Tempo de Cura, Tempo de Amor.
Lyn Lancaster
Lyn _ Porquê? Porquê os homens têm que ser tão violentos? Porquê as mulheres têm que sofrer tanto? Por favor, Senhor. Afaste os homens de mim!
Deito no sofá do apartamento minúsculo que divido com a minha amiga kate e choro de raiva, desespero e frustração.
A minha vida sempre foi um cai e levanta que eu já deveria estar acostumada. Sempre que eu acho que estou conseguindo trilhar o meu caminho, algo assim me joga no chão. Mas eu não posso desistir. O meu irmão depende de mim. Eu preciso tirá-lo de lá. Preciso conseguir tratamento adequado para ele. Me sinto responsável por tudo de ruim que aconteceu na nossa vida. Eu deveria ter feito algo para evitar a tragédia que se abateu sobre nós.
Tenho consciência que era só uma criança, que o errado foi ele. Mas não posso deixar de sentir que eu deveria ter feito algo.
O meu pai sempre foi violento. Sempre pisávamos em ovos perto dele. Se alguma coisa não estava do jeito que ele queria, o mundo desabava na nossa cabeça. As surras eram constantes. A minha mãe apanhava muito mais, pois ela sempre se colocava na nossa frente. Ela sempre foi uma mãe maravilhosa, carinhosa e gentil. Ele, por outro lado, era rude, nunca fazia um carinho em nenhum dos filhos e nem nela. Não tenho nenhuma boa lembrança dele.
Eu estava com treze anos quando o meu corpo começou a mudar e ele passou a me olhar diferente.
Apesar de parecer mais carinhoso comigo, aquilo não me fazia bem. Eu tinha medo dele. E esse medo era constante.
Um dia eu e o Jamie estávamos brincando no quintal e ele chegou mais cedo do trabalho, a minha mãe não estava, tinha ido ao supermercado. Eu estava de shorts e o modo como ele olhou as minhas pernas me deixou constrangida. Eu não sabia o que era, mas aquele olhar não me parecia certo.
Pai_ Onde está a sua mãe?
Lyn_ Ela foi ao supermercado, já deve estar voltando.
Pai_ Então entre terá que ser você.
Lyn _ Ela já volta!
Pai_ Entre logo! Não me faça repetir.
Lyn _ Sim senhor!
O Jamie tinha três anos e eu o peguei no colo e entrei em casa.
Olhei na sala e na cozinha e ele não estava, fui até a porta do quarto.
Lyn _ O senhor precisa de alguma coisa pai?
Pai_ Porque está com esse menino?
Lyn _ Estou cuidando dele.
Pai _ Era para ter entrado sozinha.
Lyn_ Eu não poderia deixar ele lá fora sozinho.
Pai_ Você tem que fazer o que eu mandar, afinal quem põe comida na mesa para vocês comerem?
Jamie _ A mamãe!
Pai_ Está me respondendo moleque?
Lyn _ Ele é pequeno e vê a mamãe colocando a comida na mesa. Não entendeu o que o senhor falou.
Ele levantou da cama e pegou o Jamie dos meus braços e o arrastou para o nosso quarto. Eu fui atrás desesperada que ele batesse no meu irmãozinho. Ele o jogou no quarto e fechou a porta.
Lyn _ Pai, por favor me deixe ficar lá com ele.
Pai _ Tá na hora de você começar a me servir, já está uma mocinha.
Ele me pegou pelo braço e foi arrastando para o seu quarto e nessa hora a porta abriu-se e a minha mãe gritou me chamando.
Serena _ Lyn? Me ajude aqui querida.
Eu sai correndo e fui ajudá-la com as compras.
Serena _ Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa?
Eu disse que não. E esse foi o meu primeiro erro. Não tinha acontecido nada, mas a sensação que eu tive é que se ela não tivesse chegado, aconteceria. Eu deveria ter falado, quem sabe se tivesse falado, as coisas não teriam acontecido do jeito que aconteceu.
Os dias foram passando e eu procurava cobrir o meu corpo e me manter o mais afastada possível dele.
Ele sempre achava um jeito de me tocar, eu achava aquilo repugnante, mas não sabia como fazer para pará-lo. Claro que muitas vezes pensei em contar a ela, mas eu temia por ela, se ela o confrontasse ele poderia machucá-la, segundo erro! Deveria ter contado.
Ela começou a fazer planos de deixá-lo. Ele não a deixava trabalhar. Então ela fazia bolos e vendia na vizinhança, fazia faxina para uns e passava roupas para outros. Dizia que estava juntando dinheiro para fugirmos.
Ela aceitou tomar conta de um bebê de oito meses para uma vizinha, era um valor fixo e ela nem precisava sair da casa. E poderia continuar com os bolos. O combinado com a vizinha era que ela pegasse o bebê antes dele chegar do serviço. E por um tempo deu certo.
