LYN
Deixei o Jamie no hospital e fui até em casa tomar um banho e trocar de roupa, liguei para a sra. Virgil mas não teve jeito, ela precisa de mim. Falei com a sra.Jones e ela irá passar essa noite com o Jamie no hospital. Pelo menos fico mais sossegada. Me arrumo e vou para o hospital antes de ir trabalhar no evento.
Assim que cheguei ao hospital vi que o Jamie tinha visita o Sr Lewis em pessoa.
Lyn_ O que o senhor está fazendo aqui? Veio oferecer outro cala a boca para o meu irmão?
Carter_ Não! Se acalme eu vim em paz. Eu estava te esperando, precisava conversar com você.
Lyn _ Eu quero mesmo falar com o senhor
Lyn_ Você está bem Jamie? Vou lá fora com o Senhor Lewis e já volto.
Carter_ Não podemos falar aqui mesmo? Já que o seu irmão tem deficiência auditiva.
Lyn _ Ele não tem deficiência nenhuma! Ele ouve perfeitamente não é Jamie?
Eu falo olhando para ele que se vira e olha para o Jamie.
Carter_ Você me escuta? E eu aqui fazendo um monte de mímicas tentando me comunicar com você.
Fala bravo mas abre um sorriso e o meu coração bate desconcertado.
O Jamie respondeu em linguagem de sinais, e ele olha para mim com o seu olhar de um azul limpo e cristalino.
Carter_ O quê ele disse?
Lyn_ Que foi divertido ver as caras e bocas que você fazia para ele.
Carter_ Divertido é? Kkkk Vou me lembrar disso. Vou conversar com a sua irmã e já volto para continuar o papo.
Quando saímos do quarto ele me chama para tomar um café.
Carter_ Quer tomar um café comigo para conversarmos?
Lyn_ Eu não tenho tempo para café! Preciso trabalhar.
Carter_ E você vai deixá-lo sozinho?
Lyn_ Claro que não! Acha que sou irresponsável? Uma pessoa do abrigo onde ele mora virá ficar com ele enquanto eu trabalho. Eu queria te falar que eu sei que você está pagando o quarto e os custos hospitalares, mas eu vou ressarcir você.
Cárter _ Não precisa! Você não me deixou explicar ontem, foi o meu irmão caçula que atropelou o seu irmão. Ele está passando por uma fase difícil, espere, estou dizendo isso para que você saiba, mas de maneira nenhuma estou dizendo que ele não foi responsável pelo acidente. Você pode fazer o que quiser que eu não vou interferir. Quer aceitar o dinheiro que ele propôs, aceite, quer levá-lo à justiça, faça. Mas em casos de acidentes assim o responsável paga por todos os danos causados. E é isso o que eu estou fazendo! Se você quiser parar de trabalhar enquanto ele não se restabelece, pare que vou pagar o seu salário, se quiser contratar um profissional para cuidar dele, também será por minha conta.
Lyn_ Eu não quero dever nada a ninguém! Sou pobre mas tenho o meu orgulho.
Cárter _ Eu sei disso! Mas você não ficará me devendo nada. Nós é que estamos devendo e estamos pagando. Você pode consultar um advogado e verá que não estou mentindo e nem te dando esmola.
Lyn_ Eu estudo direito. Vou conversar com um professor para que ele me oriente.
Cárter _ Independente do que decidir eu gostaria de pedir desculpas em nome dele. O mínimo que ele teria que ter feito era vir ao hospital saber como estava o seu irmão. Estou tentando falar com ele, para que venha pedir desculpas, mas ele desapareceu. Não está em casa e nem atende o telefone.
Eu tento entender o lado dele. Se fosse o meu irmão eu faria o mesmo.
Lyn_ Eu preciso ir!
O deixo no corredor e volto para o quarto.
Lyn _ Meu amor eu preciso ir trabalhar. A sra Jones ficará aqui com você até que eu volte. Hei o que é isso? Que cara é essa? Eu volto assim que terminar o evento. Vou trazer uns docinhos pra você.
Cárter _ E eu ainda tenho um tempinho, posso ficar aqui te fazendo companhia até a pessoa que vai cuidar de você chegar. Você pode me ensinar a linguagem de sinais.
