Serena
Acordo assustada com o som dessas barras de ferro fechando. É sempre assim, desde a primeira que fui trazida presa nesse lugar. As vezes me arrependo da atitude extrema que tomei. Mas quando lembro daquele homem medonho em cima da minha filha a estuprando, acho que tomei a atitude certa.
A atitude pode ter sido certa, mas as consequências foram nefastas. Eu não pensei só reagi. Vivíamos sempre com medo. Tudo era motivo para surras. Eu nunca deveria ter aceitado a ajuda daquele homem. Mas na hora do desespero, alguém te estende uma mão e você aceita.
Eu nunca tive uma vida fácil, sendo filha de imigrantes nos EUA. Os meus pais são Colombianos, vieram para cá tentar a sorte. Eu nasci aqui, mas o preconceito nunca me deixou sentir que eu faço parte desse país. Quando completei dezoito anos os meus pais foram deportados e tiveram que voltar para a Colômbia. Eu insisti que queria ir com eles. Mas a minha mãe não deixou, disse que aqui eu estava cursando faculdade e lá bonita do jeito que eu era, seria presa fácil para o tráfico de mulheres.
Assim que fiquei sem a proteção da família, a minha vida mudou. Lutei muito mas não consegui me manter na faculdade. Trabalhava no que aparecia, mas as pessoas sabendo que você é sozinha sempre tentavam tirar uma casquinha. Uma amiga me indicou um trabalho de modelo, disse que era fácil e pagavam bem. Primeiro fui fotografada de todos os ângulos, depois o fotógrafo me mandou fazer fotos sensuais, eu nem sabia como ser sensual, mas ainda assim tentei. Precisava pagar o aluguel. Quando a coisa começou a ficar estranha, ele queria me fotografar só de lingerie, eu disse não. Ele tentou me convencer na lábia, não conseguiu.
O cara partiu para cima de mim, só estávamos nós dois no estúdio. Ele me agarrou e eu lutei, com unhas e dentes eu lutei. Consegui pegar uma das luminárias e bater na cabeça dele e fugi.
Sai de lá desnorteada e fui atropelada. Acordei no hospital com uma senhora elegante ao meu lado. Depois de ouvir a minha história, ela se compadeceu e me contratou para trabalhar para ela. Ela já estava idosa e precisava de companhia.
Era uma senhora maravilhosa, me tratava como neta e não empregada. A família dela, era ela e o neto que estava cursando a faculdade em Londres. Ainda lembro do dia que os nossos olhos se encontraram. Me apaixonei instantaneamente por ele. Ele era tão lindo!
Ele veio de férias para casa e para o aniversário de um afilhado. Eu não acreditei que um homem lindo daqueles poderia estar interessado em mim. Mas estava! Passamos as férias juntos e quando a sua avó percebeu o interesse de um pelo outro eu achei que ela não iria aprovar, mas ela aprovou.
Ele tinha mais dois anos de curso pela frente. Então nos falávamos por telefone e sempre antes de desligar dizia que me amava. Nunca entendi como esse amor morreu do nada. A sua avó morreu de repente. Foi tudo muito triste, ele veio de Londres para o funeral. Estava inconsolável e era em meus braços que buscava amenizar a sua dor. Passado o tempo de luto ele teve que voltar para a faculdade. Me pediu que ficasse na casa de sua avó, esperando até que ele terminasse o curso. E eu fiquei. Ele tinha um casal de amigos e era padrinho do filho mais velho desse casal. Ele pedia aos amigos para cuidar de mim. Esse casal passava sempre na casa para saber como eu estava.
Um dia acordei no meu quarto com a mulher gritando e o marido na porta me olhando desolado. Não entendi o que estava acontecendo até ver o motorista da mansão se vestindo no meu quarto. Ela me acusou de estar traindo o amigo deles. Eu gritei, chorei e implorei que não acreditassem em nada daquilo, pois se ele entrou no meu quarto foi sem o meu consentimento. Ela estava possessa! Começou a jogar as minhas coisas na mala para me expulsar da casa. Eu bati o pé que só iria quando conversasse com o meu namorado.
Ela tirou um saco do meio das minhas coisas e abriu sobre a cama, e as jóias da sra Isobel, caíram sobre a cama. Fui acusada de roubo. Eu liguei para ele para contar a verdade, mas não me atendeu. No dia seguinte o advogado dele chegou na casa e disse que ele pediu que eu sumisse pois ele não queria mais me ver. Se eu saísse em paz, o caso do roubo seria esquecido, senão o caso iria para polícia e eu seria presa.
