CAPÍTULO 19

**Natasha**

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Como eu havia previsto minha noite acabou em frente à televisão do quarto. Contudo, os minutos passaram e eu não consegui me concentrar no filme. As lembranças de nós dois me açoitaram, meus pensamentos ficaram caóticos, totalmente voltados para os sentimentos confusos que estou vivendo.

Eu nunca me senti tão agitada, angustiada e solitária em toda a minha vida.

A verdade? Eu afastei André de mim e o fato de ele sair em busca de companhia está agredindo meu coração.

Já tentei me convencer que é melhor assim.

Um arrepio percorre meu corpo com um pensamento.

Ele me cobrou o terno e me convenceu a trabalhar aqui. Sei que o valor que devo não é nada para André Sorrentino Nicolo. Ele gasta em uma farra com seus amigos.

Ele me queria em suas mãos? Mas se é assim, por que ele não me cobrou o vaso?

Tenho certeza de que aquela peça era muito valiosa. Ele me cobrará depois?

Suas falas me vêm à memória:

“Eu tenho por você um forte sentimento de proteção. Embora me deva o valor do terno daquele verme, ele não foi o maior motivo para eu te trazer aqui. Acredito que a vida não tem sido fácil e justa com você. Então se posso te ajudar, por que não fazer isso?”

Inspiro fundo tentando acalmar a minha respiração ofegante e o meu coração que bate acelerado.

André de alguma maneira está gostando de mim?

Deus! Não posso ficar pensando nisso. Se eu alimentar esse tipo de pensamento, não terei força de vontade suficiente para me afastar dele, caso ele me puxe novamente para os seus braços....

**André**

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Natasha deve estar em seu quarto. De repente me vem uma curiosidade que me faz estremecer. Que tipo de camisola ela usa?

Cetim? Algodão? Grande? Curta?

Adoraria ver.

Bufo insatisfeito com essa situação. Estou irritado como há muito tempo não ficava. A mulher que mais desejo na vida não me quer.

Caminho pelo corredor escuro pensativo, de repente me lembrando da primeira vez que a vi.

Isso foi há cinco meses...

Tudo começou com meu pai me fazendo um pedido. Ele andava insatisfeito com o buffet que eu havia contratado para fazer suas festas e me deu a missão de contratar um outro mais competente.

Por ser aniversário do meu velho, eu não lhe neguei o pedido. Mesmo com a minha agenda lotada, tive o cuidado de eu mesmo procurar o melhor. Lembrando que se não fosse por mim, meu pai estaria falido. Eu cresci nossa empresa e ainda por cima banco toda suas festas.

Bem, eu sei que peguei meu carro e fui pessoalmente até o showroom dos Primazzi. Depois de conhecê-los eu tiraria a prova conhecendo com os Donabela.

Entro no meu silencioso lar.

Vi os arranjos, os enfeites e tudo que ele proporcionaria para nossas festas. Fiz a prova de seus pratos quentes, frios, dos canapés e dos doces. Posso dizer que apreciei muito. Mas ainda assim não fechei com eles. Estava no meu coração passar no Donabela e tirar a prova e só então chegar a uma conclusão.

Quando Camilo viu minha insegurança resolveu chamar todos de sua equipe para eu conhecer que estava naquela mesma hora fazendo um curso dentro do estabelecimento para aperfeiçoamento no servir aos convidados.

Desacreditado que isso me fizesse bater o martelo decisivo, observei as garotas se apresentarem diante de mim com pouco caso e impaciente olhei meu relógio com uma vontade crescente que tudo se resolvesse rápido para eu ir embora.

Foi então que alguém me chamou a atenção. Era uma retardatária que surgia no salão com suas mãos erguidas ajeitando seus cabelos num coque alto. Seus passos apressados quase a fizeram tropeçar e eu sorri com isso. Não sei por que, mas conforme ela avançava para a fileira que se formou na minha frente não consegui tirar meus olhos sobre ela, nem por um minuto sequer.

Ela não tinha nada de especial. Estava vestida como as outras, uniforme branco composto de uma saia bem comportada e uma blusa com botões pretos quase toda fechada. Ela não usava nada para que me chamasse mais atenção, mas quanto mais eu a observava algo se acendia dentro de mim.

Talvez por ter um rostinho angelical. Ou por ser a mais baixinha de todas. Mais magra também. E jovem, muito jovem. Era um conjunto de atributos que lhe emprestava uma aparência mais frágil que as outras e eu me vi imóvel, como que fascinado, olhando pra ela conforme ela avançava em direção a pequena fileira que se formou à minha frente. Ao ocupar seu lugar a ela, seu lindo rosto se ergueu para mim e nossos olhos se encontraram.

Dio Santo! Que princesinha! Gemi no meu interior. Perdi o ar.

Estremeci.

Suei.

Os grandes olhos verdes fixos nos meus eram simplesmente os mais belos que eu já havia visto em toda minha vida.

Imediatamente senti-me nocauteado, como se um raio tivesse acertado minha cabeça; uma onda de sensações me golpeou sem dó. Meu corpo inteiro vibrou e se conectou com a presença dela, fazendo com que minhas entranhas se revolvessem dentro de mim.

Por causa do meu abalo emocional senti meu coração bater como um louco no peito, ainda admirado com as sensações que ela me provocava. Nunca uma mulher me afetou dessa maneira em tão pouco tempo.

E mais! Nunca imaginei, nem um minuto sequer, que ela faria meu tipo, por ser muito nova, baixa e magra.

Havia garotas um pouco mais velhas que ela. Eu podia sentir os olhos de todas brilhando na minha direção. Admiração, luxúria, interesse. Contudo, eu só conseguia focar na princesinha à minha frente. Foi então que ela desviou seus olhos dos meus e focou os seus sapatos. Isso surtiu em mim como se outro raio me acertasse com mais força, era eu novamente me deparando com o novo. Seu jeitinho reservado mexeu comigo, uma óbvia inocência da qual eu não estava acostumado a lidar.

Minha riqueza, fama e, modéstia parte, minha beleza, sempre agiram como um ímã para atrair mulheres bonitas, maduras, confiantes.

Nunca precisei caçar. É um tédio isso, mas a verdade é que sempre fui caçado. As mulheres sempre vieram fáceis para mim e de repente me vi com uma mulher que evitava meus olhos enquanto as outras faziam de tudo para chamar a minha atenção.

Fechei com os Primazzi imediatamente. Não foi a comida.

Não foi o serviço.

Mas a louca e insana expectativa de vê-la novamente.

Simplesmente eu não consegui dizer adeus aos sentimentos que ela despertou em mim.

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