Capítulo 9:"O que não lembramos revela mais sobre nós do que o que sabemos"

P.o.v- Marcos

Acordei com uma dor de cabeça horrível e me sentei na cama. Ao olhar para o meu lado, vi Dan dormindo na minha cama, um tanto desarrumado. Pensei: "Mas que merda aconteceu? Por que ele está na minha cama?"

Levantei-me e fui até o banheiro. Quando me olhei no espelho, percebi que estava sem roupa e comecei a ficar agoniado por não lembrar de nada. Pensei: "Nãoooo Acredito que eu fiquei tão bêbado que a gente fez algo."

Em um impulso de frustração, dei um soco no espelho, fazendo-o se estilhaçar.

Dan acordou assustado e se sentou. Levantou-se rapidamente e foi em direção ao banheiro.

-Marcos? O que foi? - perguntou, vendo que eu tinha quebrado o espelho e que minha mão estava sangrando. Ele segurou minha mão, preocupado.

-Você se machucou! - disse ele.

Olhei para Dan e, mantendo um semblante sério, puxei minha mão e me afastei.

-Não preciso de ajuda de ninguém! E o que você está fazendo aqui?!

Dan me olhou confuso.

-Você mandou eu ficar ontem... não lembra?

Fiquei surpreso.

-Eu nunca mandaria um homem ficar aqui comigo! Saia daqui agora e vá direto para sua casa!!!

-Mas... e o trabalho? - Dan perguntou, hesitante.

-Saia daqui agora! Não quero te ver na minha frente! - gritei com raiva.

Dan, espantado, saiu rapidamente, indo embora.

Percebi que ainda estava sem roupa. Peguei um roupão e me vesti. Pensei: "O que aconteceu?"

Voltei para o quarto, vesti-me e saí em direção à cozinha para tomar café.

Gustavo me cumprimentou ao me ver.

-Bom dia, senhor Marcos. Parece de ressaca.

Respondi com seriedade.

-Bom dia? O meu dia já começou errado.

Gustavo, curioso, perguntou:

-Por quê?

-Não quero falar sobre isso! - retruquei.

Malu, que estava ali, perguntou:

-Foi algo tão péssimo assim?

-Para mim foi! - respondi.

Gustavo questionou, desconfiado:

-Tem algo a ver com o garoto lá? O Dan?

-Não tem nada a ver com ele! - afirmei, um pouco irritado.

Gustavo não parecia muito convencido e disse:

-Hummm... sei...

Malu comentou, tentando aliviar o clima:

-Clima tenso para um café, não?

-E você, Gustavo, quando essa criança vai nascer? - perguntei, tentando mudar de assunto.

-Faltam dois meses já, falta pouco, né? — Gustavo sorriu.

-É - Malu respondeu.

**

Alguns dias depois, Dan foi até o clube da máfia, onde precisava do trabalho. Eles o deixaram entrar e ele foi até a sala onde eu estava, batendo na porta.

-Entre! - gritei ao ouvir a batida.

Dan entrou, saudando:

-Bom dia...

Olhei para ele com seriedade.

-Veio fazer o quê aqui? Eu me lembro que mandei você ficar fora daqui, não é?

-É... mas e meu trabalho? — Dan respondeu, hesitante.

Pensei por um momento e perguntei:

-Você quer voltar ao trabalho para me seduzir de novo!?

Dan parecia surpreso e respondeu:

-Eu? Mas eu não fiz isso!

-Se você não fez nada, então por que acordou na minha cama e eu acordei daquele jeito? - insisti.

-Você está com raiva por causa disso? Você que me beijou e me forçou a dormir lá com você!

-Eu não lembro de nada disso, então se eu não lembro, eu não fiz - retruquei, levantando-me e me aproximando dele.

Dan deu alguns passos para trás.

-Mas você fez sim! Eu que deveria estar bravo! Não... você!

Segurei o braço de Dan.

-Você se aproveitou de mim porque eu estava bêbado.

Dan gemeu um pouco, mostrando dor no braço que eu segurava. Percebi que ele estava machucado e com hematomas.

-O que aconteceu com seu braço? - perguntei, preocupado.

-Nada! - Dan puxou o braço, tentando evitar a questão.

-Fala logo! O que foi isso? E quem fez?

Dan evitou a resposta.

-Deixa isso pra lá, eu vim perguntar sobre meu trabalho.

Peguei seu rosto e o levantei, vendo os hematomas.

-Me fala quem foi o filho da puta! Porque eu sei que alguém te bateu!

Dan retirou minha mão de seu rosto, um pouco envergonhado.

-Não foi nada demais, só uma briga com o irmão da Manu.

-Nada demais!? Você está aí sem conseguir mexer o braço direito e vem dizer que é nada demais! Onde esse cara mora?

Dan parecia espantado.

-Eu tô bem, por que quer saber onde ele mora?

-Porque eu quero! Vou fazer uma visita para ele.

Dan tentou evitar:

-Não! Não precisa.

-Não adianta dizer que não precisa, eu quero saber onde ele mora!

-Não, Marcos! Não precisa mesmo, deixa isso pra lá!

-Você tem que parar de ser bonzinho com algumas pessoas. É por isso que algumas pessoas fazem o que querem com você!

Dan pediu desculpas e, com um tom de resignação, perguntou:

-Desculpa... eu posso voltar ao trabalho?

-Se quer tanto voltar, então vá logo. Vou precisar sair agora - respondi.

-Obrigado... é... licença - Dan disse, saindo e indo para sua sala.

Pego minha pistola e chamo alguns capangas para descobrir o endereço do irmão da Manu.

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