Lyn Lancaster
Lyn _ Porquê? Porquê os homens têm que ser tão violentos? Porquê as mulheres têm que sofrer tanto? Por favor, Senhor. Afaste os homens de mim!
Deito no sofá do apartamento minúsculo que divido com a minha amiga kate e choro de raiva, desespero e frustração.
A minha vida sempre foi um cai e levanta que eu já deveria estar acostumada. Sempre que eu acho que estou conseguindo trilhar o meu caminho, algo assim me joga no chão. Mas eu não posso desistir. O meu irmão depende de mim. Eu preciso tirá-lo de lá. Preciso conseguir tratamento adequado para ele. Me sinto responsável por tudo de ruim que aconteceu na nossa vida. Eu deveria ter feito algo para evitar a tragédia que se abateu sobre nós.
Tenho consciência que era só uma criança, que o errado foi ele. Mas não posso deixar de sentir que eu deveria ter feito algo.
O meu pai sempre foi violento. Sempre pisávamos em ovos perto dele. Se alguma coisa não estava do jeito que ele queria, o mundo desabava na nossa cabeça. As surras eram constantes. A minha mãe apanhava muito mais, pois ela sempre se colocava na nossa frente. Ela sempre foi uma mãe maravilhosa, carinhosa e gentil. Ele, por outro lado, era rude, nunca fazia um carinho em nenhum dos filhos e nem nela. Não tenho nenhuma boa lembrança dele.
Eu estava com treze anos quando o meu corpo começou a mudar e ele passou a me olhar diferente.
Apesar de parecer mais carinhoso comigo, aquilo não me fazia bem. Eu tinha medo dele. E esse medo era constante.
Um dia eu e o Jamie estávamos brincando no quintal e ele chegou mais cedo do trabalho, a minha mãe não estava, tinha ido ao supermercado. Eu estava de shorts e o modo como ele olhou as minhas pernas me deixou constrangida. Eu não sabia o que era, mas aquele olhar não me parecia certo.
Pai_ Onde está a sua mãe?
Lyn_ Ela foi ao supermercado, já deve estar voltando.
Pai_ Então entre terá que ser você.
Lyn _ Ela já volta!
Pai_ Entre logo! Não me faça repetir.
Lyn _ Sim senhor!
O Jamie tinha três anos e eu o peguei no colo e entrei em casa.
Olhei na sala e na cozinha e ele não estava, fui até a porta do quarto.
Lyn _ O senhor precisa de alguma coisa pai?
Pai_ Porque está com esse menino?
Lyn _ Estou cuidando dele.
Pai _ Era para ter entrado sozinha.
Lyn_ Eu não poderia deixar ele lá fora sozinho.
Pai_ Você tem que fazer o que eu mandar, afinal quem põe comida na mesa para vocês comerem?
Jamie _ A mamãe!
Pai_ Está me respondendo moleque?
Lyn _ Ele é pequeno e vê a mamãe colocando a comida na mesa. Não entendeu o que o senhor falou.
Ele levantou da cama e pegou o Jamie dos meus braços e o arrastou para o nosso quarto. Eu fui atrás desesperada que ele batesse no meu irmãozinho. Ele o jogou no quarto e fechou a porta.
Lyn _ Pai, por favor me deixe ficar lá com ele.
Pai _ Tá na hora de você começar a me servir, já está uma mocinha.
Ele me pegou pelo braço e foi arrastando para o seu quarto e nessa hora a porta abriu-se e a minha mãe gritou me chamando.
Serena _ Lyn? Me ajude aqui querida.
Eu sai correndo e fui ajudá-la com as compras.
Serena _ Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa?
Eu disse que não. E esse foi o meu primeiro erro. Não tinha acontecido nada, mas a sensação que eu tive é que se ela não tivesse chegado, aconteceria. Eu deveria ter falado, quem sabe se tivesse falado, as coisas não teriam acontecido do jeito que aconteceu.
Os dias foram passando e eu procurava cobrir o meu corpo e me manter o mais afastada possível dele.
Ele sempre achava um jeito de me tocar, eu achava aquilo repugnante, mas não sabia como fazer para pará-lo. Claro que muitas vezes pensei em contar a ela, mas eu temia por ela, se ela o confrontasse ele poderia machucá-la, segundo erro! Deveria ter contado.
Ela começou a fazer planos de deixá-lo. Ele não a deixava trabalhar. Então ela fazia bolos e vendia na vizinhança, fazia faxina para uns e passava roupas para outros. Dizia que estava juntando dinheiro para fugirmos.
