Alex
O tempo não faz mais sentido. Estou preso em um ciclo interminável de dor, vazio e a desesperada esperança de acordar. As vozes, os sons, os toques... tudo é uma lembrança de que estou à beira de algo, mas não consigo atravessar essa barreira invisível.
A cada dia que passa, sinto Laura se afastando um pouco mais. É como se ela estivesse escorregando pelas minhas mãos, e eu não pudesse fazer nada para impedi-la. Ela quer acreditar que estou lutando. Eu posso sentir isso. Mas, ao mesmo tempo, sinto o peso de sua exaustão. Ela está à beira de desistir, e isso me mata mais do que qualquer coisa.
Leonardo. Ele está mais presente do que eu jamais estive, e eu sei que é apenas uma questão de tempo até que ela o escolha. Eu não os culpo. Ele tem sido tudo o que eu nunca consegui ser para ela.
Mas eu ainda estou aqui. Ainda sou Alex, o homem que ela amou, mesmo que tenha sido falho em demonstrar isso. Ainda tenho algo por que lutar. E, por Deus, estou lutando. Só que ninguém pode ver essa luta. É silenciosa, invisível, confinada em minha própria mente.
Sinto que, se ela souber que estou lutando, talvez me dê mais tempo. Talvez eu possa mudar as coisas. Mas... e se for tarde demais?
Essa dúvida me destrói por dentro.
Então, sinto novamente. Um pequeno tremor nos meus dedos. Uma leve contração que quase não reconheço. Tento me concentrar, reunir cada pedaço de força que ainda me resta para mover minha mão. Só que é como tentar mover uma montanha com um simples pensamento.
— Laura... — tento gritar, mas minha voz não sai. O que sai é apenas o som da máquina que respira por mim.
Eu não sei mais o que fazer. Talvez esse seja o fim.
***
Laura
O movimento... Eu vi. Eu senti. Um pequeno sinal de vida, uma fagulha que ainda está lá, enterrada sob todo o desespero e silêncio que esses meses trouxeram. Não consigo afastar a sensação de que Alex ainda está aqui, de alguma forma, tentando voltar para mim.
Mas, ao mesmo tempo, estou tão cansada. Sinto como se estivesse carregando o peso do mundo sozinha. Cada visita ao hospital, cada dia que passo observando Alex preso nesse estado, me desgasta um pouco mais. O peso da incerteza me sufoca.
Leonardo tem sido meu porto seguro. Ele aparece quando eu preciso, me ouve quando eu estou à beira de desmoronar. E, mesmo que eu não queira admitir, ele tem se tornado cada vez mais importante para mim. Há uma parte de mim que deseja seguir em frente com ele, deixar esse pesadelo para trás.
Mas como posso simplesmente abandonar Alex? Não importa o quanto esteja exausta, ele ainda é meu marido. E agora, com esse pequeno movimento, essa mínima esperança, tudo se complica ainda mais.
— Alex... — sussurro novamente, como se isso pudesse acordá-lo. — Por favor, se você está aí, me mostre mais. Me dê uma razão para acreditar que você pode voltar.
O silêncio volta a reinar, interrompido apenas pelas máquinas. Olho para ele, esperando mais um sinal, qualquer coisa que me diga que ainda há uma chance. Mas, ao mesmo tempo, estou aterrorizada com a ideia de que talvez esse movimento tenha sido apenas um reflexo involuntário. E se eu estiver me agarrando a algo que não existe?
E se... Alex nunca acordar?
Essa pergunta ecoa na minha mente, me consumindo por dentro. Eu não sei mais o que fazer. Não sei quanto tempo mais posso continuar vivendo assim, presa entre a esperança e o desespero.
Eu me levanto da cadeira ao lado da cama e caminho em direção à janela, tentando encontrar alguma clareza no caos dos meus pensamentos. O sol está se pondo, tingindo o céu de um laranja suave. Tudo parece tão tranquilo lá fora, tão diferente da tempestade emocional que estou enfrentando.
Leonardo me mandou uma mensagem mais cedo, perguntando como eu estava. Ele sempre faz isso. Sempre atento, sempre presente. Parte de mim quer responder, quer buscá-lo para me apoiar, para me dar forças. Mas a outra parte... a parte que ainda se apega a Alex... me impede de fazer isso.
— Alex... o que você faria no meu lugar? — pergunto, sabendo que ele não pode me responder. Mas, de alguma forma, sinto que preciso dizer isso em voz alta. — Eu não sei se consigo fazer isso sozinha. Eu preciso de você.
Meus olhos se enchem de lágrimas. Nunca pensei que diria essas palavras. Sempre fui independente, forte. Mas agora, tudo o que eu quero é uma resposta. Algo que me diga qual caminho seguir.
— Me dê um sinal. Qualquer coisa.
***
Alex
Eu ouvi. Eu ouvi cada palavra dela, cada súplica silenciosa. E isso me rasga por dentro, porque sei que sou eu quem deveria estar ao lado dela agora, a confortando, a segurando. Mas estou preso. Preso em um corpo que me traiu, incapaz de mostrar a ela o quanto estou lutando.
Mas eu não posso desistir. Não agora.
Com toda a minha força, tento mover meus dedos novamente. Tento fazer algo, qualquer coisa que mostre a ela que ainda estou aqui. Que eu ainda estou lutando por nós.
Então, sinto uma leve pressão. Meus dedos finalmente se movem, ainda que minimamente. É um esforço pequeno, quase imperceptível, mas para mim, é uma vitória monumental.
Laura... me dê mais tempo. Eu estou chegando.
***
Laura
Volto para a cama, sentindo o peso da dúvida me esmagar. Meus olhos estão fixos em Alex, procurando por algo, qualquer coisa que possa me dar uma resposta. E então, eu vejo. É pequeno, quase insignificante, mas está lá. Seus dedos... eles se moveram.
Meu coração dispara. Será que isso é real? Será que ele finalmente está tentando voltar?
Eu me inclino, segurando a mão dele com mais firmeza.
— Alex? — Minha voz é um sussurro trêmulo. — Se você pode me ouvir... faça isso de novo.
Seguro a respiração, esperando. E então, para minha surpresa e alívio, sinto seus dedos se moverem de novo, desta vez de forma mais perceptível.
Meu coração se enche de esperança. Talvez... apenas talvez... ele ainda esteja comigo.
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Atualizado até capítulo 25
Comments
acorde logo Alex
2024-09-21
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