Capítulo 15

Marta…

A viagem para a Carolina do Norte, foi tranquila.

No entanto, quando estávamos chegando na minha cidade, meu coração disparou e tive que conter a emoção. Abri o vidro e senti a suave brisa acariciando meu rosto, enquanto inalo o ar puro deste lugar.

Assim que passamos pela praça principal, eu não posso acreditar no que os meus olhos contemplam, sim, é ele, Héctor. O carro passa lentamente e nosso olhar se encontra de uma maneira surpreendente.

O taxista estaciona o carro e imediatamente desço, Héctor está a poucos metros de nós.

Naquele instante, tudo a nossa volta parece desacelerar e enquanto os nossos olhares se cruzam, o meu coração acelera, minha boca fica seca e um friozinho na barriga.

Os olhos dele brilham com uma mistura de surpresa e emoção. Essa troca de olhar, parecia buscar compreender as mudanças que ocorreram durante os anos que estivemos distantes. Quando dou um passo para ir em sua direção, Anderson desce do carro e olhar de Héctor muda completamente. Ele atravessa a rua e finge não me conhecer, deixando meu coração entristecido.

… Que droga! Eu pensei que…

— Está tudo, bem Marta? — pergunta ele, ao meu lado.

— Estou sim… eu só pensei ter visto alguém conhecido!

Entramos no hotel e assim que nos hospedamos, deixo as minhas malas no quarto e desço apressada, em busca de vê-lo novamente, mas já não está mais ali.

Aproveito que estou na rua e caminho pela redondeza. A cada passo que dou, meu coração bate em ritmo acelerado, pois tudo aqui tem uma história.

Paro em frente a nossa antiga escola, sento-me ali e observo as crianças entrando e me recordo de tantas coisas.

Pareço estar assistindo-me, com Héctor e Michelle entrando no colégio conversando e rindo, com nossas bolsas de um lado do ombro.

Um sorriso emocionado se forma em meus lábios, quando me recordo das vezes que Héctor me perturbava, por eu ser a mais brava da turma. Quando eu estava triste ele se sentava ao meu lado e dava seu ombro para eu chorar.

A minha infância não foi fácil, enfrentei muito preconceito por eu ser filha de empregados e ser negra, mas Héctor e Michelle sempre estiveram ao meu lado.

Quantas vezes ele, dividia seu lanche comigo porque as outras crianças haviam jogado o meu no lixo. Não contenho as lágrimas ao me recordar de todos os momentos que ele esteve ao meu lado.

A primeira briga dele de escola, foi nessa pracinha quando eu dei o meu primeiro beijo, num garoto que acreditei ser o meu admirador secreto. Estava recebendo flores em meu armário todos os dias com frases lindas, mas no momento da briga, me toquei que era ele, sempre foi ele. Héctor estava sempre ao meu lado e ninguém me conhecia melhor do que ele.

Depois daquela briga, abri os meus olhos para o homem incrível que sempre esteve ao meu lado.

Depois de tantos anos, essa é a primeira vez que me arrependo de ter o abandonado, mas também não me arrependo de ter ido embora. Eu conquistei muitas coisas e me tornei uma mulher bem-sucedida. Infelizmente, não tem como termos tudo o que queremos nessa vida, às vezes, temos que fazer escolhas difíceis.

Respiro fundo e volto para o hotel.

Almoço e depois tento descansar um pouco, estar aqui me deixou emotiva.

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Héctor...

Acompanhei Michelle e as crianças até a cidade e aproveitei para comprar algumas medicações que os animais estão precisando e alguns que tenho que ter na minha maleta.

Aguardava eles na pracinha, quando um táxi passa devagar e quem eu vejo ali, faz o meu coração acelerar.

Era ela... Martinha..., a mulher que eu tanto amei.

Ela está ainda mais linda do que eu me lembrava, seu corpo escultural está ainda mais definido, com curvas marcantes, se tornou um mulherão.

Meu corpo é acometido por uma tremedeira, um nó na barriga e meu coração salta do peito.

Seu olhar parece de surpresa, emoção e felicidade. Na medida que o nosso olhar se cruza, o mundo desaparece, as nossas almas parecem tentar ler, se ainda restou algo desse amor, que um dia sentimos. Quando intento dar um passo à frente, vejo um homem ao seu lado e cheio de ódio, me recordo do que Lurdinha havia dito.

......Sou um idiota mesmo! Deve ser o tal noivo dela!......

Volto para a picape, mas de longe observo eles entrando no hotel e não posso deixar de admirar a bela mulher que ela está, tão linda e elegante...

Assim que a minha amiga se aproxima, voltamos em silêncio para a fazenda.

Não consigo esquecer aquela mulher, minha cabeça briga com meu coração. Sinto raiva dela e sinto ainda mais raiva de mim, por estar sentindo tantas coisas novamente. Acreditei que esse amor havia acabado, mas me enganei.

Assim que chegamos na fazenda, vou para o estábulo, celo um cavalo e vou para o meu lugar de paz nessa fazenda, a cachoeira.

Não sei como será daqui para frente, mas preciso ser forte e não me deixar levar por esse sentimento.

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