Capítulo 16

Anderson…

Logo que entrei em meu quarto, tomei um banho demorado para retirar o cansaço do corpo e renovar as minhas energias.

Mando mensagem no grupo da minha família, avisando que cheguei. Melhor do que ligar um de cada vez.

Pego meu notebook e dou uma repassada no projeto até a hora do almoço.

Almoçamos juntos no restaurante do hotel e conversamos apenas sobre trabalho. Lilian tentou entrar em outros assuntos, mas evitei conversas aleatórias com ela. Marta não estava de muita conversa e acredito que isso se deva, por estar em casa.

— Marta, após a reunião de hoje a tarde, está liberada para ir visitar a sua família! Se quiser pode ficar com eles e quando precisar, mando mensagem!

— Eu agradeço muito senhor Anderson! — abre um largo sorriso.

— Você merece, é muito dedicada e nunca deixou a desejar em seu trabalho!

— Só não vá falar com ninguém sobre o nosso projeto! — diz Lilian.

— Sou uma pessoa de ética, senhorita Lilian!

Voltamos para os nossos respectivos quartos e continuei estudando.

Exausto, saio na varanda massageando minhas têmporas e estralando meu pescoço e admiro a bela cidade. Não havia tido a oportunidade de prestar atenção em sua beleza e nos seus detalhes.

Confesso que desde que chegamos nessa cidade, senti algo estranho. Uma energia positiva, meu coração fica aquecido, é como quando estou na casa dos meus pais.

Tomo um banho, me arrumo e encontro com Marta e Lilian no saguão do hotel.

Seguimos até a prefeitura e os fazendeiros aguardavam sentados nas cadeiras. O prefeito veio ao nosso encontro e nos cumprimentamos.

Alguns dos fazendeiros lembraram de Marta e ela foi cumprimentá-los.

— Já estão todos aqui? — pergunto ao dirigente da cidade.

— Ainda falta uma pessoa, mas acredito que ela não venha!

— Se a maioria está presente, uma não fará falta! — diz Lilian.

— As coisas não são assim, minha cara! — digo.

— Na verdade, ela é a mais importante por ser a dona do maior hectar de terras daquela região!

— Provavelmente ela não virá! — diz um homem se aproximando.

— Boa tarde! Sou Solano….

Ele se apresenta e nos cumprimentamos com um aperto de mão.

— Por que diz que provavelmente ela não vem? — indago curioso.

— Michelle Martinez, é arredia… uma amazona indomável! Não será tão fácil conseguir comprar as suas terras!

— Aquelas terras tem um grande valor sentimental! — diz Marta se aproximando.

— Marta! — diz o homem sorrindo.

— Solano! — diz sem ânimo.

Eles se cumprimentam rapidamente com um aperto de mão.

— Então vamos dar início a reunião, depois conversamos com essa tal Michelle! — diz Lilian.

Nos colocamos na frente de todos…

Os fazendeiros estão sentados nas cadeiras com expressões de ceticismo, outros atentos e curiosos. Inicio a minha apresentação com gentileza, projetando segurança enquanto exponho os benefícios da venda das terras.

Com gestos precisos, aponto para um gráfico que ilustra o crescimento do mercado imobiliário na região, com as compras das terras.

— Este é o momento certo para vender! Essas terras, não são apenas uma oportunidade para nós, mas para vocês também, que terão as suas terras valorizadas! Estamos dispostos a pagar um valor acima do mercado imobiliário!

À medida que falo, destaco fatores como a valorização potencial das propriedades, a localização estratégica e as possibilidades de desenvolvimento sustentável.

Também abordo os riscos de não venderem agora, reconhecendo os desafios, mas apresentando soluções claras para mitigá-los.

— Entendo suas preocupações, mas garanto que seus funcionários terão empregos garantidos! Podemos transformar essa aquisição em um grande sucesso, favorecendo muitas pessoas!

Enquanto a apresentação avança, uso recursos visuais impactantes imagens das terras em questão e simulações de como poderiam ser desenvolvidas no futuro. A energia na sala começa a mudar, o ceticismo se transforma em interesse.

Essa foi a primeira reunião de muitas e foi bem positiva, por ser a primeira. Eles precisam pensar na proposta e tudo a seu tempo.

Lilian não tem experiência e tenta colocá-los contra a parede, porém, a impeço. No mundo dos negócios, temos que calcular cada movimento, cada palavra, é como um jogo de xadrez. Se for com muita sede, podemos perder todo o jogo.

Nos despedimos e saio conversando com Marta, pedindo para anotar algumas ideias que tive, enquanto conversava com os fazendeiros.

Na saída…

— Você conhece essa mulher mal-educada que não compareceu à reunião, Marta? — indaga Lilian.

— Sim! Michelle é minha amiga e ela não é mal-educada, ela tem grandes responsabilidades e não pode ficar muito tempo afastada da fazenda!

— Pode me levar lá amanhã? Quero conversar com ela… — digo.

— Sim!

— Nos levar né, bebê! — diz irônica. — Não se esqueça que eu estou aqui para ajudar!

— Já ouviu falar que muito ajuda quem não atrapalha?

— Não seja grosseiro!

— E você abaixe esse seu nariz em pé e seja mais educada e humana! Para conquistar o que queremos, é necessário também nos colocar no lugar dos outros, analisar as suas necessidades! Ficou o tempo todo pressionando os fazendeiros a vender suas propriedades e não é assim que se faz! Se quer participar das negociações, fique quieta e deixe que eu fale!

Entro no carro que aluguei e seguimos de volta para o hotel.

Decidi jantar no quarto mesmo, por estar cansado. Quando vieram buscar as coisas, Lilian apareceu aqui.

Ela entrou no quarto sem ser convidada.

— Lilian, saia do meu quarto, porque eu quero descansar! Estou exausto…

— Me deixa te fazer relaxar… — diz pousando as suas mãos sobre o meu peitoral.

Seguro seus pulsos com força e a afasto.

— Vou te dizer uma vez só e, espero que entenda! A única relação que temos daqui para frente é a profissional, porque tenho nojo de você e até de mim mesmo… por ter transado com você, após ter transado com ele!

— Anderson… eu… posso explicar!

Me afasto dela e desfiro um soco na parede.

— Esse é o maior erro! Querer explicar o que não se pode explicar!

— Se ouvir as minhas explicações, talvez me entenda!

Começo a ficar irritado.

— Explicar o quê? Nada justifica uma traição! Vai dizer que foi apenas uma vez? Que percebeu que não o ama? Ou que ele te forçou, se aproveitou de você? Está me achando com cara de idiota? Me esquece Lilian, porque eu já te esqueci! E digo mais, tem muita sorte de meus pais terem me ensinado a ser um homem de verdade, porque se fosse outro no meu lugar, destruiria vocês dois!

— Eu sei que você me ama! — diz entre lágrimas.

— Eu não quero mais nada com você! E tudo o que sentia, foi destruído…

Seguro seu braço e levo para fora do quarto.

Solto todo o ar de meus pulmões pela boca e deito na cama, tentando me acalmar.

Não dá para explicar a raiva que sinto dela, o ódio que domina o meu ser e faz com que cada músculo do meu corpo se contraia.

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