Capítulo 11: “A natureza do escorpião”

Josh via seu amigo narrar um homicídio enquanto o outro amigo executava um colega cativo que vivera todos esses dias junto a eles.

* Eu sei que Augusto chegou a acertar um soco e talvez mais em Matt quando soubemos do torneio envolvendo nossas vidas, mas naquela situação, se não fosse Obu, até eu teria matado Matt, estávamos com medo e só pensamos em como ele brincou com nossas vidas, não imaginamos que poderíamos realmente sair vivos, como Matt pôde ver isso de maneira tão natural? Como Obu pode fazer isso sem vacilar?* 

Pensou Josh enquanto via os últimos suspiros de Augusto e encarava a poça de sangue que se formava embaixo de seu colega cativo agora morto.

* Primeiro nos fazem decidir por combate quem vive e quem morre, agora nos fazem matar nossos conterrâneos! Se ao menos eu pudesse, se eu tivesse forças despedaçaria essas três assassinas! *

Pensava Josh enquanto ouvia Matt chamar seu nome, então saindo de seu torpor de ódio e medo tomou seu lugar na arena, seus dois escudos broquéis em punhos contra seu adversário Petri que exibia apenas um tacape, Petri era um garoto de seus 20 e poucos anos, forte, mas baixo, parecia ser originário do povo libanês.

— Comecem!

O grito de Matt fez Josh sair de seus pensamentos e assumir instintivamente a sua guarda de boxe padrão, suas costelas melhoraram completamente graças a Matt, mas o medo de ser atingido novamente persistia por isso ele adotou uma guarda mais fechada que antes, o que parecia, vendo de fora, que ele se enrolava como um tatu.

Petri fechou a distância rápido e desferiu um golpe de tacape de cima para baixo a fim de acertar o topo da cabeça de Josh, que com rapidez se esquivou e respondeu com um cruzado de direita nas costelas de Petri.

* Ele é duro como Pedra! *

Pensou Josh quando acertou o forte soco para ver pouquíssima reação por parte de Petri, que enviou um cotovelo rapidamente contra a guarda fechada de Josh, o golpe era como uma carreta atropelando o braço de Josh, no mesmo instante sentiu o braço adormecer e perder parte da força, Josh esquivou para trás ganhando distância, e tentando manter o controle da luta, conectou jabs aqui e ali em Petri que com seu corpo atarracado se movia ligeiramente esquivando e quando não, aparando os golpes de Josh.

* Droga isso não pode ser verdade, ele luta krav-maga! Eu estou em desvantagem extrema aqui, preciso acabar com isso logo, ou vou morrer! *

Após o raciocínio Josh iniciou uma torrente de sequências de socos mirando vários pontos diferentes de Petri, que tentava seu melhor para se desfazer do grande alcance de Josh, apesar de conectar com êxito a maioria dos golpes, Petri não mostrava sinais de grandes danos e sempre que via uma brecha atacava pesadamente com seu tacape ou com suas mãos nuas, mudando o tacape de mão sempre para confundir Josh.

* Para piorar ele é ambidestro! Nunca sei oque ele vai fazer, que droga! *

Josh pensava enquanto ouvia a animada narração de Matt aos fatos.

Josh então fez oque para ele era impensável! Ele fechou distância e com uma ombrada inesperada no externo de Petri desequilibrou-o por um momento, então acertou uma cotovelada forte no estômago de Petri e um rápido soco no nariz que conectou em cheio.

O som de “creck” do nariz de Petri quebrando foi ouvido por Josh que finalizando com um empurrão mandou o desequilibrado e desorientado Petri deitado no chão de areia amarela da arena, Josh então se ajoelhou no abdômen de Petri e com um último soco forte finalmente enviou Petri a um sono que não acordaria mais.

Josh então ouviu um som aterrorizante de aço nu caindo sobre areia, a espada havia sido jogada mais uma vez.