Ela aceitou tomar conta de um bebê de oito meses para uma vizinha, era um valor fixo e ela nem precisava sair da casa. E poderia continuar com os bolos. O combinado com a vizinha era que ela pegasse o bebê antes dele chegar do serviço. E por um tempo deu certo.
Mas um dia ele chegou cedo e a minha mãe estava dando banho no bebê. Ele ficou possesso! Disse que a minha mãe o estava traindo com o bebê. Disse-lhe que se o bebê estivesse aqui de novo ele o mataria. Gritou tanto que todos ouviram. A minha mãe entregou o garoto.
Um dia cheguei da escola e a encontrei no chão, toda machucada. O seu rosto estava irreconhecível e tinha um braço quebrado. Chamei o socorro e eles a levaram. Quando a polícia veio buscá-lo, estávamos na casa da vizinha. Ele foi preso e nós acreditamos que estávamos livres. Mas antes mesmo que os hematomas desaparecessem, ele já estava de volta, ela não queria aceitá-lo em casa, mas ele ameaçou de tirar a nossa guarda dela. Ou ele voltava para casa ou iríamos com ele. Ela cedeu!
Quando eu estava com quase quinze anos o meu irmão ficou doente e a minha mãe foi levá-lo ao médico. Cheguei da escola e comecei a adiantar o jantar. Sabia o que ele faria se não achasse a janta pronta. Mas ele chegou.
Pai_ Onde está a sua mãe?
Lyn_ Foi levar o Jamie ao médico, já deve estar voltando.
Ele não disse nada, foi até o quarto e de lá me gritou eu fui até lá temerosa, e não me atrevi a entrar.
Pai_ Tire as minhas botas.
Lyn_ Estou fazendo o jantar. A comida vai queimar.
Pai_ Estou mandando você tirar. Ou quer que eu vá até aí e te arraste pelos cabelos?
Fui até ele rezando para a minha mãe chegar logo. Tirei as suas botas e ia saindo.
Pai_ Tire as meias também.
Lyn_ Pai, o jantar vai queimar.
Pai_ Faça o que estou mandando.
Eu tirei as suas meias e rapidamente tentei voltar a cozinha.
Pai _ Agora o cinto.
Lyn _ Não!
Eu disse não é consegui dar dois passos pra tentar chegar à porta, mas ele me pegou pelos braços e me jogou na cama. Rasgou a minha blusa e me olhou.
Pai_ Até que enfim você vai ser minha. Esperei por esse momento há muito tempo. Agora vai valer cada centavo que eu gastei com você!
Comecei a gritar e ele enfiou as meias que havia usado na minha boca, tirou o cinto e amarrou as minhas mãos na cabeceira, quando eu o arranhei, arrancou as minhas calças e calcinha e eu me debatia com as pernas. Rasgou a minha blusa e mordeu o meu seio, quando eu o chutei. Tirou a sua roupa e veio para cima de mim eu gritava e chorava desesperada. Ele veio para cima de mim e se enfiou em mim de uma vez. Uma dor violenta me rasgou, eu gritei em choque.
Ouvi uns barulho e ele caiu em cima de mim.
Bang bang bang bang bang.
Ele estava me esmagando e eu não conseguia respirar. Alguém estava gritando muito.
A minha mãe jogou o corpo dele de lado, me desamarrou e tirou as meias da minha boca.
Serena _ Você está ferida? Algum tiro pegou em você?
Eu estava em choque e não conseguia falar nada. Ela levou-me para o chuveiro para tirar o sangue dele do meu corpo. E viu que eu não estava ferida. Mas eu continuava ouvindo o grito.
Serena _ Fique um pouco aqui, que eu vou falar com o seu irmão.
De repente o grito parou e foi a última vez que ouvi a voz do meu irmão.
Fiquei no chuveiro tentando limpar a sujeira que aquele homem deixou em mim.
Depois disso nem sei bem o que aconteceu. Fiquei no chuveiro até uma vizinha entrar e me tirar de lá, me enrolando em um roupão.
Só me dei conta do que realmente aconteceu, quando vi a minha mãe ser algemada e levada na viatura.
Lyn
Kate entra, me tirando das minhas lembranças.
Kate_ Oi e aí? Como foi o evento hoje? Você está chorando? O que aconteceu?
