Uma Viagem Estressante

Jordan Karvell

Estamos no avião para a cidade vizinha, vai levar uns 40 minutos de voo e eu já estou entediado. Não gosto de sair de onde estou bem para resolver problemas que eu pago as pessoas certas para resolverem.

Rubi olha para mim e vê aquele bico que já conhece bem.

— Está de mal humor porque vai ficar longe da namorada, já sei... Maninho em 4 dias estaremos de volta e ela vai estar no mesmo lugar te esperando.

— O que me deixa mais irritado é que se nossos tios tivessem colocado os filhos deles junto com a gente no comando das empresas eu não precisaria sair de casa para resolver algo que um deles poderiam resolver no meu lugar. Rubi, nossos primos, Alana e Lucca, do nosso tio Thomas podem nos ajudar, já a Eldora ainda é muito imatura para algo tão grande e o filho do nosso tio Ambrose, o Adonis, vive por aí mergulhado em sua vida de playboy solteiro gastando mais do que pode. E a Louise ainda está em Paris estudando moda... Enfim, o que mais tem e gente para nos ajudar e no final somos apenas nós 4.

— Eu sei que você não gosta de sobrecarregar a gente, tanto que Justin fica na empresa 3 vezes na semana porque você sabe que ele gosta mesmo é de ser o Reaper. A Jolie também fica apenas 3 vezes na semana porque ela gosta de ser a Lótus, já euzinha aqui você sabe que meu trabalho é sentada na frente de um computador e sabe que dou conta dos dois mundos de onde eu estiver. Não pense nunca que você está me sobrecarregando, porque no final de tudo é você que está sobrecarregado. Você pensa tanto em nós que acaba esquecendo de si mesmo.

— Eu tenho que colocar vocês acima de tudo sempre. Vocês são meu mundo, minha vida. Não posso perder o controle e arriscar perder vocês. Vamos mudar de assunto... Você já rastreou para saber quem deu o desfalque?

— Sim, já fiz isso! Mas seja lá quem foi, fez o melhor trabalho que já vi. Meu amigo, Sucker... — eu a interrompo e pergunto:

— Você tem um amigo que se intitula "Sucker/Otário"? Com que tipos de amigos a minha irmãzinha anda por ai? Acho que preciso ficar mais a par de suas amizades.

— Não julgue um livro pela capa ou melhor não julgue um Hacker pelo seu vulgo. Ele não é o que seu vulgo diz, por isso que usamos "apelidos" no nosso meio, qual a graça de saberem quem somos? Agora falando do meu "amigo", ele é o melhor que conheço na nossa área e não encontrou nenhum rastro.

— Então seus "amigos hackers" não sabem seu nome verdadeiro? — ela afirma com a cabeça — Então qual é seu apelido no submundo hacker?

— "Red bee"! Gostou?

— Abelha Vermelha? Agora me diz... Por que?

Ela me olha e sorri animada, adoro as covinhas que tem nas bochechas dela e seus olhos sorriem junto com seus lábios, essa criaturinha sabe como mexer com seu irmão mais velho bobo.

— Porque eu sempre deixo uma abelhinha vermelha como assinatura quando faço um trabalho, claro que depois que a pessoa vê a abelhinha desaparece, não podemos deixar qualquer rastro.

— Eu gostei...

Quando a conversa estava boa escutamos o piloto avisar que já iremos pousar, e a animação da nossa conversa ganha um balde de água fria... Quando estávamos nos preparando para descer da aeronave eu me viro para Rubi e falo:

— Rubi, me lembre de continuarmos essa conversa quando voltarmos para casa.

Rubi me dá um abraço apertado e depois seguimos para uma casa que a Jolie alugou para nós, ela achou melhor mandar um grupo grande de seguranças e também alugar uma casa ao invés de um hotel.

— Preciso ligar para a Jolie e você garotinha, vai tomar um banho e comer algo.

Dou uma breve olhada na casa e logo encontro o escritório, não espaçoso, mas dá para trabalhar. Tem um computador aqui, mas não vou usar até a Rubi colocar o que precisamos nele, por enquanto vou usar meu notebook. Me sento e ligo para Jolie que logo me atende.

— "Fala amor da minha vida. Chegaram bem?"

— Sim, chegamos, agora você pode me dizer por que você escolheu uma casa e por que mandou tantos seguranças? Não sou idiota, Lótus, fala logo.

— "Não foi minha intenção esconder algo de você, mas te conheço bem o suficiente para saber que aquele desgraçado pode estar armando algo para você e sei que não vai pensar duas vezes antes de ir até ele sozinho. Mandei 8 dos nossos melhores atiradores e já dei ordem para qualquer coisa que eles considerarem suspeita para atirar."

— Eu agradeço a preocupação, maninha, mas você tem razão, eu iria mesmo até ele sem pensar duas vezes, você sabe que eu quero a cabeça desse maldito "Caçador" nas minhas mãos.

— "Não faça nada estúpido. Apenas respire fundo e faça tudo do jeito que você gosta de fazer... Com frieza e crueldade."

— Até mais, Jolie, e se cuida.

Estou ali distraído pensando no que Jolie me disse e ela pode estar certa. Esse desgraçado pode muito bem ter armado essa para mim e eu estou aqui bem na sua armadilha, preciso olhar por onde piso e em quem passa por mim.

Rubi entra animada e com uma embalagem de pizza nas mãos.

— Você pediu pizza? Esqueceu que estamos aqui escondidos? Ou quase né...

— Pedi para um dos seguranças comprar enquanto eu fui tomar banho. Não tem nada de bom na geladeira e nem nos armários, precisamos fazer compras.

— Temos que estar na empresa em uma hora, depois que sairmos de lá podemos ir ao supermercado.

Nós comemos e eu subo para um banho, coloco meu terno preto com gravata vermelha, adoro essa gravata. Quando desço vejo que Rubi já trocou de roupa também...

— Vamos?

— Só se for agora...

Ela se levanta do sofá e dá uma olhada em mim, tira seu celular do bolso e tira uma foto de mim que a olho sem entender nada.

— Espera apenas 1 minutinho eeee...

Meu celular apita e vejo que é uma mensagem de Lorena que diz:

— "Namorada ciumenta aqui. Não se esqueça que dirijo muito bem."

Dou uma risada e respondo para ela:

— "Namorado ciumento nível hard bem aqui, não saia sem mim."

Fico aqui imaginando a risada que ela deu e a vontade de voltar para casa aumenta...

— Agora sim, podemos ir. Não vou deixar minha cunhadinha sem saber que o gato do namorado dela está saindo assim tão lindo e ficar aqui parada.

— Pelo sim ou pelo não você está sempre certa.

Dou outra risada e seguimos para a empresa... Quando meu carro para lá vejo que os funcionários que conhecem minha cara ficam bem nervosos e apreensivos, ao longe escuto os comentários e dá para ver que estão com medo, eu paro no meio do salão de entrada e digo:

— Parem o que estão fazendo e digam para todos que em meia hora quero toda a empresa no salão de festas. "Todos".

Caminho na direção do escritório principal e para ser sincero estão todos tão apavorados que ninguém vai avisar ao Brandon que estou aqui.

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