Lyn
Acordo e estou deitada em cima de alguém. Estou tão aconchegada naquele corpo quente e cheiroso, que demorou alguns segundos até que eu me perguntasse onde eu estava e com quem. Ergo a minha cabeça devagar e vejo Cárter Lewis dormindo e eu com a cabeça no seu peito. Me levanto devagar para não acordá-lo e eu poder fugir.
Mas do outro lado da cama, encarando-me, com seus olhos castanhos adoráveis estava um cachorro. Eu sempre fui louca por cachorros e nós nunca pudemos ter.
Lyn _ Quem é você? Você é muito lindo, sabia?
Ele acorda e brinca dizendo que sou linda também. Falo com ele sobre o cachorro mas já pulo da cama.
O cachorro lambe a minha mão e dou risada.
Lyn _ Se o Jamie te conhecesse, ele ia te amar no mesmo instante, assim como eu.
Cárter _ Ele já me conhece! Até gosta de mim, mas acho que ainda não me ama.
Lyn _ Você está tão engraçadinho hoje! Eu estou falando com o Otto.
Cárter _ Qual o problema em sonhar?
Lyn _ Sonhar?
Cárter _ Sonhar que você me ama!
Eu vou para a porta mais próxima, mas é o banheiro e não a saída. Me tranco lá e fico pensando o porquê dele estar fazendo isso? Ele me salvou ontem. Apareceu na hora certa. É a segunda vez que me salva e eu não gosto de dever nada a ninguém.
Toc toc toc
Cárter _ Pode ficar a vontade e tomar um banho se quiser, eu vou para o meu quarto. Pedirei para a minha governanta te trazer uma troca de roupa.
Cárter _ Venha Otto. Não quer vir? Já te perdi pra ela? Eu te entendo amigão. Ela é maravilhosa!
Eu estava com o ouvido na porta para ter certeza que ele saiu e ouvi o que ele disse para o cachorro. Quando me olhei no espelho estava sorrindo. Mas logo vi a minha blusa rasgada e o meu rosto marcado pelo tapa, me lembrei do que aconteceu ontem.
Que inferno! Porque tive que passar por isso de novo?
Mas ele foi tão carinhoso. Em seus braços me senti protegida, aconchegada, cuidada, como há muito tempo não sentia.
As lembranças do que passei com meu pai, me paralisaram e aquele desgraçado quase conseguiu o que queria. Se ele não tivesse chegado! Eu nem quero pensar o que teria acontecido. A dor, a culpa, de achar que poderia ter feito diferente.
Tiro a roupa com nojo. Liguei o chuveiro e entrei debaixo da água. Esfrego o meu corpo, como se fosse aquele dia. Tento tirar a marca dele do meu corpo até hoje.
Sento-me no chão e choro quando me lembro de tudo.
Toda a dor voltou com força total agora. Eu pensei que a crise já tivesse passado depois de ontem, mas bastou me lembrar para aquela dor no meu corpo e no meu coração voltar.
Me lembro de estar sentada no chão chorando, esfregando o meu corpo em desespero para tirar a sujeira dele. A minha mãe sendo levada presa. O meu irmão estático e mudo.
E depois a vergonha. A vergonha de ser fotografada nua e ter as minhas partes examinadas. E a minha mãe não estava comigo. Me amparando, me dando forças, como sempre me deu.
Eu tive que ficar lá naquela maca e ser examinada por um homem. Sem ninguém para intervir por mim. Ficar sem ver a minha mãe, sem ouvir a sua voz. Eu deveria ter feito algo. Não sei bem o que, mas deveria ter feito!
Cada vez que lembro dele, eu sei que deveria ter feito algo para impedir. Eu deveria ter feito!
Uma dor me rasga novamente e
eu me descontrolei de novo. Ouço o barulho de vidro quebrado e apago.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 114
Comments
Valeria Grossi de Almeida
Autora esse capítulo foi maravilhoso, vc retratou maravilhosamente o desespero e sofrimento da Lyn 👏👏👏👏
2025-03-15
1
Samara Nogueira de Freitas
Que capítulo viu. nossa.... vc sente o trauma dela em cada palavra.
2025-03-13
1
Fátima Elizabeth
Estou em lágrimas com o sofrimento dessa menina,sei que uma estória ,mas a vida imita a arte
2025-01-19
1