Laura
O parque está quase vazio. As folhas caídas nas calçadas são levadas suavemente pelo vento, criando um ritmo silencioso, quase meditativo. Sinto o peso do mundo em meus ombros. Cada decisão parece me puxar para direções opostas, e é como se eu estivesse sendo rasgada ao meio.
Pego o celular no bolso, o nome de Leonardo brilhando na tela. Ele não me ligou, não mandou mensagens, mas sei que está lá, esperando. E, no fundo, isso só torna tudo mais difícil. Ele é tão diferente de Alex. Onde Alex era tempestade, Leonardo é calmaria. Onde Alex me fazia questionar a cada passo, Leonardo me oferece certeza. Mas, ironicamente, é essa certeza que me assusta. O que acontece quando alguém oferece tudo o que você sempre quis, mas seu coração ainda está preso ao que machucou?
Olho para o céu, sentindo uma urgência crescente. Preciso decidir. Preciso me libertar dessa indecisão que me aprisiona. Se não, vou perder os dois. E talvez, no fundo, eu já saiba o que quero. Talvez sempre soube, mas nunca tive coragem de encarar.
Eu preciso ir até Alex.
Levanto do banco, determinada. A confusão que me atormentava ainda está lá, mas agora há uma centelha de clareza. Eu preciso de respostas. Preciso saber se ele ainda está lá, lutando por mim. E, acima de tudo, preciso saber se ainda há algo para salvar entre nós.
***
Alex
As horas se arrastam. Cada momento sem Laura é uma eternidade. Tento me concentrar, reunir forças, mas o peso da incerteza me destrói. Será que ela vai voltar? Ou será que já me deu por perdido? A verdade é que não posso culpá-la. Por muito tempo, fui um fantasma em nosso relacionamento. Mesmo antes do acidente, eu estava ausente. Ocupado demais, distante demais, incapaz de ver o que ela realmente precisava de mim.
Se ela decidir seguir em frente com Leonardo, será porque eu falhei com ela. Não porque ela deixou de me amar, mas porque eu a empurrei para longe. E isso me mata por dentro.
Ouço passos no corredor e, por um breve momento, meu coração acelera. Será que é ela?
A porta se abre lentamente, e lá está Laura. Seu olhar é indecifrável, mas só o fato de ela estar aqui me dá esperança. Tento me mover, mas meu corpo ainda está fraco demais. Tudo o que consigo fazer é encará-la, esperando que ela veja o que não consigo expressar.
— Alex... — Sua voz é suave, quase um sussurro. — Eu preciso saber... você ainda está aqui? Ainda está lutando?
Por dentro, quero gritar que sim. Quero dizer a ela que estou lutando com cada fibra do meu ser. Mas tudo o que posso fazer é encarar seus olhos e torcer para que ela entenda.
Laura se aproxima, segurando minha mão com delicadeza, mas firmeza. Sinto a pressão, o calor de seu toque. E pela primeira vez em muito tempo, sinto que há uma chance.
— Eu estou cansada, Alex... — Ela pausa, como se estivesse tentando encontrar as palavras certas. — Eu te amei por tanto tempo, mas também sofri por muito tempo. Preciso saber se ainda há algo entre nós. Se vale a pena continuar lutando por isso.
Sua voz carrega a dor e a frustração de anos. E, de repente, tudo parece tão claro para mim. Fui cego, egoísta, negligenciei a única pessoa que realmente importava. E agora, aqui estamos, à beira do abismo. Só que desta vez, sou eu quem está caindo.
Reúno toda a força que me resta. Tento apertar sua mão, o gesto mais simples que posso fazer. E para minha surpresa, ela percebe. Seus olhos se enchem de lágrimas, mas há algo mais ali, algo que me dá esperança.
Ela ainda está aqui. E enquanto ela estiver aqui, eu lutarei.
***
Laura
Quando Alex aperta minha mão, sinto um aperto no coração. Não é forte, mas é real. Ele ainda está aqui. Ainda há algo de Alex que reconheço, algo que me faz lembrar do homem por quem me apaixonei.
Por meses, me convenci de que Alex estava perdido para mim, que a pessoa que ele se tornou era alguém que eu não poderia mais alcançar. Mas, naquele momento, segurando sua mão, percebo que talvez eu estivesse errada.
— Alex... — Minha voz vacila. — Eu quero acreditar que você ainda pode voltar. Mas eu preciso que você me mostre. Não posso mais carregar isso sozinha.
Ele não responde com palavras, mas seu olhar me diz o que preciso saber. Ele está lutando. E talvez, só talvez, ainda haja tempo para nós.
***
Leonardo
Enquanto espero, penso em tudo o que aconteceu nos últimos meses. Laura e eu construímos algo juntos, algo real. Pelo menos, é o que sempre acreditei. Mas agora, com Alex de volta à vida dela, tudo está em jogo.
Não posso culpá-la por querer tentar de novo com ele. Ela nunca deixou de amá-lo, mesmo que ele a tenha machucado tantas vezes. E eu... sou apenas o homem que esteve lá para pegar os pedaços.
Mas o que mais posso fazer? Se Laura escolher Alex, não posso lutar contra isso. O amor dela por ele é antigo, profundo, algo que eu talvez nunca consiga entender completamente.
Ainda assim, não consigo me livrar da sensação de que estou prestes a perdê-la.
***
Alex
Sinto o peso do olhar de Laura, suas palavras ecoando em minha mente. Não posso falhar com ela desta vez. Se eu falhar, perderei a única coisa que realmente importa.
Eu preciso me levantar. Preciso me curar. Preciso voltar por ela.
Laura se levanta, ainda segurando minha mão, e se inclina para me dar um beijo na testa. É suave, mas carregado de significado. Quando ela sai, sei que ainda há um longo caminho pela frente, mas pela primeira vez em muito tempo, sinto que tenho uma chance.
Uma chance de reconquistá-la.
E desta vez, não vou desperdiçar.
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Atualizado até capítulo 25
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