Mas um dia ele chegou cedo e a minha mãe estava dando banho no bebê. Ele ficou possesso! Disse que a minha mãe o estava traindo com o bebê. Disse-lhe que se o bebê estivesse aqui de novo ele o mataria. Gritou tanto que todos ouviram. A minha mãe entregou o garoto.
Um dia cheguei da escola e a encontrei no chão, toda machucada. O seu rosto estava irreconhecível e tinha um braço quebrado. Chamei o socorro e eles a levaram. Quando a polícia veio buscá-lo, estávamos na casa da vizinha. Ele foi preso e nós acreditamos que estávamos livres. Mas antes mesmo que os hematomas desaparecessem, ele já estava de volta, ela não queria aceitá-lo em casa, mas ele ameaçou de tirar a nossa guarda dela. Ou ele voltava para casa ou iríamos com ele. Ela cedeu!
Quando eu estava com quase quinze anos o meu irmão ficou doente e a minha mãe foi levá-lo ao médico. Cheguei da escola e comecei a adiantar o jantar. Sabia o que ele faria se não achasse a janta pronta. Mas ele chegou.
Pai_ Onde está a sua mãe?
Lyn_ Foi levar o Jamie ao médico, já deve estar voltando.
Ele não disse nada, foi até o quarto e de lá me gritou eu fui até lá temerosa, e não me atrevi a entrar.
Pai_ Tire as minhas botas.
Lyn_ Estou fazendo o jantar. A comida vai queimar.
Pai_ Estou mandando você tirar. Ou quer que eu vá até aí e te arraste pelos cabelos?
Fui até ele rezando para a minha mãe chegar logo. Tirei as suas botas e ia saindo.
Pai_ Tire as meias também.
Lyn_ Pai, o jantar vai queimar.
Pai_ Faça o que estou mandando.
Eu tirei as suas meias e rapidamente tentei voltar a cozinha.
Pai _ Agora o cinto.
Lyn _ Não!
Eu disse não é consegui dar dois passos pra tentar chegar à porta, mas ele me pegou pelos braços e me jogou na cama. Rasgou a minha blusa e me olhou.
Pai_ Até que enfim você vai ser minha. Esperei por esse momento há muito tempo. Agora vai valer cada centavo que eu gastei com você!
Comecei a gritar e ele enfiou as meias que havia usado na minha boca, tirou o cinto e amarrou as minhas mãos na cabeceira, quando eu o arranhei, arrancou as minhas calças e calcinha e eu me debatia com as pernas. Rasgou a minha blusa e mordeu o meu seio, quando eu o chutei. Tirou a sua roupa e veio para cima de mim eu gritava e chorava desesperada. Ele veio para cima de mim e se enfiou em mim de uma vez. Uma dor violenta me rasgou, eu gritei em choque.
Ouvi uns barulho e ele caiu em cima de mim.
Bang bang bang bang bang.
Ele estava me esmagando e eu não conseguia respirar. Alguém estava gritando muito.
A minha mãe jogou o corpo dele de lado, me desamarrou e tirou as meias da minha boca.
Serena _ Você está ferida? Algum tiro pegou em você?
Eu estava em choque e não conseguia falar nada. Ela levou-me para o chuveiro para tirar o sangue dele do meu corpo. E viu que eu não estava ferida. Mas eu continuava ouvindo o grito.
Serena _ Fique um pouco aqui, que eu vou falar com o seu irmão.
De repente o grito parou e foi a última vez que ouvi a voz do meu irmão.
Fiquei no chuveiro tentando limpar a sujeira que aquele homem deixou em mim.
Depois disso nem sei bem o que aconteceu. Fiquei no chuveiro até uma vizinha entrar e me tirar de lá, me enrolando em um roupão.
Só me dei conta do que realmente aconteceu, quando vi a minha mãe ser algemada e levada na viatura.
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Atualizado até capítulo 114
Comments
Erislene Sousa
o meu pai é um bêbado alcolatra da queles que bebe e cair nas calçadas sempre Guando chegava em casa ele arrumava um geito de brigar com a minha mãe e de brigas passaram a ser agressões mais nunca tocou em mim minha mãe separou guando eu tinha 8 anos nos deixando com meu pai praticamente fugiu com a promessa de voltar depois de um mês meu pai sumiu depois vi ele poucas vezes até hoje já faz 7 anos que não o vejo hoje tenho 22 anos
2024-10-10
13
liane
eu fico lendo essas histórias e lembrando q isso tbm acontece na vida real, e q em algum lugar do mundo milhares de mulheres sofrem por violência sexual.
2024-11-01
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Adna Almeida
E desde quando um um marido abusivo tira filho da esposa?
2024-11-11
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