entrar, a liberação veio na voz mais sedosa e cativante possível, a voz que faria qualquer homem se apaixonar, como o canto mais perfeito da mais bela sereia.
— Matt? Entre!
Quando entrou sentiu um aroma forte e maravilhoso, nem podia acreditar, Matt se adiantou respeitosamente com um rosto de pura felicidade.
— Por acaso isso seria?
Matt perguntou ansiosamente
— Não sei se vai ficar parecido, mas olhando suas memórias eu tive esse vislumbre do grão doce que aqui chamamos de Vissa, tenho que dizer o seu mundo é fascinante, aqui, alimentamos criações e os mais pobres com esse grão por ser fácil e barato de produzir, se a bebida der certo, podemos aumentar a produção e é claro aumentar nossa renda, quem diria que vocês fariam uma bebida amarga de um grão doce!
Enquanto falava Lady Julie esboçava um riso tão inocente que desconcertaria, a qualquer um, continuando as experiências do pseudo-café.
— Lady, se me permite!
Questionou Matt
— Claro, afinal veio de seu mundo!
Respondeu Lady Julie entregando os aparatos e as amostras de torra de grãos a Matt que olhando-os viu algumas coisas erradas.
— Minha senhora, aqui os grãos estão bem torrados, já nessa outra porção, torraram demais, vai estragar o gosto do café, essa granulação do moedor também é muito grossa o ideal é um produto pouco mais grosso que farinha de trigo ou talco, a senhora entende essas comparações? Tem trigo e talco nesse mundo?
— Acho que não...
Ouvindo as respostas de lady Julie e comparando com suas experiências fracassadas de fazer café ele pensou
* Ela não conseguiu ver todas as minhas memórias, oque será que ela viu e oque será que ela não viu? *
— Ok! Vamos parar com isso, outro dia podemos ir ao laboratório para continuar, vou precisar de você para acabar esse projeto e viabilizar ele!
Disse Lady Julie a Matt antes de continuar
— Sobre minha intervenção a Obu e Josh! Sim, a Baronetesa me disse que vai sim, deixar eles sobreviverem, mas temos que ter uma luta deles de qualquer forma, ela os testará e verá suas capacidades no próximo embate, vá e conte a eles as boas novas!
Mas aviso desde já! Eles devem lutar para impressionar! Não os deixe esquecer que a vida deles depende disso!
Disse a vampira.
— Sim, minha senhora!
Disse Matt se despedindo e saindo da sala para contar a seus amigos que eles se salvariam de seus destinos.
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Atualizado até capítulo 57
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