Duas mulheres, uma essência

Jordan Karvell

Enquanto estamos na mesa de jantar fico observando ela e algo ali é tão familiar para mim, me trás um conforto e um sentimento de bem estar muito grande... Ela me olha e diz:

— Se você não comer sua comida eu comerei por você. Isso aqui tá uma delícia... Já faz um tempo que eu não como comida caseira, minhas últimas refeições tem saído do microondas já faz um tempo.

— Mas por que? Não é nada saudável viver de congelados, você tem noção de como seu corpo perde imunidade pela baixa frequência de vitaminas e minerais recebidas?

— Kkkkk... Você fala como a minha mãe. Sinto falta dela. Eu não tenho tempo a perder cozinhando, minha vida é agitada, senhor Karvell.

— Por que sua mãe foi morar com a sua irmã? Ela te liga ou manda mensagem? Minha mãe não fica 1 hora sem falar comigo, ela diz que o seguro morreu de velho. Você iria gostar de conhecê-la.

— Minha mãe foi morar com a Laura porque ela disse que estava grávida e que sua gestação era de risco, no começo minha mãe me ligava todos os dias e mandava mensagens, mas em algum momento lá na casa da Laura minha mãe parou de falar comigo, eu descobri que a Laura nunca esteve grávida e que ela começou a controlar com quem minha mãe podia falar ao telefone e eu estava na lista negra, quem me contou foi uma vizinha que ia lá passar roupas duas vezes na semana e ela trazia bilhetes escondido da minha mãe para mim e de mim para minha mãe até que um belo dia essa vizinha apareceu com as duas mãos enfaixadas e quando me via na rua corria de mim como o diabo da cruz.

— Me deixe adivinhar, Laura queimou as mãos da sua vizinha ao descobrir que ela estava enviando recados entre você e sua mãe. Sua irmã precisa de uma lição e é você quem precisa dar.

— Mas eu tentei dar uma surra naquela vaca quando descobri que ela havia agredido minha mãe por ela tentar sair escondida para me ver, mas os capangas do maridinho dela acabaram torcendo meu pulso, eu até consegui derrubar dois pois eu estava possuída de raiva naquele momento só que fui derrotada e tive que ir para o hospital.

— Quem torceu seu pulso? — minha postura muda e vejo que ela está surpresa comigo.

Não consigo conter esse meu outro lado, o coringa, quando escuto falar que um maldito homem foi capaz de machucar uma mulher. Meu pai me criou ensinando que mulheres não são o sexo frágil e que não podemos subestima-lás, mas que devemos protegê-las mesmo assim e nunca machuca-lás.

Devemos dar a elas o espaço que precisam e dar o mérito devido as suas conquistas. Ela ainda está me olhando enquanto alguém grita dentro de mim querendo fatiar as mãos daquele maldito babaca que foi capaz de machuca-lá.

— Foi o braço direito do "Gonzalez", meu cunhado, o apelido do filho da puta é falcão e ele sempre quis me "pegar", mas já falei para ele que prefiro morrer ao deitar na cama dele... O motivo para o meu relacionamento com o Ben não ter durado muito foi o fato dele surrar o Ben todas às vezes que eles se encontravam na rua e ele deixava bem claro que era por minha causa as surras.

— Você não vai mais precisar se preocupar com esse homem, ele acabou de encerrar sua vida aqui nesse mundo. — Ela apenas suspira e diz:

— Você não é o primeiro a dizer isso para mim, senhor Karvell. E especialmente você, que tem isso tudo aqui para cuidar por que se preocuparia com os meus problemas?

Dou uma risada alta e ela para com o garfo cheio de macarrão a meio caminho da boca me olha irritada...

— Eu gosto de você, Lorena! E se eu disse que vou fazer algo por você pode ter certeza que seu problema seja lá qual for já está resolvido. Você quer sua mãe de volta morando com você? Assim você terá, você quer seu pai aqui fora ao seu lado também, você terá. Você quer que seus inimigos sofram por tudo que já lhe fizeram então sente-se e aprecie o show.

