Desafios de um Amor Improvável/Romance BL

Capítulo 19:"Nos gestos não ditos, o desejo se revela."

P.o.v -Dan

Os dias na faculdade se arrastavam. Eu tinha passado um tempo trabalhando no clube da máfia, mas fiz o possível para evitar Marcos. Ele também estava ocupado, e mesmo quando o via de longe, preferi manter distância. Naquele dia, estava estudando no jardim da faculdade com Malu.

-Como andam suas coisas e sua vida com o Gustavo? - perguntei, tentando puxar assunto.

-Uma merda - respondeu ela, sem hesitar.

Percebi o quanto ela parecia decepcionada.

-O que está acontecendo? - insisti.

-Sempre tentei me aproximar, ele não me dá abertura. Quando falei pra gente ir te ver e levar o João pra você conhecer, a gente brigou logo de manhã.

-Nossa, que barra... mas tenta evitar essas coisas com o líder da máfia... Traz foto do bebê pra mim... eu posso ver por foto - falei, tentando confortá-la.

Malu puxou o celular e me mostrou uma foto.

-Ele é um fofo. Todas as vezes que o pego no colo, ele sempre dá um sorrisinho.

Olhei a foto e sorri.

-Ele é bem fofo mesmo.

Depois de um momento, soltei um desabafo.

-Eu nem sei bem o que me mantém trabalhando no clube... Acho que é o medo de não poder trabalhar em lugar nenhum... porque o Marcos não quer que eu saia de lá. Ele disse que se eu sair, não vou conseguir trabalhar em lugar nenhum.

-Por que eles são assim? - Malu perguntou, com um tom de frustração.

-Eu não sei... eu nem sei por que ele é assim comigo.

-Não sabemos por que eles são assim com a gente.

-Eu não sei bem o que fazer sobre isso - falei, sentindo-me perdido.

-Muito menos eu. A gente só sabe que tá lascado nessa história... Nem sei por que o Gustavo não gosta de você.

-Meu pai nem está falando comigo, ele está me ignorando - confessei, com um nó na garganta. - Acho que sobre o Gustavo, ele tem ciúmes de você.

-Será que ele descobriu o mesmo que eu descobri sobre você? Ciúme? De mim? Não tem nem como.

-Descobriu, sim. O Leon da outra máfia tirou fotos de mim e do Marcos nos beijando no carro e mandou para o meu pai.

-Poxa, sinto muito... Saiba que eu vou estar do teu lado.

-Eu acho que tem como sim ele ter ciúmes de você... Ele só não demonstra na sua frente.

-Eu acho que ele me vê mais como inimiga.

-Acho que não mais que eu - respondi, rindo para quebrar o clima tenso.

Mais tarde, cheguei no clube um pouco depois do meu horário usual. Senti o peso da noite anterior ainda sobre mim enquanto caminhava para a minha sala. Sentei-me na cadeira, mas minha mente estava longe dali.

"Talvez eu deva me afastar do Marcos," pensei, um suspiro escapando dos meus lábios. "Ele se arriscou por mim naquela noite..."

O silêncio da sala foi interrompido pela súbita entrada de Marcos. Ele nunca batia antes de entrar, então sua presença ali não me surpreendeu tanto.

-O que você andou fazendo pra chegar nesse horário? - ele perguntou, a voz carregada de uma curiosidade que mal escondia sua irritação.

Olhei para ele, já acostumado com suas intromissões.

-Desculpa, eu... acompanhei a Malu até metade do caminho da casa dela... acabei perdendo o ônibus.

Marcos franziu o cenho.

-É, estou sabendo que você anda bem próximo da Malu. Não quero te ver com ela. Essa garota só arruma problemas.

-Ela é minha amiga de longa data, Marcos - repliquei, tentando manter a calma.

-Não quero saber - ele rebateu. - Ela só pensa nela e sempre quer tudo do jeito dela.

-Não vou parar de falar com ela - declarei, sentindo a tensão aumentar.

Ele se aproximou de mim rapidamente, puxando-me pela gola da camisa. Seu olhar estava sombrio.

-Ou você se afasta dela, ou ela vai ter um final doloroso - ameaçou, o tom grave.

Olhei para ele, espantado com a ferocidade em suas palavras.

-Eu entendo porque você está assim! Eu também não gostei que aquela moça sentou no seu colo e você não fez nada.

-Ela apenas sentou, eu não transei com ela e nem a toquei - ele disse, como se isso justificasse tudo.

Afastei sua mão de minha camisa com um movimento brusco.

-Me solta, Marcos! Eu não tô nem aí se você transou com ela ou não!

Ele me olhou, um sorriso zombeteiro surgindo em seus lábios.