Lyn _ Eu fui assediada de novo. Acredita? E dessa vez o cara quase conseguiu. Sou eu não sou? Eu sou o maldito problema. Acho que vou cortar os cabelos.
Kate_ Não! Você não é o problema. Você é muito linda e esses babacas acham que podem tudo. E o seu cabelo é maravilhoso, quem tem que mudar é essa mentalidade machista e não você. Me conte o que aconteceu.
Lyn _ Fui trabalhar em um evento da Senhora Virgil. Ela não poderia ir e me mandou cuidar de tudo. Tive que ir mais cedo e comandar a equipe, ela ficou de me pagar um extra. Ela disse que era um evento de empresa e os executivos iriam com as esposas. O meu trabalho na hora da festa era receber as pessoas e direcioná-las aos seus lugares. Estava tudo tranquilo até um dos executivos chegar e cismar comigo. Ele disse ser o CEO da empresa e queria tratamento diferenciado.
Kate_ Babaca!
Lyn _ Eu fiz o que sempre faço nesses casos. Coloquei um dos garçons encarregado dele. E me mantive distante. A noite transcorreu tranquila.
Quando a festa estava quase no final, o encarregado dele veio me dizer que o homem estava querendo me falar sobre uma falha no evento. E você sabe como a Sra.Virgil é exigente. Com ela só se falha uma vez.
Então fui até a sala onde estava, logo que entrei notei uma mesa com bebidas e drogas, me mantive profissional e perguntei o que ele queria. E ele teve a cara de pau de me perguntar quanto eu queria para passar a noite com ele.
Kate_ Desgraçado!
Lyn_ Eu lhe disse que não estava à venda e fui saindo da sala. Ele puxou-me pelos braços e eu dei uma joelhada nele, e fugi para o corredor, mas ele me alcançou e eu cai e ele estava me arrastando pelas pernas. Eu gritei desesperada. Apareceu um homem e deu um soco violento nele e eu corri de lá.
Kate _ E nem agradeceu o seu salvador? Ele era bonito?
Lyn _ Você sabe que não ligo para isso! Eu nem mesmo o vi! O meu desespero era tanto que eu só queria ficar o mais longe possível.
Kate _ Por isso está com vinte anos e nunca nem beijou na boca.
Lyn _ E isso importa?
Kate_ Você precisa esquecer o que te aconteceu e dar uma chance para alguém bom.
Lyn _ Já te disse Kate. Não quero saber de homens. Eles são todos violentos e repulsivos. A única coisa que importa é o Jamie. Preciso tirar ele do abrigo. Eles estão maltratando ele lá.
Kate _ A senhora Jones não iria permitir isso!
Lyn _ São os meninos maiores. Eles zombam da deficiência dele. Eu já os vi fazendo isso.
Kate _ Você falou com a senhora Jones?
Lyn _ Sim, mas ela não pode estar com ele o tempo todo!
kate_ Eu me lembro do que passei por lá, pois era a menor. Até que você entrou e me defendeu. Se não fosse você tudo seria pior.
Lyn _ Quando chegou a nossa vez de sair eu fiquei preocupada com o Jamie, pois não estaríamos lá para cuidar dele.
Kate _ O estado ainda não respondeu ao seu pedido de adoção?
Lyn _ Nada ainda, estão me enrolando.
Kate _ Acho que estão esperando você se formar.
Lyn _ Ainda faltam três semestres. Eu não posso deixá-lo lá todo esse tempo.
Kate _ Ainda bem que conseguimos entrar para a faculdade.
Lyn _ Graças à Fundação Melissa Campbell, se não fosse eles nos darem essa oportunidade, não teríamos como estudar.
Kate _ Eu sei que um dia, você estará formada, trabalhando em um grande escritório de advocacia e com o seu irmão e a sua mãe ao seu lado.
Lyn _ Espero que sim! Estou cansada de tanto ser humilhada por esses babacas. Só por serem homens e terem dinheiro se consideram superiores.
Kate _ Tem homens bons no mundo, você sabe!
Lyn _ O meu pai? O seu? Quantas daquelas crianças que estão no abrigo, estão lá porque o pai fez alguma merda? O cara que me assediou a semana passada enquanto a esposa foi ao banheiro? Ou o de hoje que se achou no direito de me usar? Talvez o seu último namorado que te roubou? Não Kate, não existe isso de homem bom.
Kate_ Quem sabe o cara que te salvou hoje? Você não deu uma chance!