Depois de dizer isso para ela eu me levanto e vou até o meu quarto troco de roupa vou até a garagem e pego minha moto... Vamos dar um passeio, estou afim de caçar "falcão" hoje.

Com apenas uma mensagem no grupo que criei após 10 minutos na pista sou seguido por outras 9 motos e todos ao meu comando aceleramos direto para um bar onde ficam os integrantes da gangue de merda de Gonzalez, paramos em frente o lugar e ficamos ali acelerando cada vez mais para chamar a atenção de todos lá dentro e quem eu queria sai e pergunta:

— Quem ousa vir até aqui perturbar a nossa noite? Tá procurando a morte por acaso?

— Você é o tal Falcão? Que gosta de bater em mulheres? Que tal você mexer com alguém do seu tamanho? Ah, me desculpa, mexer com alguém quase do seu tamanho. Fazer o que se sou um pouco mais alto.

— Qual nome eu devo escrever na sua lápide? Tire pelo menos esse capacete para que eu possa ver alguma coisa além dos seus olhos, gosto de ver em quem estou batendo.

Com apenas um movimento dele todos os seus saem do bar, ele pensa que vai levar vantagem pois estão em um número maior.

— Pode me chamar de Coringa, mas não é minha lápide que vai precisar de nome!

Tiro meu capacete e eles avançam sobre nós, eu vou direto no tal Falcão, ele tenta me acertar com um pé de cabra, mas eu desvio e acerto sua costela com tudo e tenho certeza que ouvi barulho de osso quebrando, ele cai e grita enquanto falo:

— Que entediante, pensei que seria mais empolgante. Levanta daí e tenta me acertar pelo menos.

— Vou fazer você engolir seus dentes e depois vou fatiar seu corpo como fatia salame.

— Aí... Promessas e promessas. Vamos logo, pare de falar e faça alguma coisa ou você só é durão com mulheres?

Ele vem de novo e eu até tento deixar ele me acertar, mas o cara tem mão de moça e seu soco parece mais um tapa, perco a paciência e espanco o desgraçado até que ele desmaia no chão, ao meu redor os meus deixaram todos no chão e eu dou a ordem:

— Esse pedaço de carne aqui... — aponto para o tal Falcão que parece mais um pitinho — Quero no meu galpão de abate, já os outros podem deixar aí...

Deixo pixado na parede do bar: "Coringa esteve aqui!" Ao lado risadas.

Volto para casa no meio da madrugada e depois de um banho eu apago na minha cama usando apenas uma calça de moletom. Quando acordo sinto meu estômago querendo se devorar, passo no banheiro lavo o rosto e escovo os dentes, passo minha mão no meu cabelo e desço, eu preciso de um belo café da manhã. Quando chego na sala de jantar não acredito no que vejo. Minha mãe e Lorena juntas conversando...

— Mãe?

— Por que não me disse que tinha contratado uma mulher para dirigir para você? Ela é incrível, gostei muito dela.

— É claro que gostou, mãe, vocês duas tem a mesma essência. Mas o que está fazendo aqui? Você não é de aparecer sem avisar.

— Você se lembra que daqui a dois dias seu pai vai fazer aniversário, né? E combinamos que você me ajudaria com tudo, a propósito quero essa linda jovem no aniversário do seu pai. Lorena, você está mais do que convidada.

— Obrigada, Jordana! Não me olha assim, chefe. Ela não aceitou quando a chamei de senhora Karvell.

— E continue a me chamar pelo meu nome. E você aí "senhor Karvell" seja legal com ela.

— Você vai se unir com ela para me intimidar mãe?

Elas dão uma risada juntas e ao mesmo tempo e sim elas tem o mesmo jeito de sorrir, acabei de perceber uma coisa, cai na armadilha delas.

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