Capítulo 5

Anderson…

Lágrimas de ódio, inundam meus olhos embaçando a minha visão e quando vou passar por um cruzamento, quase sou atingido por um caminhão.

Encosto o carro no acostamento e deito a cabeça no volante e choro.

Não dá para expressar tudo o que estou sentindo.

Meu celular toca insistentemente, então desligo, pois não quero falar com ninguém.

Assim que consigo me acalmar, vou para o bar que frequentava quando era solteiro.

Peço um drink, outro e outro até ficar alterado.

— Me traz a garrafa, garçom! — digo com a voz arrastada.

O homem assenti com a cabeça.

Ouço uma voz conhecida logo atrás de mim e reviro os olhos, pois se trata da minha irmãzinha Luciane.

— Vai com calma, maninho! Desse jeito vai acabar se casando com a garrafa! — diz puxando a cadeira e sentando-se ao meu lado.

— Pelo menos a garrafa não vai me botar um belo par de cifres, com meu melhor amigo! Quem sabe, não rola um casamento e eu te convido para ser madrinha! — respondo com um sorriso amargo nos lábios, seguido de uma piscadela.

Ela se aproxima e me abraça.

— Estava com saudades, mano!

— Eu também, mana! Nem sabia que estava por aqui... — digo balançando a bebida do meu copo.

— Sinto muito pelo o que aconteceu! — diz ela.

— Como me encontrou?

— Lilian, ligou… disse que vocês tiveram uma discussão e saiu descontrolado do apartamento!

— Ela disse o motivo?

— Não, mas desconfiei que se tratava de algo grave! Tem certeza de que ela fez mesmo isso?

— Vi as trocas de mensagens deles e ela assumiu, ainda jogou a culpa nas minhas costas! Posso não ter sido perfeito, mas nada justifica uma traição, sempre fui sincero e gostaria que ela tivesse terminado antes de me apunhalar pelas costas! O pior de tudo, é que foi com o meu melhor amigo! — Viro a dose de whisky de uma vez e aperto o copo com força.

— Sinceramente, é difícil de acreditar, afinal tanto a Lilian como ele, sempre foram pessoas de bem!

Dou de ombros, com meu maxilar trincado.

— Não adianta encher a cara! Essa dor não vai passar bebendo e nem de uma hora para outra! É normal passarmos por momentos difíceis, mas é muito importante, buscar maneiras saudáveis de lidar com esse tipo de situação! Fiquei feliz em saber que não perdeu a cabeça e cometeu uma loucura, mas beber desse jeito vai te fazer mal! Eles não valem isso...

— Eu não sou um homem violento, nossos pais nos ensinaram valores importantes e dentre eles, que não se bate numa mulher, nem com uma pétala de rosa!

— Bem, eu gosto de levar uns tapinhas… se é que me entende! — zomba e dá uma piscadela para o garçom que sorri de canto.

— Ai por favor, Luciane! Me poupe desse tipo de comentário, sou o seu irmão!

— Estou brincando, mano! Estou aqui para te apoiar, segurar na sua mão se precisar e te fazer sorrir!

— Eu sei e sou muito grato por isso, mas hoje eu só quero beber!

— Ok! Então vamos beber, vou ficar bem quietinha do seu lado!

— Não tem que trabalhar, não?

— Estou aqui em Nova Iorque de férias, esqueceu?

Sorrio de canto.

Entre um copo e outro, começo a chorar, a falar coisas sem nexo, até esquecer de onde estou.

...ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ...

Luciane Harris…

Sou Luciane Harris, 29 anos, americana e atualmente resido na Inglaterra.

Tenho 1,80 de altura, cabelo liso longo preto abaixo dos ombros, olhos castanhos escuros, magra com curvas marcantes.

Sou uma mulher imponente, de personalidade forte, determinada, honesta e íntegra.

Formada em direito, me tornei uma das delegadas mais jovem dos Estados Unidos. Sempre fui muito esforçada e determinada com o que eu quero. Mesmo com o preconceito de homens machistas no decorrer da minha jornada, nunca desisti. Porque tenho o apoio do homem mais importante da minha vida, ele sempre esteve ao meu lado, apoiando e incentivando, meu pai.

Sigo os passos do meu pai, que sempre foi um grande exemplo de homem, marido, pai, filho e amigo. Seu legado é justiça, honestidade e caráter por onde passa.

Meu foco principal, não são peixinhos pequenos, mas sim os grandes, aqueles que traficam pessoas, estupradores, pedófilos e agressores de mulheres.

A minha mãe foi vítima de violência doméstica, antes de se casar com o meu pai, ela tem uma ONG, onde várias mulheres a procuram, buscando por ajuda. Ela passa os casos para o meu pai, que cuida de tudo pessoalmente, os levando presos e se encarrega de terem um tratamento muito especial na prisão.

Ao longo da minha carreira como delegada, já tive vários casos chocantes em mãos, sou contra o crime e máfias, mas me aliei a algumas em especial, que têm sede de justiça. São mais justas e corretas do que a própria polícia, pois nesse ambiente há muitos corruptos, para não dizer a maioria.

A única coisa de que me arrependo em minha vida, foi de deixar um amor para trás, para focar nos meus estudos. Quando voltei, ele já havia encontrado alguém melhor e que o ama verdadeiramente.

Agora estou seguindo com a minha vida, permaneço solteira, focando apenas no trabalho.

Ainda não encontrei ninguém que me faça sentir sensações únicas. Espero um dia poder encontrar um amor verdadeiro e ser feliz nessa área da minha vida. Enquanto isso não acontece, eu curto a vida, gosto de sair para beber, dançar e fico ocasionalmente com um colega de trabalho. Obviamente, ele sabe que não passa de um cantatinho.

Estou de férias e vim passar esse mês com a minha família, cheguei ontem a noite e tive uma grande surpresa. Um jantar com toda a família reunida.

Só estava faltando o meu irmão, Anderson, como sempre estava viajando a trabalho.

Hoje eu e as minhas irmãs estávamos no shopping, quando uma delas recebeu a ligação de Lilian, dizendo que ela e Anderson haviam brigado.

Conheço muito bem o meu irmão e sei para onde vai quando quer relaxar, melhor dizendo, quando quer encher a cara.

Anderson bebeu tanto, que tive que levá-lo carregado para a casa dos nossos pais.

Nossos pais lhe deram um banho e o colocaram para dormir, como se fosse um bebezinho.

… Ele que não me ouça!…

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