Lyn _ E nem vou dar. Vamos dormir que amanhã quero passar no abrigo antes de ir para a aula.
Kate_ Eu também preciso dormir. Estou exausta.
Tomo um banho e coloco um agasalho antigo que foi da minha mãezinha. Peguei o meu celular para colocar pra carregar e ele toca e vejo que é a senhora Jones.
📱Sra.Jones Aconteceu alguma coisa com o meu irmão?
📱Sinto muito Lyn. O seu irmão fugiu.
📱Como assim fugiu? Isso não é do feitio dele.
📱Aquele menino chateou ele e dessa vez o Jamie revidou e deu um soco na cara do amiguinho. Eu chamei a atenção dos dois e os mandei cada um para o seu quarto. Agora fui até lá verificar se ele estava mais calmo e ele não estava mais lá.
📱Eu estou indo sra Jones.
Será que ele está vindo para cá? Quando sai do abrigo procurei o apartamento mais próximo e mais barato do abrigo que consegui. Queria estar perto dele.
Olho para a Kate e ela já dormiu. Resolvo deixar que ela descanse e vou sozinha. Procuro nas ruas até o abrigo, perguntando se alguém viu um menino de dez anos sozinho, mas ninguém viu nada. Chego e a sra. Jones está com a equipe procurando sem sucesso.
Lyn _ Melhor chamar a polícia. Pode ter acontecido algo grave com ele.
Ela chama e rapidamente uma viatura chega. O Policial pega a descrição dele e das roupas que ele estava usando e vai até o carro e volta com a resposta.
Policial_ Um menino com essas características foi atropelado aqui perto e levado ao Hospital Jackson Memorial.
Lyn_ Eu vou para lá.
Sra.Jones _ Por favor me mantenha informada.
No hospital sou informada que ele está na cirurgia, sento aguardando e logo um outro policial senta-se ao meu lado e disse que veio colher o meu depoimento sobre o ocorrido. Eu afirmo não saber de nada. E ele diz que vem depois que o meu irmão estiver acordado.
Assim que ele sai um outro homem se aproxima. Muito bem vestido e se apresenta como advogado.
Homem _ O Sr.Lewis está lhe oferecendo 10 mil para mudar o depoimento do seu irmão.
Lyn _ O quê?
Homem _ Estou preparado para lhe oferecer até 30 mil. Pense bem ! Será bom para vocês.
Lyn _ O Sr.Lewis atropelou o meu irmão e nem teve a decência de vir ver como ele está. E mandou o senhor me oferecer dinheiro? O Sr diga ao seu cliente que ele pegue esse dinheiro e enfie no, Não mudei de ideia. Se ele quiser que o meu irmão não fale nada , ele terá que vir até aqui e me oferecer o dinheiro pessoalmente.
Homem _ Mas senhorita
Lyn_ Eu já dei a minha resposta.
Eu saio e o deixo. Do jeito que estou me sentindo hoje sou capaz de dar na cara desse riquinho mimado! Porque será que todos os homens se acham no direito de me comprar? Estou à venda agora?
Lyn Lancaster 20 anos.
CÁRTER LEWIS
Porque as mulheres têm que ser tão desprezíveis? Fúteis, Vazias e Gananciosas?
Não espero encontrar uma mulher com honra e princípios, mas que tal um mínimo de dignidade? É pedir muito?
Será que não existe tal coisa no mundo? As mulheres que já passaram na minha vida desde a minha mãe, que pegou o dinheiro que queria do meu pai e se mandou deixando eu e o meu irmão para trás, as babás que passaram na nossa vida, nenhuma, e olha que foram muitas, todas queriam a mesma coisa, ocupar o lugar da dona da casa. Ter o sobrenome Lewis e esbanjar o dinheiro que o meu pai lutou para conseguir.
Quando comecei a notar o sexo oposto, percebi que se uma mulher fingisse desinteresse era só balançar o sobrenome Lewis e elas caiam aos meus pés. No começo era até interessante, mas depois comecei a pegar nojo desse comportamento. Ninguém nunca se interessou em me conhecer. Eu era só um sobrenome e uma conta bancária.
E parece que isso não mudou! Sou o CEO da empresa fundada por meu pai. E não pensem que tive tudo isso de mão beijada, trabalhei arduamente para chegar onde estou. Assim que saí da faculdade comecei a trabalhar e de baixo. Estagiei em cada departamento dessa empresa e o meu pai não deixou que nenhum funcionário me favorecesse por ser filho do dono. Ele morreu de infarte fulminante a quatro anos. Nessa época eu já era vice-presidente da empresa, e tive que assumir a sua cadeira.
