Cap 20 QUEBRANDO REGRAS

Lyn

A casa sem dúvida é maravilhosa! E espero que aqui o meu irmão consiga se curar. Não só da lesão da perna, mas também do trauma da nossa infância.

O Cárter e a Kate estão certos, eu também preciso de cura. Vou até o quarto dela e bato na porta e não tenho resposta. Desço para ficar um pouco com o meu irmão, mas ele também não está no quarto. Ouço vozes lá fora e saio para ver o que está acontecendo. Kate está deitada de biquíni na beira da piscina e o Cárter e o Jamie brincando com o Otto no gramado. Posso ver que o Cárter trocou de roupa está de camiseta azul e de bermuda branca. Ele tem um corpo tão bonito!

Jamie também se trocou e eu não conheço essa roupa. Ele está rindo feliz, pois joga um galho para o cachorro e ele vai buscar. Volta e entrega o galho para o Cárter.

O Cárter finge estar brigando com o Otto, mandando que ele entregue o galho ao Jamie. Ele está totalmente concentrado na brincadeira e em nehum momento olhou para a Kate de biquíni. Eu não sei como ela tem coragem de ficar assim, praticamente nua perto de um homem.

O Otto levanta a cabeça e me vê. Ele vem correndo e pula em cima de mim, me derrubando ao chão. Eu caio de bunda no chão e dou risada.

Lyn_ Estava com saudades de mim? Eu também estava com saudades.

Cárter _ Otto não pula assim! Você pode machucá-la. Você está bem Lyn?

Lyn_ Sim estou! Não briga com ele. Ele está feliz por me ver.

Escutamos palmas e nos viramos para ver o que Jamie quer.

Lyn_ Ele acha que o Otto não gostou dele porque ele não fala.

Cárter _ Claro que gostou. Você não viu o quanto ele estava feliz buscando o graveto?

O Otto parece entender e vai até o Jamie e coloca a cabeça no seu colo. Ele faz carinho no cachorro e ele lambe a sua mão.

Kate_ Lyn, não quer vir para a piscina?

Lyn _ Não! Nem tenho roupa apropriada.

Dou uma desculpa, ela sabe que não sei nadar e também não ficaria com esses trajes perto de homem nenhum.

Lyn _ Vou brincar com o Jamie e o Otto.

Cárter _ Porque me excluiu?

Lyn _ Não estou excluindo! Só pensei que agora que cheguei se você não tem coisa melhor para fazer.

Cárter _ Está brincando? Que coisa melhor do que brincar com você, o Jamie e o Otto?

Ouço o riso do Jamie e me espanto eu nunca mais tinha ouvido esse som! Seguro no braço do Cárter sem nem perceber.

Cárter _ O que foi?

Lyn _ Ele não faz som nem para chorar. E agora eu ouvi ele rindo. Você ouviu também?

Cárter _ Eu ouvi! Ele está se curando.

Ele coloca a sua mão em cima da minha que estava segurando o seu braço e só agora percebi que o estava tocando. Ergo os meus olhos para ele, olho em seus olhos e depois na sua boca. Sinto que o ritmo da sua respiração mudou. O seu olhar puxa o meu e eu me perco naquela imensidão azul. Tiro o meu braço e vou para o lado do meu irmão, com o meu coração batendo descontrolado.

Lyn_ Você se ouviu rindo?

O Jamie olha para mim espantado, e balança a cabeça que não.

Lyn _ O primeiro som que sai da sua boca. Eu estou muito feliz e agora sei que você vai se curar!

Ele me diz que está feliz, e só falta a mamãe para ser feliz de vez.

Lyn _ Você escreveu para ela?

Ele diz que ainda não.

Lyn _ Quer escrever agora? Eu vou pedir ao Cárter papel e caneta para você.

Cárter _ Eu ouvi ! Vou buscar.

Ele fala com aquela voz perto de mim e eu me arrepiei inteira, só percebi que fechei os olhos quando o Jamie toca o meu rosto. Abre o sorriso e diz que estou com cara de apaixonada.

Lyn _ E você lá entende de cara de gente apaixonada?

Ele faz cara de bobo com bico de beijos e se abraça.

Lyn _ Para com isso! O Cárter vai ver e achar que é verdade.

E não é?

Ele pergunta e eu afirmo que não.

Cárter traz o papel e a caneta e ele vai escrever para a mamãe.

Cárter _ Você vai ao presídio amanhã?

Lyn _ Sim, preciso vê-la! Tenho que contar a ela o que a psicóloga nos disse e da risada dele hoje. Ela ficará tão feliz! E preciso convencê-la de que ele precisa vê-la. Quando ele era menor, logo depois que tudo aconteceu ele chorava todas as noites com saudades dela. Sempre parecia que ele queria me dizer uma coisa e não conseguia. Na escola eu tinha acesso à Internet então aprendi linguagem de sinais e ensinei-lhe, a primeira coisa que ele conseguiu me perguntar é se ela tinha morrido. Você consegue imaginar uma criança tão pequena com essa dúvida sem poder colocar para fora? Eu não queria tocar no assunto com ele, achei que estava traumatizado demais. Se eu pudesse adivinhar que ele tinha essa dúvida. Mas eu estava tão destruída, que só queria esquecer. Eu era muito imatura.

Cárter _ Não fica assim!

Ele pega na minha mão.

Cárter _ Você era só uma criança tendo que lidar com um fardo muito grande da sua própria dor, da dor pela sua mãe e ainda ter que lidar com o trauma do seu irmão.

Eu choro e ele me pergunta se pode me abraçar.

Cárter _ É só para te dar conforto.

Eu concordo e como estamos sentados na grama ele só passa os seus braços por cima dos meus ombros.

Cárter _ Eu nem sei se peço que você não chore ou deixo você chorar para colocar tudo para fora. Aposto que você quase não faz isso. Chorar em um ombro amigo!

Lyn_ É a segunda vez que choro nos seus braços e mal nos conhecemos.

Cárter _ Para mim, é como se nos

Conhecêssemos a vida inteira.

Eu olho nos seus olhos e o meu coração dispara novamente.

Jamie chega com a carta pronta.

Após o jantar Cárter convida todos nós para a sala de cinema. E coloca uma comédia romântica para assistirmos. Jamie dormiu na metade e a enfermeira o levou para o quarto.

Fiquei observando a protagonista toda feliz por trocar um beijo do seu amado. Olhei para o Cárter e ele estava me olhando.

Kate _ Estou cansada, vou dormir; boa noite.

Lyn_ Eu também vou!

Falei para a Kate, mas ela já havia saído.

Cárter _ Só tem mais cinco minutos de filme. Juro que não vou pular em você.

Ele fala meio sorrindo.

Lyn_ Eu sei que não!

O filme acaba com os dois indo para a cama de mãos dadas.

Ele me olha e eu sinto as minhas bochechas vermelhas.

Cárter _Você me disse que tinha regras para a nossa amizade e não disse ainda quais são elas.

Lyn _ Acho que você já quebrou todas elas hoje e com a minha permissão.

Cárter _ Deixe-me adivinhar. Não te tocar. Qual a outra regra que eu quebrei?