Capítulo 14

Michelle…

Logo que acordei pela manhã, fiz a minha higiene pessoal, me troquei e fui acordar as crianças mais cedo, para fazerem as suas tarefas.

Tenho que ir até a cidade conversar novamente com o penhorista, ele analisou o meu colar e ficou de me dar uma resposta. Ontem a tarde, entrou em contato e disse que foi aceito. Confesso que fiquei impressionada com o valor que vale o colar e o pingente.

Yuri não quer se levantar, então puxo as cobertas…

— Fala sério, mãe! Eu quero dormir mais um pouco!

— Tenho que ir até a cidade resolver alguns assuntos pendentes e ir até o seu colégio! A diretora me ligou e quer que eu te acompanhe até o colégio hoje! O que você aprontou Yuri?

— Eu não fiz, nada! Só estou cansado de ser zoado por todos aqueles idiotas!

— O que você fez, filho? — pergunto, sentando-me ao seu lado.

— Eu me envolvi numa briga, empurrei um idiota que pensa que é ser melhor que todos! — diz colocando seus óculos.

— Filho, quantas vezes eu tenho que dizer, para não se envolver em brigas? Venha falar comigo, que eu resolvo!

Ele se coloca de pé irritado.

— Esse é o problema mãe! Eles ficam me provocando, dizendo o quanto a senhora é bonita e tantas outras barbaridades, que me tiram do sério! Eu não quero que se envolva mais nas minhas coisas!

— Filho, eu só quero o seu bem!

— Eu sei, mas quero que pare de me tratar como uma criança, eu sou o homem da casa agora!

— Filho, eu sei que sente falta do seu pai…

— Mãe, a Mariah, sempre foi a filha preferida do papai, ele nunca me tratou do jeito que a trata, pode parecer errado, mas a sua morte não mudou em nada a minha vida!

— Filho, eu não fazia ideia de que se sentia assim…

— Esquece isso, tá! Eu só peço que não se envolva mais na minha vida, deixe que eu resolvo os meus problemas na escola, com aqueles imbecis!

Ele vai para o banheiro e se tranca lá.

Cada dia é um problema diferente, não sei mais o que fazer…

Vou até o quarto da Mariah e a minha preguicinha se esconde embaixo das cobertas, a encho de cócegas…

— Para, mãe! Para mãe! — gargalha.

— Vamos fazer as tarefas mais cedo, tenho que ir até a cidade e vou levar vocês comigo!

Ela vai até o banheiro e enquanto faz as suas higienes, pego uma troca de roupa para a minha pequena e uma bota de borracha.

Ela volta para o quarto…

— Filha, o seu irmão arrumou algum amigo no colégio, desde a última vez que te perguntei?

— A senhora perguntou isso na semana passada, mãe!

— Me preocupo com vocês!

— Está do mesmo jeito! Entrou uma menina nova, os dois estavam bem próximos, mas o carinha mais popular da escola, arrumou confusão com o Yuri e ele se afastou dela! Ficam zombando dele, dizendo que ele é um nerd, feio…

— Que garotos maldosos!

— Pois é!

Ela me conta os apelidos que deram ao meu filho e me parte o coração. Fico revoltada...

Seguimos para a cozinha e Yuri já estava na mesa.

Após o café, deixo eles tratando das galinhas e dos porcos e vou até o estabulo. Alimento os cavalos, coloco água fresca para todos, enquanto converso com eles e acaricio suas caras.

Ao final das nossas tarefas, seguimos até a cidade com meu amigo Héctor. Ele precisava comprar alguns remédios para os animais e nos acompanhou.

Vou até a casa de penhor e deixo as crianças com Héctor, assino os documentos necessário. E peço a Deus que me ajude, que algum dia eu possa recuperar esse colar.

Assim que pego a alta quantia em dinheiro, vou até o banco. Quito algumas parcelas do empréstimo e guardo um pouco para a emergência.

Passo no colégio das crianças. A professora e diretora, expressam sua preocupação, diante das atitudes agressivas de Yuri. Meu filho sempre foi

tímido e um excelente aluno, mas agora está muito rebelde.

Após a nossa reunião, vou até a prefeitura, para saber o que o prefeito queria comigo e acabo me arrependendo. Ele está apoiando o tal projeto e me convidou a participar da reunião com eles hoje a tarde. Agradeço e vou embora…

Encontramos com Héctor na pracinha e o meu amigo está estranho, parecia ter visto um fantasma.

— Está tudo bem, Tor?

Ele balança a cabeça olhando em direção a um hotel e volta a tenção para mim.

— Está sim! Já terminou tudo por aqui?

— Já sim e quero ir embora o mais rápido possível!

Percebi que Héctor, anda mais quieto do que o normal nos últimos dias e não tivemos tempo de conversar. Como as crianças estavam conosco, também não quis questionar.

Chegamos na fazenda e as crianças correm para se arrumar para a escola, enquanto eu vou até o açude, onde meu pai está pescando.

Hoje ele não está de muita conversa, então deito a cabeça em seu ombro e permaneço assim por um longo tempo.

Não dá para acreditar que corremos o risco de perder tudo isso daqui, por uma irresponsabilidade de Jimmy.

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