Ele tinha uma secretária e eu tinha o meu assistente. Um homem, cansei das mulheres até no ambiente de trabalho se insinuando para a minha cama. Acabei aceitando a secretária do meu pai. Mas ela convive mais com o meu assistente do que comigo, e ele já conversou com ela, que eu não gosto de ser incomodado. Trabalhamos bem nesses quatro anos, então eu não sei o que deu nela para me assediar.
Fui claro que não gostei e avisei que era a sua última chance. Em consideração aos anos que ela trabalhou com o meu pai, dessa vez eu deixaria passar. Mas ela se aproveitou que o meu assistente tinha um assunto fora da empresa para resolver hoje e veio tentar de novo.
Me serviu uma xícara de café sem que eu pedisse, achei estranho, mas até aí tudo bem. Acreditei que foi uma forma de se desculpar. Quando levei a xícara à boca, eu sempre tive essa mania de sentir o aroma do café antes de bebê-lo, ao cheirar o café percebi que tinha algo errado. Ela ainda estava me olhando, então fingí tomar e ela saiu. Acessei as câmeras da copa e a vi fazendo o café, abrir um pequeno frasco, que estava escondido no seu sutiã, e derramá-lo no meu café.
Então você estava tentando me drogar? Qual o seu intuito?
Rapidamente liguei para um segurança e pedi que subisse. Ouvi ela dizendo para ele que era melhor ele não entrar. Fui até a porta autorizando sua entrada e a vi com medo, depois deu um sorrisinho de escárnio e voltou para a sua mesa. Eu já havia desocupado uma garrafa de água e colocado o café dentro.
Carter_ Pegue essa garrafa e leve a um laboratório pedindo um exame toxicológico. Urgente! Não importa o valor preciso do resultado rápido. E esconda, não quero que ninguém coloque os olhos nessa garrafa, você entendeu?
Segurança _ Sim senhor Lewis!
Ele sai e ela vem me trazer alguns contratos que eu precisava assinar. Olha na xícara para confirmar que eu tomei o café.
Denise _ O café estava bom Sr. Lewis?
Carter_ Uma delícia! Obrigado
Denise _ Se precisar de mim, estou logo ali.
Com o que será que ela batizou o café? Afrodisíaco? Se foi, porque o sorriso de escárnio quando o segurança entrou? Ela achou que eu transaria com o segurança no efeito da droga? E se for isso a satisfação dela não combina. Ah! Já sei. Ela colocou câmeras aqui. Iria me chantagear. Não importa se com ela ou com o segurança. Pilantra!
Busco as imagens da minha sala e tenho que retroceder até a semana passada, quando ela me assediou pela primeira vez.
Agora sei onde estão os dispositivos que ela colocou.
Meia hora depois já estou com o resultado na minha mão. Afrodisíaco!
O mesmo segurança que pegou o resultado vai comigo até a sala dela.
Carter_ Arrume as suas coisas, está demitida! O segurança vai acompanhá-la até para fora da minha empresa.
Denise _ Mas porque? Eu não fiz nada!
Carter_ Não fez nada? Aqui está o resultado do exame toxicológico que mandei fazer no café que você me serviu. Vi pelas câmeras quando você o colocou no meu café e achei as câmeras que você colocou na minha sala.
Denise _ Me perdoe! Eu estava desesperada, precisando de dinheiro.
Carter _ Era só me pedir que eu te faria um empréstimo, mas preferiu ir pelo caminho do crime. Eu poderia te processar por isso. Porém teria que ver a sua cara de novo e isso eu não quero. Saia da minha empresa. Agora!
O segurança a acompanha até a saída. Como pode o ser humano descer tão baixo?
Vou embora também que hoje tenho um coquetel de uma empresa multinacional que está querendo fazer negócios conosco. Acho horrível essa mania que as pessoas têm de querer fazer negócios em coquetéis. Como vão falar de negócios em um ambiente onde todos estão bebendo?
Já fico com o pé atrás, mas vamos lá conhecer esse pessoal. Fui informado que os executivos irão com suas esposas. Poderia chamar a Magda, a mulher com quem estou saindo, mas é só sexo casual e não quero que ela pense que eu quero mais, por levá-la a um evento de negócios. Então melhor ir sozinho.
