Capítulo 4

Anderson…

Acordo com o jatinho pousando na pista do aeroporto de Nova York.

Estávamos numa importante viagem de negócios na Alemanha.

Logo que pousamos, eu e Marta descíamos conversando. Ao longo do tempo, construímos uma bela amizade.

Lilian aguardava na pista, assim que meu olhar a encontra, apresso os passos.

Confesso que estava morrendo de saudades, caminho em passos largos na sua direção com um sorriso largo, mas ela está séria.

— Que saudades, eu estava! — digo a abraçando.

Ela corresponde e a tiro do chão.

Rapidamente se afasta e cumprimenta Marta.

— E então, como foi a viagem?

— Conseguimos fechar negócio, nossa equipe tem quinze dias para organizar tudo e embarcar para a Alemanha!

— Isso é ótimo!

Prosseguimos para o carro, deixamos Marta em seu prédio e seguimos para o nosso apartamento.

Nossa conversa foi apenas de negócio.

Logo que chegamos, tomei um longo banho.

Ao sair do banheiro ela está sentada na cama, digitando em seu celular.

Ao me ver, desliga e vem na minha direção, a puxo para um beijo e fizemos amor loucamente. O tesão acumulado é tanto que até o cansaço vai embora.

Adormeço, com seu corpo colado ao meu.

Ao acordar, passo a mão do seu lado da cama e ela não está…

Sento-me esfregando os olhos, chamo por ela e não responde.

Levanto, vou até o banheiro, faço a minha higiene e caminho até a cozinha. Lilian está no balcão mexendo em seu notebook, a abraço por trás e beijo seu pescoço.

— O que está fazendo, paixão?

— Adiantando algumas coisas do trabalho!

A campainha toca e se coloca de pé.

— Deve ser o nosso almoço!

Ela vai em direção à porta, seu celular vibra em cima da bancada e vejo ser uma mensagem do meu melhor amigo Antenor.

“Amor, pense bem na sua decisão!”

— Amor? — sussurro.

Antenor, deve ter mandado errado.

Mesmo assim, desbloqueio o seu celular e começo a ler as últimas trocas de mensagens deles.

A medida que avanço na leitura, um turbilhão de sensações negativas invadem o meu interior. Uma mistura de raiva, decepção e surpresa.

— Quero te ver, amor! Estou com saudade, essa noite foi horrível sem você ao meu lado!

— Anderson chegou hoje de viagem!

— Já contou para ele? Tem que ser sincera, Lilian! Ele tem que saber, que não quer mais se casar com ele!

— Lindo, eu sinto muito… foi ótimo toda a nossa história nos últimos meses, mas agora que Anderson voltou, percebi que eu o amo!

— Não diz isso, Lilian! Nós nos amamos, sabe muito bem disso… eu arrisquei a minha amizade com meu melhor amigo, por esse amor e agora diz isso?

— Me perdoa, mas eu já decidi! Não posso trocar um namoro de anos, por um caso de dois meses!

— Lilian, eu te amo demais, suas palavras estão me consumindo por dentro!

— Acabou, não me procure mais! Adeus!

— Não faça isso comigo, conosco! Te espero hoje no meu apartamento para conversarmos!

Depois disso, não havia mais mensagens, pego o celular e escrevo uma mensagem.

— Fique tranquilo, hoje vocês têm o caminho livre para ficarem juntos, para viverem esse amor, porque o idiota aqui, que está sobrando no meio disso tudo, vai deixar o caminho livre para vocês!

Continuo parado ali, com seu celular em uma das minhas mãos. Num desequilíbrio, seguro firme na bancada com a outra mão e aperto com força, com cada músculo do meu corpo contraído.

— A comida está quentinha! — diz entrando na cozinha sorrindo, com as marmitas nas mãos.

Levanto o olhar lentamente, ela está logo a minha frente com um semblante assustado e pálida.

— O que está fazendo? — sua voz saí quase que num sussurro.

— Quando ia me contar? — pergunto entre os dentes, lhe mostrando o celular.

— Anderson, me deixa explicar!

Nego com a cabeça, com meus olhos inundados de lágrimas.

— Me deixa te explicar, Anderson! Por favor…

Vou em direção ao nosso quarto, pego uma troca de roupa no closet e começo a me trocar.

— Paixão, por favor me deixa te explicar! — diz tocando o meu braço.

Puxo o braço com força e vou vestindo as minhas roupas.

— Não me toque!

— Eu errei, mas foi apenas uma vez, eu estava carente… você só viajava e eu e Antenor, nos aproximamos e aconteceu! Mas quando eu te vi hoje, meu coração disse que você é o homem certo…

— CALA A BOCA! Está se ouvindo, Lilian?

— Me perdoa! — diz entre lágrimas.

— Estão num caso de dois meses, enquanto sempre fui fiel, sempre te respeitei! — digo em tom alto, batendo em meu peito.

— Me perdoa… por favor, me perdoa! — diz, se ajoelhando em meus pés, abraçando as minhas pernas. — Eu errei, mas tenta entender o meu lado também! Você sempre viajando e eu tendo que ficar aqui sozinha…

— Agora eu sou o errado? Eu falhei? Desde o início, você disse que seria melhor eu fazer as viagens, por ser mais persuasivo e agora joga a responsabilidade da sua traição nas minhas costas? Não, essa culpa eu não vou levar comigo!

Peço que me solte, mas ela continua ali chorando e implorando por perdão. Controlo o choro, pois não quero que me veja chorando.

Nunca fui um homem agressivo, mas devido às circunstâncias a empurro para me soltar.

Pego a minha mala e saio do apartamento, com ela gritando o meu nome e chorando.

Entro no elevador e vou para o meu carro.

Assim que entro em meu carro, desfiro socos no volante, em seguida desabo em lágrimas e deito a cabeça no volante.

— Como eu pude ser tão idiota! Não, não e não!

A dor da traição é avassaladora e intensa. Uma dor carregada de sensações, um aperto no peito, angústia, tristeza, muita raiva e ressentimento.

Ouço batidas no vidro e me deparo com ela ali chorando.

— Por favor… por favor, vamos conversar!

Ligo o carro e saio em alta velocidade do local, ultrapassando os outros veículos na pista.

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