Eu beijo o meu irmão e saio. Por que será que ele quer ficar conversando com o meu irmão? Será que quer convencer ele a mudar o depoimento?
Chego ao evento e descubro que é uma festa infantil, por isso a sra. Virgil não encontrou ninguém para me substituir! Eu sou a única da equipe que gosta desse tipo de evento. Prefiro lidar com as crianças do que com os adultos. Às vezes tem algum pai inconveniente, mas é mais raro do que nas outras festas onde o álcool rola solto.
Outra vantagem é que termina cedo. Então daqui posso ir para o hospital. O duro é ter que dormir naquela poltrona. Mas qualquer desconforto é nada para ficar próxima ao meu irmão.
Cheguei ao hospital para ouvir da sra. Jones o quanto o Sr Lewis é adorável e prestativo.
Lyn _ Adorável sra.Jones? Nunca conheci um homem adorável! Os homens são todos uns cretinos. Eu quero distância de todos eles!
Sra.Jones _ Ah! Querida, você ainda está do mesmo jeito que chegou ao abrigo. Achei que depois de cinco anos, você tivesse esquecido.
Lyn_ Não tem como esquecer aquilo sra.Jones. Nunca deixarei nenhum homem se aproximar de mim. E como vou esquecer se aquilo se transformou em uma tragédia que todos sabem? Todo mundo ficou sabendo o que a minha mãe fez e porquê, mas ninguém ofereceu uma mão para tirar a minha mãe da cadeia. Acho injusto ela ainda estar pagando por ter me salvado das mãos daquele psicopata.
Sra.Jones _ Eu pedi tanto ao Estado que enviasse um profissional capaz de ajudar você e o seu irmão. Mas a fila de crianças carentes precisando desse tipo de atendimento é grande.
Lyn_ Eu não preciso mais disso! Mas o meu irmão sim. Ele nunca mais disse uma palavra, depois daquilo que presenciou. Ele sabe que a mamãe está presa depois de matar nosso pai, mas eu não sei se ele com cinco anos na época, entendeu o que o pai estava fazendo comigo.
Sra.Jones _ Ele está acordando. Vamos mudar de assunto.
Lyn_ É eu cheguei cedo ! Era um evento infantil. Olha só o que eu trouxe para você!
Balões, algumas guloseimas que sobraram da festa e até um pedaço de bolo.
Sra.Jones _ Já que você se acha grande para os balões acho que vou ficar com eles e com esses docinhos que parecem maravilhosos. Kkkk
Lyn _ Ah! Só para os balões? Mas eu vou deixá-los aqui amarrados no seu soro. Se você não os quiser amanhã eu dou para outra criança.
Sra.Jones _ Eu vou indo! Se precisar de mim sabe onde me encontrar.
Lyn _ Amanhã tenho uma prova cedo, mas a Kate me prometeu vir ficar com ele para que eu vá fazer a prova.
Sra.Jones _ Tchau e Comportem-se os dois.
Lyn _ Hei! Você não deixou nenhum docinho pra mim? Que maldade!
Ele me diz que se quiser ir dormir em casa eu posso, que ele ficará bem sozinho.
Lyn_ Como assim eu posso ir embora? Tá querendo se ver livre de mim? Essa poltrona? Não. Ela é super confortável!
Ele faz uma cara de quem não acredita.
Lyn _ Eu não vou dormir em casa. Vou dormir aqui.
Uma enfermeira entra e brinca com ele sobre os balões.
Enfermeira _ Tem festa aqui? E ninguém me avisou? Primeiro aquele homem lindo e agora balões. Eu trouxe o seu medicamento.
Eu não sei porque me incomoda ela ficar falando do sr. Lewis, mas me incomoda. Ele é lindo com certeza, mas é um homem! Será que ela não sabe o perigo que corre?
Enfermeira _ Ele irá dormir a noite toda com esses medicamentos. Por quê não vai para casa para ter uma noite tranquila de sono?
Lyn _ Eu não posso deixar ele sozinho. Vou ficar bem, não se preocupe.
Dez minutos depois alguém bate à porta e um enfermeiro chega com uma cama adicional.
Lyn _ Eu não pedi isso!
Enfermeiro _ São as ordens.
Ele coloca a cama e a enfermeira entra com lençóis.