Assim que cheguei vi a recepcionista do evento. Ela levou um casal até a mesa e voltou. Mesmo o seu sorriso educado, é maravilhoso. Como é linda! Eu adoro cabelos longos e o dela é até a cintura. Eu digo o meu nome e ela me leva até o CEO da empresa e o seu sorriso morreu quando ela percebeu que o homem a estava comendo com os olhos. Nitidamente ela se incomodou com o assédio dele. Ele pede uma bebida para ela que acena para um homem que traz a bebida rapidamente e ela sai, voltando para a porta do salão.
Ela nem mesmo me deu uma segunda olhada. Será que não ouviu o meu sobrenome?
Tentei ter uma conversa sobre negócios com o CEO da empresa, mas foi impossível. Ele só tinha olhos para a mulher e para a bebida em seu copo. Pura perda de tempo vir até aqui, mas eu não consegui ir embora. Eu tenho certeza que o cara vai aprontar alguma para cima da moça da recepção. E pela forma que ela está fugindo dele, ela não está afim ou está atuando para aumentar as suas chances.
Converso com alguns conhecidos sempre de olho nela. Ela realmente parece uma profissional séria. O meu telefone toca e eu atendo.
📱Porque não me disse que ela voltou? Eu tinha o direito de saber.
📱Ela quem? Do que está falando irmão?
📱Da mamãe! De quem mais?
📱Eu não sabia que ela havia voltado. E de qualquer forma a mamãe morreu no dia que nos abandonou!
📱Você não pode decidir por mim! Eu já sou adulto!
📱Agora você fala que é adulto, mas estou tentando fazer você terminar a faculdade a três anos. E fiquei sabendo hoje que você não pisa na faculdade há um mês! Quando você vai crescer?
📱Eu já cresci! Por isso tenho o direito de ver minha própria mãe.
📱Sua mãe? E onde ela estava quando você ficou doente? Quem estava na sua cabeceira? Eu lhe digo, porque você parece que esqueceu. Eu e o papai. Sempre foi só nós três porque essa mulher nos abandonou!
📱Eu sofri muito sem ela! Será que você não entende?
📱E você acha que eu não? Eu tinha doze anos e você seis, e ela nos abandonou sem olhar para trás. Ela não merece nem que eu olhe na cara dela.
📱Você não pode decidir por mim! Eu quero falar com ela, entender os seus motivos.
📱Irmão não se iluda! Não há explicação que tire a dor que a ausência dela causou todos esses anos.
📱Pois eu quero ouvir da boca dela!
Antes que eu possa falar para ele não procurá-la para que ela não o engane com mentiras, ele desliga. Ele era muito pequeno, para se lembrar que mesmo quando ela estava em casa, nós já éramos sozinhos.
Realmente eu não sabia que ela estava no país. Depois de 18 anos sem ter notícias dela, desde que ela nos deixou e foi para Sidney na Austrália, ela me mandou um e-mail propondo uma reconciliação, queria esquecer o passado e voltar para a nossa vida. Nem respondi. Marquei como spam. Fui idiota de pensar que o Oliver faria a mesma coisa. Preciso encontrá-lo antes que ele faça alguma besteira e caia no truque dela. Provavelmente veio atrás de mais dinheiro.
Enquanto falava com ele ao telefone me distanciei do salão. Estou voltando quando ouço gritos de uma mulher. Olho pela parede de vidro e vejo abaixo de mim, uma mulher sendo arrastada pelos pés para dentro de uma sala, desço o pequeno lance de escadas e vou socorrê-la. Vou cego de ódio para cima do cara, lhe dou um soco violento e ele caiu, só aí percebo que é o CEO da empresa que fui tentar fechar negócio. Olho para ver se a moça está machucada e só vejo os seus cabelos longos e negros voando no corredor. Ela foi embora, mas eu sei que é a recepcionista da festa. Deixo o sujeito desmaiado e vou embora também.
Eu tinha certeza que ele ia aprontar, mas forçar uma mulher? Aí já é demais!
Só não entendi porque ela não esperou para falar comigo.
Fui embora tentar achar o sem juízo do meu irmão. Preciso saber o que ele está aprontando por aí. Ele já tem 24 anos e ainda não conseguiu terminar a faculdade, nessa idade eu já tinha terminado duas faculdades, administração e finanças e comandava um departamento com mais de 40 pessoas.
Preciso saber com quem ele está metido e se realmente ele vai procurar aquela mulher.
Cárter Lewis 30 anos
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