Não Tão Estranhos

Jordan Karvell

Depois da pergunta dela acelero meu carro e faço algumas manobras para mostrar para ela que não sou tão bobo como ela deve estar pensando... Ela me olha e diz:

— Na próxima que você for fazer um drift numa curva acentuada não segure tão firme o volante ou vai perder a emoção da manobra. O volante não é seu "amiguinho" que precisa de uns apertões, é só carinho e umas passadas leves de mão. — ela pisca para mim ao falar e parece pensar no que disse — Droga, eu e minha boca grande.

— Muito corajosa para falar assim com um homem que nem conhece direito, senhorita Baker. Mas já percebi que é impulsiva e não pensa muito na hora de falar algo. — paro em uma praça e meus seguranças param um pouco distante para me dar privacidade — Para trabalhar para mim... — começo a falar para ela — Você precisa entender que quanto mais muda melhor, e quanto menos ouvir vai tornar sua vida um paraíso.

— Você trabalha para a CIA ou alguma coisa parecida? Porque não vejo motivo para tanto, afinal você comanda apenas um fábrica de bebida alcoólica, não creio que tenha tanto mistério assim.

Dou risadas do que ela fala, se ela soubesse que está falando com o rei do submundo talvez teria um pouco mais de temor. Não me orgulho muito das coisas que já fiz no submundo, mas fiz para proteger minha família e não me arrependo.

— Lorena, você está em uma praça no meio da noite com um homem que mal conhece, minha dúvida é... Você não tem medo?

— Se fosse de fazer algo ruim comigo você teria feito aquela noite em que nos vimos pela primeira vez. Você teve todas as oportunidades do mundo para me fazer virar purpurina cinza, mas não fez, por que eu deveria ter medo de você agora? Medo é uma fraqueza, não tenho mais 8 idade.

Ao dizer isso para mim eu penso: "O que será que realmente aconteceu na vida dela para deixá-la assim hoje?"

— Só um conselho, Lorena, você não precisa ter medo de ninguém, mas precisa ter cuidado em quem confia, talvez eu não seja o lobo mau hoje, mas talvez você possa encontrar um bem ali na frente e não conseguir sair ilesa das garras dele.

— Avisa para o lobo mau que a chapeuzinho tem garras e aprendeu algumas coisas com a vovó, principalmente como se cozinha um lobo. Se isso for um teste seu para saber se dou conta do serviço por ser uma mulher já viu que dou conta, né?

— Esteja amanhã nesse endereço. — entrego para ela um cartão com meu endereço — Ás 7 horas em ponto, já fica avisada que odeio atrasos. — ela sorri e em seguida fala:

— Você pode ter certeza que eu também odeio atrasos, acho esse tipo de gente incompetente. Mas diz aí grande senhor Karvell, como vou dirigir sem uma habilitação? Pois como vou dirigir para o senhor vou precisar de uma habilitação? Creio que não consiga uma no meio da madrugada.

Ela me faz rir mais uma vez.

— Não se preocupe com isso! Agora vamos, não quero ser responsável pelo seu atraso para seu primeiro dia de trabalho.

Entramos no meu carro novamente e seguimos para o trailer dela. Chegando lá dou uma boa olhada em volta e digo para ela:

— Você não vai mais precisar morar aqui com o salário que vai receber trabalhando para mim. Pode alugar uma casa e morar em um bairro melhor.

— Estou bem onde estou. Não importa o valor do salário, senhor Karvell. Não sou o tipo de pessoa que deixa o dinheiro subir a cabeça, eu faço o dinheiro, mas o dinheiro não me faz... Até amanhã, senhor Karvell.

Ela entra me deixando do lado de fora olhando para a pequena porta se fechando o que me faz pensar: "Como essa mulher conseguiu me levar lá para dentro sendo tão baixinha, tenho os meus 1,90 de altura e tenho certeza que peso entre 85 e 90 quilos, como essa mulher conseguiu tal proeza?"

Entro no meu carro e dou partida seguindo pela madrugada escura até chegar na minha casa, já em meu quarto tomo um banho e vou para cama como estou, me deito e adormeço sonho com a mulher morena linda vindo ao meu encontro e depois dali a noite aquece mais do que deveria.

Amanhece o dia e eu me levanto, depois de um banho e do café da manhã estranho o fato dela ainda não estar aqui porque já são 7 horas e quando saio de casa vejo ela no portão com um copo de café na mão encostada em seu carro e então eu pergunto:

— Por que está aí fora? Era para você entrar.

— Estou bem onde estou! Mas agora vamos ao que interessa, trabalho, habilitação e salário.

Convido ela para entrar, já dentro do meu escritório entrego para ela um envelope.

— Aí dentro tem seu contrato para o trabalho que preciso que assine e sua habilitação. — ela me olha surpresa pela primeira vez.

— Como você conseguiu minha habilitação de volta? Eu tentei um milhão de vezes e não consegui.

— Não importa como consegui o importante é você não dar mole de perder ela de novo! Não vai mais precisar fazer o que fazia antes pois seu salário é de 36 mil dólares por mês mais os extras. Como pode ver no contrato.

— Esse salário é um absurdo, é muito alto. Por que está me pagando isso tudo?

— Como está aí no contrato você vai ter que estar a minha disposição em qualquer horário e com disponibilidade para viajar a qualquer momento, então o salário deve estar condizente com sua função. Não vejo como algo tão alto assim.

— É claro que não, você deve tirar isso nos primeiros 10 minutos do dia.

— Evidente que está errada, tiro isso em segundos. — dou outra risada para ela que revira os olhos — Não é educado revirar os olhos para o seu chefe. E outra coisinha, você vai dirigir os meus carros então se comporte.

— Vou tentar não dar perda total em nenhum deles. Você tem seguro, né? — ela não consegue conter sua risada com a cara que eu faço, é mais forte que ela.

Agora sim essa mulher fudeu minha mente, ela é ainda mais linda sorrindo. Tento manter a postura afinal de contas ela agora é minha funcionária...

— Vamos logo, eu preciso estar no escritório em 20 minutos para uma reunião. — nos levantamos e seguimos para o carro até que ela me pergunta curiosa:

— Vou ter que usar uniforme ou posso usar minhas roupas? Não tinha nada especificando isso no seu contrato.

— Pode usar roupas normais de preferência da cor preta, você não precisa de uniforme. — entro no carro e me sento no banco de trás enquanto ela entra no lado do motorista e se vira para mim — Algo errado?

— Acho que vou gostar de trabalhar para você. Sempre quis dirigir um Maybach e graças a você vou dirigir um agora mesmo. — Ela dá partida e acelera.

— Não destrua meu carro, por favor. — ela sorri para mim de novo e acelera, dou graças a Deus que eles abriram o portão rapidamente, ela parece uma criança que acabou de ganhar seu presente de natal fico ali olhando a forma como ela dirige. "Jordan, ela é só uma funcionária. Se recomponha agora mesmo!!"

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