Não tive alternativa, não adiantaria em nada eu ser presa. Como poderia provar que eu era inocente? As joias foram achadas no meu quarto e tinha testemunhas. Então fui simplesmente posta para fora, sai sem saber para onde ir e o que fazer. Arrumei vários empregos e fazia o que podia para sobreviver. Morava em uma pensão e trabalhava de garçonete. Um dia a dona da pensão me ouviu vomitando e já tirou a conclusão de que eu estava grávida. Fui fazer o exame e foi constatado que realmente estava grávida. Fui expulsa da pensão. Eu o procurei para falar com ele. Não iria esconder um filho. Não consegui encontrá-lo e falei com a sua amiga. No começo me tratou com desdém, mas quando eu contei que estava grávida e fui expulsa do lugar que morava, ela me deu um dinheiro para que eu arrumasse onde morar e prometeu falar com ele. Dois dias depois veio a resposta dele. Ela me disse que ele mandou que eu procurasse o motorista meu amante.
Uma ferida foi aberta no meu coração e até hoje não foi curada. Passei um verdadeiro inferno na minha gravidez trabalhei tanto, para dar uma vida melhor ao meu bebê e quando ela nasceu foi uma alegria. Mesmo que aquele homem não mereça, nem que eu me lembre dele, ter um pedaço dele comigo foi maravilhoso. Mas eu precisava trabalhar e cuidar dela, e o dinheiro que eu ganhava nunca era o suficiente, fui despejada várias vezes, tive a energia de casa também desligada e as vezes ia dormir com fome, mas a minha filha não sentia falta de nada.
Um dia ela ficou doente e eu fiquei no hospital com ela por três dias, que claro o patrão não aceitou, e me mandou embora. Comecei a bater pernas, atrás de emprego e nada. Gastei os últimos dólares que eu tinha comprando leite para ela. Desmaiei de fome na porta de um restaurante em que fui pedir um emprego. O gerente de lá depois de ouvir minha história, me estendeu a mão. Primeiro com o emprego e depois começou a me cortejar, sempre me dava algo para levar a minha filha. Quando a via a tratava muito bem. Encurtando a história quando ela fez um ano, ele me pediu em casamento e eu aceitei. Nós casamos e fomos morar na casa dele.
Eu se, não estava feliz, pelo menos estava contente. Até ter um corte no restaurante e nós dois fomos mandados embora. Ele logo arrumou um outro emprego que pagava melhor e me disse para ficar em casa e cuidar da nossa filha que era melhor do que ter que dividir o meu salário com uma babá.
Tivemos uma vida sem sobressaltos. Até eu engravidar do nosso filho. Eu achei que ele ficaria feliz, mas não. Ele não gostou nenhum pouco, queria que eu fizesse um aborto. Eu me recusei. E começaram as brigas. Eu apanhei muito durante a gravidez e por um milagre o meu filho nasceu perfeito. Ele passou a chegar sempre bêbado e não podia ouvir o choro do bebê. Acusava-me das coisas mais terríveis. Não me deixava trabalhar e nem sair de casa. Às vezes as coisas melhoravam e ele passava a ser aquele homem cortês de antes, mas quando menos eu esperava ele voltava a ser o cavalo. Parecia que eu vivia com dois homens diferentes. Eu não aguentava mais e quando as crianças também começaram a apanhar dele, eu comecei a planejar a minha fuga, economizava dinheiro da onde podia e fazia trabalhos pequenos, faxinava a casa de algumas vizinhas, vendia bolo na porta da escola, passava roupas. Sempre juntando o dinheiro para fugirmos.
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Atualizado até capítulo 114
Comments
Cleuza Maria Do Carmo
esse cara é o padrinho do carter, e o casal de amigos são os pais do carter. a Lyn é filha do padrinho do carter
2025-02-18
5
엘리 케이로스
ESSA ARMAÇÃO TENHO PARA MIM QUE FOI OS AMIGOS DO CARA QUE FEZ
2025-01-10
2
Edilene Sousa
sei exatamente o que é isso 2 homens diferentes
é muito triste isso 🥺🥺
2025-02-06
1