Amigos Próximos

Lorena Baker

Ele me convidou para ficar hoje na casa dele pois já passa da meia noite e não dá para dirigir por duas horas até chegar no meu trailer, estou cansada e preciso estar de pé amanhã cedo.

Tomo um banho e visto uma calça de pijama que encontrei e uma blusa feminina. Deito na cama que é enorme e macia demais, me reviro para todos os lados, mas não consigo dormir e a fome bate já que ele disse que eu podia comer qualquer coisa na cozinha vamos lá então.

Ao chegar na cozinha levo um susto com ele sentado lá próximo ao balcão comendo um sanduíche.

— Achei que tinha jantado naquele restaurante chique em que estávamos.

— Você já viu a quantidade de comida que vem naqueles pratos? Aquilo não alimenta ninguém. Eu poderia comer umas 6 quantidades daquelas que não iria encher meu estômago.

— Nisso tenho que concordar. Eu pedi uma macarronada e eles disseram que não tinha e me empurraram outra coisa lá que eu tenho certeza que não era macarrão, mas tive que comer já que você estava pagando e pelo preço que vi muito caro.

Vejo que ele deixou algumas coisas em cima do balcão e decido fazer um sanduíche para mim. Enquanto monto o meu sanduba decido perguntar para ele:

— Com tantos motoristas profissionais por aí por que você escolheu a mim? Sei que não sou a melhor opção.

— Porque você é perfeita para o que eu preciso! Tenho meus próprios critérios para contratar meus funcionários e nem sempre é pela qualificação profissional, às vezes é pelo caráter mesmo. De que adianta uma experiência excelente e não ter pelo menos um caráter descente?

— Você conseguiu descobrir tanto sobre mim em poucas horas? Como criou um julgamento positivo de uma pessoa como eu?

— Tem coisas que conseguimos explicar com palavras e outras com atitudes e seu caso é o segundo. Não fique ocupando sua mente com "Por ques?" Tá perdendo um tempo produtivo com isso.

— Ok... — Termino de montar meu sanduíche e me sento para comer e o silêncio se instala até que meus olhos se encontram com os dele e eu pergunto: — Minha cara está suja? Isso sempre acontece comigo.

— Só um pouquinho no canto da boca.

Ele vem até mim que estou sentada e passa seu dedo no canto de meus lábios e depois leva até sua boca. Ele me observa engolir com dificuldade, mas nossos olhos não desviam.

— Pode se afastar um pouco, senhor Karvell? Está um pouco quente aqui, não acha?

— Talvez, Lorena... Talvez! — ele se afasta de mim e tenta se recompor, com uma certa relutância interna consigo me afastar enquanto ele fala: — Até o amanhecer, Lorena.

— Até ,senhor Karvell. — ele sai e me deixa ali.

Depois de comer eu limpo a bagunça e vou para o quarto e penso: "O que foi aquilo na cozinha? Ele iria me beijar? Mas é claro que não sua maluca. Mas confesso que não seria ruim."

Depois que amanhece tudo volta ao normal aqui e eu passo o dia na empresa dele de novo até que às 15 horas da tarde ele vem até mim.

— Está liberada por hoje e fique de olho no telefone, irei ligar se precisar de você amanhã. Ainda não tenho certeza se amanhã você precisa vir... Até mais, Lorena.

— Como assim? Dia de folga já? Ok, senhor Karvell, até.

Saio de lá feliz da vida pois vou fazer meus corres, hoje a noite tem uma corrida que vai valer 2 mil dólares e eu ainda preciso de dinheiro até meu salário cair, eu sempre levo dinheiro para o meu pai se eu não fizer isso coisas acontecem com ele na prisão e tenho certeza que ele já está precisando. Quando chego no meu trailer sou surpreendida por Ben.

— E aí gato, sentiu saudades?

— Como você some assim e não me responde minhas mensagens? Pensei que sua irmã tinha finalmente conseguido o que queria. Tem idéia de como eu fiquei preocupado?

— Calma aí, eu estou bem! É que meu novo trabalho exige muito de mim e ontem eu não tive como voltar para casa. Mas estou aqui agora e bem. Vamos ao que interessa, na corrida de mais tarde quanto vai ser o "passe"? Preciso saber se tenho esse dinheiro aqui.

— 250 dólares... Já falei que odeio quando você participa dessas corridas assim. Da última vez bateram no seu carro e por pouco não precisou ir para um hospital.

— Sei que você quer meu bem, mas sabe que preciso ir ver meu pai e como amanhã estarei com o dia livre não quero chegar lá sem nada. Eu sei que ele só quer me ver, mas sei também que ele precisa de dinheiro ou as coisas tendem a ficar "complicadas" lá dentro. Não quero chegar lá e ver meu pai machucado de novo, a desculpa dele foi que caiu no banheiro, mas tinha machucados demais para quem caiu no banheiro.

— Eu sei que você ama seu pai, mas já pensou no fato que em algum momento você não vai mais conseguir levar dinheiro para ele e as coisas podem piorar?

— Isso está fora de cogitação para mim! Eu dou meu jeito, economizo meu salário o máximo que eu puder para levar o suficiente para ele passar o mês em paz, mas não vou desistir nunca.

— Eu... Eu pago o seu passe dessa noite, só toma cuidado, por favor. Sua irmã quer uma oportunidade para te ferrar e eu não quero que isso aconteça.

— Fica tranquilo, estou melhor nas manobras fechadas e vou conseguir fazer aquela curva e chegar em primeiro. Agora eu vou dormir um pouco pois não dormi quase nada essa noite... Me acorda às nove? Não quero perder o horário da corrida.

Ele diz que sim e depois de me dar um abraço vai embora e eu deito logo na minha caminha deliciosa e durmo logo, tenho que ganhar essa corrida. Ao adormecer não sonho com meu querido J.A, mas sim com o outro J, e as coisas esquentam no sonho acordo suada e com o Ben batendo na porta.

— Pode entrar... — ele entra e eu vou para o meu banheiro, depois de um banho frio me visto e prendo meu cabelo em um rabo de cavalo e estou pronta — Vamos?

— Vamos sim... Mas algo está gritando aqui dentro que hoje você não deveria ir.

— Você e esses pressentimentos... Vamos logo, Ben.

Chegando lá já posiciono meu carro ao lado dos outros 5, será uma corrida com 6 carros já que a corrida vai ser num aeroporto desativado. Olho para a pista e mais na frente tem uma curva feita de cones laranjas temos que contornar ali e voltar para a linha de chegada, o primeiro lugar ganha dois mil dólares.

Todos a postos e a partida é dada, o idiota ao meu lado até tenta me fechar, mas consigo ultrapassar ele, acelero mais um pouco e empato com o carro que estava em primeiro lugar. Quando chega próximo a curva ele desacelera e eu não apenas faço a curva um pouco fechada como quase perco o controle do carro, mas recupero quase na mesma hora e quando cruzo a linha de chegada meu coração acelera. Paro o carro de lado e escuto as pessoas em volta gritando até que escuto Ben entre eles.

— Lorena, sai do carro agora. — Ben praticamente grita para mim.

Eu olho para o lado e vejo um carro vir na minha direção e ele não diminui e acho que até acelerou mais, eu tiro o cinto de segurança e tento sair pelo lado do carona e quando estou abrindo a porta o carro bate com tudo no meu me arremessando para longe, acho que bati a cabeça em alguma coisa pois sinto uma dor aguda na cabeça e apago depois disso.

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