cap 18. O QUE É ISSO?

Lyn

Este homem existe mesmo? Ele me diz tanta coisa e uma quentura gostosa que eu não sinto há muito tempo, aquece o meu coração. Ele parece tão sincero e honesto, mas eu não sei. Na verdade, nem sei responder depois de tudo isso. Sinto a minha mão ser apertada e olho para baixo e o Jamie está com um olhar tão esperançoso para mim. Eu até esqueci que ele estava no elevador conosco.

Ele solta a minha mão e faz o sinal que eu aceite a amizade dele. E que ele é sincero. Eu pergunto como ele sabe com linguagem de sinais e ele aponta para o seu coração.

Eu sorrio para ele e de volta ao Cárter.

Lyn_ Vou aceitar a sua amizade, mas existem regras. Mas conversaremos sobre elas outra hora. Por favor, Cárter não me desaponte. Você não tem ideia como é difícil para mim, confiar em alguém de novo!

Cárter _ Eu sei Lyn. Só quero ter a chance de conhecer você melhor e quero que você também me conheça melhor.

Lyn _ Eu vou tentar!

No estacionamento observo ele com o Jamie, ajudando colocar a cadeira no carro. É tudo automático e o Jamie, claro fica fascinado. Ele tem paciência e explica tudo o que consegue entender das perguntas, quando não entende algum gesto, olha para mim, esperando que eu traduza. E cada vez mais me perco no azul daqueles olhos.

Preciso urgentemente conversar com a Kate sobre as coisas que estou sentindo. Talvez ela entenda melhor que eu.

Passamos no apartamento e ele faz questão de descer para me ajudar com as malas.

Lyn _ Não é melhor você ficar com o Jamie no carro? O Ricky pode me ajudar.

Cárter _ Você não me acha capaz de carregar umas caixas. E tá vendo aquele carro ali atrás?

Ela faz sinal e dois homens saem do carro.

Cárter _ Eles são os meus seguranças e vão ajudar. Vamos logo.

Entra no prédio e vai subindo os lances com os dois seguranças o seguindo. O dia que veio me trazer para trocar de roupas ficou esperando embaixo. Mas parece que sabe onde fica o meu apartamento, pois já está na porta tocando a campainha.

Lyn_ Espere. A campainha não funciona.

Eu bato na porta e uso a minha chave.

Lyn _ Kate? Chegamos. Está tudo pronto?

Kate _ Sim, mas precisaremos de alguns braços fortes para levar tudo.

Ela grita do quarto e eu aponto as caixas no chão.

Cárter _ Vamos começar com essas.

Os três pegam as caixas e saem eu vou para o quarto falar com a Kate.

Lyn _ O Cárter já desceu com as caixas que estavam na sala.

Kate_ Tem essas aqui ainda e aquela sua caixa misteriosa.

Lyn _ Não é misteriosa. São as coisas da minha mãe. Na verdade, eu nem sei o que tem aí. Nunca abri. Uma vizinha depois da tragédia, separou alguns papéis, fotos, e alguns objetos que ela achou que a minha mãe gostaria de guardar. A sra Jones guardou para mim.

Kate_ Então é melhor levar. Quando a sua mãe sair vai querer as coisas dela!

Lyn_ Eu vou levar. Kate, desde ontem que eu quero te perguntar algumas coisas.

kate_ O quê?

Lyn _ O que uma pessoa sente quando está interessada em alguém?

Kate_ Você está interessada no Cárter? Eu sabia!

Lyn_ Como assim sabia? Se nem mesmo eu sei?

Kate_ Você fica diferente na presença dele. Normalmente você é tão fria e fechada.

Lyn_ Eu sei! Na faculdade já ouvi me chamarem de Princesa do gelo.

Kate _ Mas quando está perto dele você muda completamente, as suas bochechas ficam coradas e os seus olhos brilham intensamente.

Lyn _ Eu sinto as minhas pernas amolecer todas as vezes que ele me toca acidentalmente ou me olha nos olhos e

Sr Lewis? Tem mais alguma coisa para carregar?

Lyn _ Eles chegaram, será que ouviu algo?

Kate _ Acho que não! Estávamos falando baixo. Vou chamá-los para pegar as outras caixas.

Eles entram e os seguranças levam as outras caixas. Eu olho para ele e tento adivinhar se ele ouviu algo, mas ele está de costas para mim e se abaixa para pegar a caixa da minha mãe que está no chão.

Meu Deus! Que traseiro lindo! Fico vermelha com o meu pensamento, nunca reparei no corpo de um homem antes. O que está acontecendo comigo?

Ele se vira e me encara falando alguma coisa que eu não consigo entender, tamanha é a confusão na minha cabeça.

Cárter _ Você está bem? Calma! Já ficamos sozinhos em um quarto antes, lembra? E nada aconteceu e nem vai acontecer agora.

Lyn _ Não é isso!

Cárter _ O que foi então? Você está com os olhos arregalados, a boca aberta, a respiração curta. Parece ansiedade.

Lyn _ Só preciso respirar.

Ele coloca a caixa no chão e se aproxima devagar.

Cárter _ Olha para mim, respira. Posso segurar as suas mãos?

Eu aceno que sim. Mas assim que ele segura e me manda inspirar e respirar, tudo o que eu sinto é o seu cheiro. Que entra nas minhas narinas e enche os meus pulmões com aquele cheiro maravilhoso. Sinto as palmas das suas mãos na minha e olho para elas.

Cárter _ Calma! Só estou tentando te passar força. As minhas mãos não vão para nenhum outro lugar.

Isso respira. Está mais calma?

Eu mais uma vez aceno que sim.

Ele me olha e solta a minha mão lentamente, e imediatamente eu sinto falta do seu toque.

Cárter _ Só tem mais essa caixa?

Lyn_ Sim, eu levo a mala.

Ele se abaixa de novo e eu olho para aquilo tudo e me dá uma vontade de passar a mão.

Meu Deus! Será que eu sou algum tipo de pervertida? Que nem aqueles homens que tentam tocar nas mulheres?

Ele vai saindo do quarto, mas me olha outra vez, mas desta vez com um sorriso no rosto.

Cárter _ Podemos ir?

A minha boca está tão seca que eu preciso molhar com a língua. O sorriso dele morre e o seu olhar escurece, ficando num tom de azul quase cinza.

Ele respira fundo e sai do quarto. Saio atrás dele sem ter noção do que é tudo isso.