-Está chateado e com ciúmes porque ela sentou no meu colo, mas não se preocupa, você vive sentando.

-Cala a boca - respondi, sentindo a raiva crescer dentro de mim. — Você realmente não cansa de ser um idiota, né?!

-Está querendo me impedir de falar com minha amiga porque você é muito inseguro! - acrescentei, minha voz carregada de frustração.

Marcos levantou a mão, o impulso de me bater claramente presente, mas ele se conteve.

-Você me respeita! Eu não sou aquela vadia da sua amiga!

Virei o rosto, temendo que ele realmente fosse me bater.

-Ela não é vadia... Ela é muito melhor que aquelas suas amigas que você gosta de passar a mão nelas porque elas são oferecidas — retruquei, tentando manter a voz firme.

-Quando você ver algumas dessas garotas, é só chegar e falar a mesma coisa que eu falei de você - ele disse, puxando-me para mais perto, sua mão agarrando meu rosto com força.

Olhei para ele, assustado, tentando afastá-lo ao segurar seu ombro, mas não consegui.

-Marcos... por que está fazendo isso? Dói...

Ele parou por um momento, um sorriso perverso se formando em seu rosto.

-Em mim não está doendo, mas na sua amiguinha vai doer.

-Você não vai machucar ela! Você não tem esse direito, Marcos!

-Quem você acha que é pra falar o que eu devo fazer?! — ele gritou.

Minha raiva explodiu e, sem pensar, dei um tapa em seu rosto.

-Acorda, Marcos! Olha o que está falando!

Ele me encarou, os olhos fervendo de raiva, mas também havia algo mais ali. Antes que eu pudesse reagir, ele agarrou meu cabelo e deu um tapa no meu rosto.

-Vou te mostrar o meu verdadeiro lado - ele murmurou, sua voz baixa e perigosa.

Fechei os olhos, sentindo o impacto dele me jogando no sofá e ficando por cima de mim. Minhas mãos instintivamente seguraram seu peito.

-O que você tá fazendo? - perguntei, a voz trêmula.

-Você sabe o que eu estou fazendo... Você vai gostar - ele respondeu, um sorriso malicioso dançando em seus lábios.

-Melhor não, Marcos! - tentei afastá-lo, mas ele era mais forte. - O que deu em você?!

Senti seus dentes cravarem no meu pescoço, o que só intensificou o medo e a confusão.

Ele continuou, deixando marcas pelo meu corpo enquanto eu lutava para me libertar.

-Não... aqui não... - murmurei, ofegante, tentando fazer ele parar.

-Vai ser aqui sim, vou fazer você ficar maluquinho - ele disse, a voz carregada de desejo.

-Espera... não podemos! Eu nunca fiz isso com homem... - tentei argumentar, mas minha voz vacilava.

Tentei me soltar, virando de bruços, mas ele me puxou para mais perto, sua respiração quente contra minha orelha. Meu corpo respondia, mesmo que minha mente gritasse que aquilo estava errado.

-Não fique bravinho, hoje vou fazer você me perdoar - ele sussurrou, o tom dele deixando claro que não ia parar.

Me virei novamente, mais calmo, e nossos lábios se encontraram em um beijo intenso. Mas logo depois, afastei-me, minha voz baixa e incerta.

-Você disse que eu vou gostar, né? Mas como eu vou gostar se você quer fazer isso com raiva de mim?

-Não estou com raiva, mas estou com tesão - ele respondeu, sem hesitação.

-Mas eu não sei se é bom a gente fazer isso agora... Desculpe... - falei, sem jeito, minha mente ainda girando.

-Não precisa ficar nervoso, tem uma primeira vez pra tudo, e eu estou há um tempo sem transar — ele disse, como se isso fosse o bastante para me convencer.

Olhei para ele, espantado.

-Mas... eu... não tô... pronto pra isso com você...

-Não precisa se preocupar - ele respondeu, com um sorriso malicioso.

-Como assim? - perguntei, sentindo o desconforto crescer.

-Não vai doer - ele disse, a confiança em sua voz era desconcertante.

-O que? - minha voz saiu envergonhada. -Co... como você pode saber disso?

-Não sei, pelo menos as mulheres nunca reclamaram - ele respondeu com um sorriso.

Fiquei ainda mais envergonhado.

-Mas eu não sou uma mulher.

-Disso eu sei, mas vou fazer você gemer igualzinho - ele replicou, sem um pingo de dúvida.

-Como pode falar isso?! - protestei, empurrando-o levemente e me levantando. -Você é louco?

-Talvez eu seja um pouco... Mas se eu não transar eu fico mais — ele respondeu, o tom dele insinuante.