— Você já sabe oque fazer!

Disse a voz sedosa da baronetesa.

* Como um ser tão belo pode ser tão desprezível! *

Ele se virou, pegou a espada e se lembrou de sua casa, seu pai era um homem trabalhador e honesto, sua mãe, amorosa e bondosa, tinha 3 irmãs, uma mais velha e duas mais novas.

— Eu sou a mais velha, mas mesmo assim você sempre está cuidando de mim!

Disse Anne, a irmã mais velha dele enquanto pegava das mãos de Josh a marmita que ela havia esquecido de levar ao trabalho, e ele se atrasando para o treino, levou o almoço para ela. Ela era muito inteligente, mas desajeitada, Josh lembrava que ela sempre contava histórias para ele sobre ciências e o mundo.

— Eu sou sua maior fã!

Disse Janne, uma das irmãs mais novas dele enquanto comemorava uma de suas vitórias em um dos campeonatos de boxe que participara, ela era uma garota carinhosa e delicada que amava os carinhos de Josh

— Irmão! Eu vou ser igual você, e vou acabar com todos no ringue!

Disse Emily, a outra irmã mais nova de Josh enquanto batia num saco com o triplo do tamanho dela, ela era uma criança cheia de energia e espírito, ela adorava brincar com Josh.

— Você é meu orgulho disse a Mãe de Josh para ele!

Sophie era uma mãe gentil e dedicada que sempre se doava o máximo pela família.

Enquanto flashes de memórias passavam no cérebro de Josh, como uma casa em curto-circuito, cujas luzes acendem e apagam-se aleatoriamente, Josh se preparava com a espada em mãos para fincá-la ao peito de Petri quando subitamente uma lembrança tomou conta de sua mente.

— Você será um homem melhor que eu sou!

Dizia David, o pai de Josh, vividamente nessa lembrança de quando Josh dera parte de sua mesada a um morador de rua em necessidade.

E enquanto lembranças de sua vida de outro mundo passava em seus pensamentos, lágrimas escorriam do rosto de Josh, a lâmina encontrava o coração de Petri, que como estava, ficou, tudo oque pode-se ouvir foi o ar que finalmente saiu de seus pulmões enquanto a vida se esvaía de seu ser

Josh se virou para a tribuna de honra, e se ajoelhou com o rosto abaixado.

* Foi por isso que Matt se ajoelhou, e não por servidão! *

Josh entendeu enquanto repetia o ato.

— Levante-se!

Ordenou a baronetesa!

Josh, respirou fundo e limpando as lágrimas com seu antebraço, se levantou e olhou para a tribuna com o rosto mais digno que poderia fazer naquela situação, apesar das lágrimas que insistiam em rolar desenfreadas pela sua face. De repente, não viu mais a baronetesa!

Uma dor horrenda se apoderou do corpo de Josh, ele tentou gritar, mas o ar não enchia seus pulmões, olhou para o lado Matt o encarava chocado, olhou para o outro Obu caia sobre um joelho, lágrimas correndo pela face, na tribuna, as ladys olhavam espantadas para ele.

Quando olhou para baixo Josh viu um antebraço inteiro saindo do meio de seu peito, a mão esticada em forma de lança, as unhas transformadas em garras longas e afiadas, suas pernas cederam, mas ele não caiu, o braço o mantinha erguido como as amarras mantinhas o fantoche.

— Faça o que fizer, eu sempre te amarei e tereu orgulho de você meu filho!

Lembrou das palavras que sua mãe disse para ele quando ele perdeu uma luta e se preocupou sobre não orgulhar sua família.

* Desculpe mãe! Desculpe pai! Eu não vou poder mais ajudar vocês a cuidar das meninas! Espero que todos vocês fiquem bem sem mim! *

Esse foi o último pensamento que passou pela mente de Josh antes de ele não mais sentir, nem pensar mais e por fim morrer.

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