Às três da manhã, Lita acordou com barulhos vindos de cima. Talvez os ratos estivessem correndo, pois o andar nunca tinha sido tocado por humanos. Contudo, o que deixou Lita intrigada foi o som, que mais se parecia com alguém tocando tambor. Definitivamente não era o barulho de ratos. Lita afinou os ouvidos para tentar identificar melhor aquele som. Agora estava cem por cento certa de que se tratava de alguém tocando um tambor, mas quem seria a pessoa acordada a essa hora da madrugada? Às sete horas, as crianças já não se reuniam mais ali, devido ao medo que o lugar inspirava. Lita começou a perceber que aquele lugar realmente tinha algo de errado.
"O que eu devo fazer agora?" pensou Lita, entre a curiosidade de ver e o desejo de ignorar.
O som aumentava toda vez que Lita optava por ignorá-lo, como se realmente quisesse sua atenção e quisesse que Lita fosse vê-lo. Lita não era tão corajosa a ponto de subir sozinha; se tivesse ao menos um amigo, ela se sentiria mais segura. Já não bastasse o susto que levou ao desmaiar da última vez, quando um rosto derretido lhe apareceu de repente, seria demais passar por isso todas as noites por causa de travessuras de um espírito. Lita também já estava cansada de lidar com fantasmas ou demônios.
Desde que estava na sua aldeia, ela já tinha se envolvido várias vezes com coisas do tipo. Seu irmão quase morreu devido a um demônio que havia sido inserido em seu corpo. Sua mãe também teve problemas com um espírito travesso e a situação teve um desfecho trágico. Sem contar os fantasmas que costumavam incomodá-la. Na antiga aldeia, havia muitos espíritos vagando, e eles eram do tipo que adoravam pregar peças em Lita.
"Espero que não aconteça nada." Lita pensou, com o coração acelerado.
Finalmente, os pés da garota avançaram para fora do quarto e, lentamente, ela se dirigiu à escada de madeira que dava acesso ao segundo andar. Seus pelinhos já estavam eriçados devido ao clima tenso que a cercava. O olhar de Lita se fixou na escada, um tanto sombria. Apesar de as luzes já estarem acesas para que o ambiente ficasse menos assustador, isso não ajudou em nada; a sensação de medo continuava a avaliá-la, como para qualquer um que decidisse subir.
Braaak.
A pintura de um homem sentado em um cavalo caiu do nada no chão, fazendo Lita sobressaltar-se e segurar o corrimão da escada. Sua boca não parava de repetir o nome de Allah, pedindo proteção ao Criador. Lita colocou a pintura de lado, pois não conseguiria pendurá-la novamente.
"Então, aqui em cima é bem espaçoso." murmurou Lita, olhando ao redor, admirada com a amplitude do lugar.
O teto era feito de uma chapa de zinco brilhante, permitindo que a luz da lua entrasse e criasse um cenário deslumbrante. Havia uma cama coberta com um lençol branco, para evitar a poeira. E não poderia faltar um sofá solitário. Lita circulou pelo local, determinada a encontrar a fonte do som de tambor que ouvira. Quando subiu, o barulho já havia cessado.
"De onde vinha aquele som? Por que agora não está mais?" pensava Lita.
Como não havia mais sons de tambor, Lita se aproximou da janela do andar de cima. A vista era magnífica, e a garota sentou-se, contemplando a mata nos fundos do prédio onde moravam os estudantes. Sozinha, aproveitando a beleza da paisagem, Lita relembrou sua vida.
"Não é possível que eu tenha que sofrer para sempre," Lita falou consigo mesma, enquanto enxugava suas lágrimas.
A sombra negra que antes se estendeu, parecendo querer empurrar Lita dali, hesitou ao ouvir a voz da garota, trêmula e chorosa. Lita fechou os olhos, lembrando de todas as dores que já enfrentara.
"Por que ninguém quer saber de mim? Por que, huhuhuuu." Lita chorava, seus ombros tremendo.
Uma mão peluda, como a de um macaco, se estendeu para tocar o cabelo de Lita, mas a garota não percebeu. Ainda perdida na tristeza, ela apoiou a cabeça na parede, limpando o nariz que também estava escorrendo.
"Malang! Você sabe que estou realmente sofrendo? Achei que era apenas questão de azar nas relações familiares. Na verdade, também não tenho sorte no amor!" Lamentou Lita.
A jovem chorou por um longo tempo, falando sozinha sobre suas angústias, e sentir-se aliviada após liberar toda a tristeza reprimida. O coração de Lita doía ao relembrar o desprezo de Azka, que a havia rejeitado envolvendo outra mulher. No entanto, era apenas dor, não ódio que gerasse raiva; ela não podia forçar ninguém a amá-la.
Cansada de chorar e embalada pela brisa da noite, Lita fechou os olhos e adormeceu sentada. A figura escura de olhos vermelhos acariciou novamente a cabeça de Lita e a abraçou, ouvindo todas as suas queixas.
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Lita abriu os olhos e olhou em volta, confusa com a situação. Ela estava deitada em uma cama coberta com um lençol branco. Se bem se lembrava, tinha adormecido sentada perto da janela. Mas quem a havia levado para lá? Lita não teve tempo para pensar, pois poderia se atrasar para o trabalho.
"Eeeegh! Ai, já é sete e meia!" Lita correu para baixo e agarrou sua toalha.
Dito isso, sentiu uma urgência de ir ao banheiro. Assim, Lita entrou no toalete para aliviar-se. Enquanto estava agachada, observou a umidade do banheiro, onde havia uma corda entrelaçada na viga central. Sua mente começou a divagar ao ver a corda, especialmente ao lembrar-se do que Caca havia dito sobre um choro de dor nesse banheiro.
Felizmente, Lita terminou rápido e foi limpar-se. Apressou-se para o chuveiro para se refrescar. Sentiu uma surpresa ao molhar o rosto, como se alguém estivesse parado diante dela. Quando abriu os olhos, não havia ninguém. No encanamento, não havia nada, então Lita apressou-se para ensaboar o corpo e terminar rapidamente o banho.
"Meu Deus, a água está tão fria." Murmurou Lita, tremendo um pouco.
A jovem saiu do banheiro e foi para seu quarto, vestindo suas roupas e penteando os cabelos lisos e negros. Depois de passar uma leve camada de pó e pegar um pão, ela decidiu tomar o café da manhã de forma simples, para economizar durante a vida na cidade. Não podia se dar ao luxo de ser extravagante, pois seu salário não era grande.
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Atualizado até capítulo 134
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