Lyn _ Você pediu uma cama para mim?
Enfermeira _ Não! Eu também estranhei. E como se estivesse alguém ouvindo a nossa conversa.
Ela sai e eu fico pensando se não foi o Sr Lewis que mandou a cama para a senhora Jones. Ele sabia que ela ficaria desconfortável na poltrona. Vou para o banheiro e coloco o meu pijama e volto para o quarto e tento dormir e não consigo. Levanto pego o meu notebook e vou estudar para a prova de amanhã. Estudo até os meus olhos ficarem cansados.
Acordo pela manhã, tomo um banho rápido e ligo para a Kate para que traga uma roupa para mim. Coloco a roupa que fui trabalhar ontem e vou para o quarto.
Acordo o meu irmão com muitos beijos e o dr. Arthur chega para examiná-lo.
Lyn_ O senhor tem ideia de quanto tempo mais ele ficará aqui?
Arthur _ Acredito que em uma semana ele já saia do hospital, mas daqui a dois meses terá que fazer uma avaliação para começar fisioterapia. Recuperação total de quatro a seis meses!
Lyn_ Ele está perguntando se esses dois meses não poderá andar?
Arthur _ Eu entendi! Estou ficando bom na linguagem de sinais. Não, terá que ficar na cama ou cadeira de rodas.
Lyn_ Não se preocupe. Vou providenciar para você.
O médico sai bem na hora que a Kate está chegando.
Kate_ Minha nossa! Com um médico lindo desses eu também quero ficar doente.
Lyn _ Ele é bonito? Nem reparei!
Kate_ É o que eu digo! Desse jeito vai chegar aos 50 anos sem nem ter beijado na boca.
Lyn_ Não começa! Trouxe a minha roupa?
Ela estende a sacola e eu volto ao banheiro para me trocar. Kate fala tanto de beijos que às vezes gostaria de experimentar. Mas logo lembro do que aconteceu e uma dor corta o meu coração. Pode ter passado muitos anos, mas aquilo ainda tem o poder de sangrar o meu coração. O meu próprio pai fez o que fez, como posso confiar em outro homem?
Saio para a minha prova e vejo que já estou atrasada. Corro até o ponto de ônibus e nada de aparecer um ônibus. Vinte minutos depois já estava desesperada. Se perder a prova, terei que pagar para fazer outra. Ou ficar com nota baixa.
Um carro buzina perto de mim e nem olho, mas ele insiste. E eu ouço o motorista chamar o meu nome. Olho para o carro e vejo o Sr. Lewis.
Cárter _ Lyn. Entre eu te dou uma carona.
Lyn _ Não obrigada.
Cárter _ Eu sei que você tem uma prova importante. Entre!
Lyn _ Como sabe está espiando a minha vida?
Cárter _ Dei uma passada no hospital e sua amiga Kate me disse. Eu só quero ajudar! Aceite.
Eu olho para o relógio e para a rua e nada do ônibus, mesmo se ele aparecesse agora eu não conseguiria chegar a tempo para a prova. O carro dele é veloz. Resolvo aceitar. Espero não me arrepender!
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Atualizado até capítulo 114
Comments
Maria Helena Macedo e Silva
uma colega pegou uma carona de um conhecido e ele tentou pegar nas pernas dela nisso ela ameaçou a abrir a porta e pular do carro em movimento caso ele continuasse a assediar. ele a trouxe para o trabalho e ela nos contou depois disso não soubemos mais dele.
outra vez estava no ônibus e ouvi uma colega que estava em pé dizer em alto e bom tom : " moço já gozou , pois vou descer nesse ponto...?🤦♂️🐖
2025-03-23
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Samara Nogueira de Freitas
só sabe a dor de um trauma desse quem já passou. É muito doloroso, difícil é angustiante. para superar tem que ter ajuda profissional. A dor de uma queimadura só sabe quem sente. assim como a dor de um abuso, só sabe quem já passou.
2025-03-13
1
Samara Nogueira de Freitas
se oorrer no Brasil
. é chamado de homicídio privilegiado
ocorre
Quando o autor do crime age sob o domínio de violenta emoção, logo após injusta provocação da vítima
a pena é atenuada(reduzida).
2025-03-13
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