Lita que ainda estava acordada conseguiu ver alguém caminhando da direção de trás. Ela se aproximou da janela para enxergar com clareza quem estava passando. Na penumbra da noite, não conseguiu distinguir o rosto do homem que passeava ao redor do antigo cemitério, mas Lita estava certa de que era humano, pois conseguia ouvir, mesmo que de forma distante, a sua voz murmurando um zikr e recitando versos curtos. Então, Lita decidiu abrir a porta da casa, mesmo que apenas um pouco, meio desconfiada por haver uma pessoa rondando sua casa àquela hora da noite. Se o homem fosse bom, poderiam conversar um pouco e dissipar o medo que se aninhava em seu coração.
"Lukas?!"
"Eh, assalamualaikum." Lukas se assustou ao ver Lita sair de casa.
"Walaikum sallam. O que você está fazendo aqui?" Lita perguntou, finalmente se sentindo à vontade para abrir a porta.
"Não é nada, só estou dando uma volta à noite para me exercitar." Lukas mentiu, temendo que isso aumentasse o medo de Lita.
"Você não tem medo de andar sozinho à noite? Aqui é meio assustador." Lita falou em um sussurro.
"Não devemos ter medo, a não ser de Allah." Lukas aconselhou.
Lita assentiu, concordando com as palavras de Lukas. Pois, realmente, somente a Allah eles deveriam temer. Contudo, não mentiria ao dizer que Lita sentia medo dos fantasmas que frequentemente a atormentavam nesta casa. Não só os fantasmas dessa casa, mas também aqueles da sua aldeia.
"De onde você é? Sua forma de falar é parecida com a da minha aldeia." Lukas agora estava curioso.
"Da vila Sewu Teko. E você, também é da aldeia?" Lita perguntou.
"Oh, isso é perto da minha aldeia também. Eu sou da vila Rawa Belatung." Respondeu Lukas.
"Eu também conheço alguém dessa aldeia. Às vezes, lembro dela quando enfrento problemas com fantasmas." Lita se lembrou da pessoa que frequentemente a ajudava.
"Quem?" Lukas perguntou, interessado na pessoa.
"O nome dela é Purnama. O irmão dela foi casado com meu irmão! Mas eles se separaram; agora o irmão dela já casou de novo." Sem perceber, Lita começou a se sentir à vontade conversando com Lukas.
Lukas, ao ouvir o nome da pessoa por quem já teve uma paixão, ficou em silêncio. Seu amor por Purnama não teve sucesso, pois a garota escolheu outro homem. Purnama era renomada por sua habilidade em enfrentar fantasmas; já ajudou muitas pessoas. Lukas também sabia que Purnama e seu irmão não eram humanos normais; em seu sangue havia uma linhagem demoníaca muito maligna. Mas agora ela se tornara uma pessoa muito boa, graças à orientação de sua mãe, que era bondosa com todos.
"Por que você ficou em silêncio?" Lita olhou para Lukas.
"Eh! Não, eu só estava lembrando." Lukas mentiu.
"Se ela estivesse aqui, com certeza teria eliminado esses fantasmas." Lita começou a sonhar acordada.
"Não podemos depender apenas de outras pessoas. Enquanto tivermos capacidade e vontade de lutar, insya Allah, conseguiremos. Não devemos desistir facilmente." Disse Lukas, com sabedoria.
Lita assentiu, com o coração duvidoso. Sentia que não teria coragem para enfrentar os fantasmas que a incomodavam todas as noites; e naquela noite, ao voltar do trabalho, já estava apavorada, com medo de encontrar uma aparição.
"Ali atrás tem um cemitério também, e parece ser bem antigo." Lita informou.
"Não sei por que há tantos cemitérios aqui." Murmurou Lukas.
"Se fossem os cemitérios dos ancestrais, tudo bem. O que me intriga é que eles também enterram os moradores." Lita comentou.
"Quem sabe, Dona Melati guarda muitos segredos." Lukas disse, passando a mão no seu bonito rosto.
Lita olhou de relance, pois o jovem era bem bonito, mas, de alguma forma, achava o Sam ainda mais atraente. Seu coração estava preso ao rapaz que frequentemente ia à loja onde ela trabalhava, mas isso ainda não poderia ser considerado amor ou uma paixão.
"Entre, eu já vou me despedir." Lukas sugeriu, sentindo-se incomodado em ficar por muito tempo.
"Sim, tome cuidado." Lita entrou em casa.
Lukas imediatamente se afastou, deixando a casa onde estava Lita. Ele caminhava de forma descontraída, como se não tivesse medo algum. Lita ficou um pouco admirada com sua coragem; talvez porque ele havia dito que só temia a Allah.
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Andrea teve que lavar as roupas à noite porque no dia seguinte precisava usá-las para a faculdade, acompanhada por Laura e Caca. Elas se encolheram, esperando por Andrea que estava secando as peças na máquina de lavar disponibilizada pela Dona Melati. Parecia demorar uma eternidade.
"Por que você não fez isso mais cedo, Rea?!" Caca parecia irritada.
"Eu esqueci! Eu realmente esqueci completamente." Respondeu Andrea, enquanto aguardava suas roupas secarem.
"É superstição, como dizem os mais velhos, lavar roupa à noite." Comentou Laura.
"E como faço isso? Amanhã eu tenho prova e preciso usar uma camisa branca! Vocês não têm outra." Andrea também estava frustrada.
Laura e Caca também tinham provas, então as roupas delas também eram usadas, e elas só tinham uma. Afinal, elas eram filhas de famílias humildes, e a maioria das estudantes que moravam ali era de famílias necessitadas. Elas decidiram morar em um lugar assustador apenas porque o preço era bastante acessível. Onde mais conseguiriam um preço tão baixo, especialmente em uma cidade grande como esta?
"Graças a Deus, acabou." Andrea exclamou, pegando suas roupas secas na máquina.
"E você vai pendurar onde? Não pode ser no quarto." Disse Laura.
"E então, onde? Não dá para deixar aqui, e se chover?" Exclamou Andrea.
"Sim! Olha, já está nublada. Vamos rápido voltar para o quarto." Caca se levantou, impaciente para voltar.
Finalmente, elas terminaram de lavar as roupas de Andrea. Na verdade, não era só uma. Ela pensou em aproveitar e lavar tudo de uma vez. Havia apenas cinco peças de roupa e duas calças. Andrea levou tudo para o quarto, onde penduraria perto da janela e balançaria para que secassem até a manhã, sobrando apenas a parte de passar e usar para a faculdade.
"Anda logo, Ca!" Laura reclamou, pois estava na retaguarda.
"Calma, Andrea é quem está demorando." Caca culpou Andrea.
Finalmente, elas chegaram ao quarto de Andrea após atravessar um momento realmente tenso. Laura e Caca se deitaram discretamente no quarto de Andrea. Se Dona Melati descobrisse, certamente ficariam de castigo.
Mas Samuel no modo descolado.
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Atualizado até capítulo 134
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