Não Caímos na Rotina

Jordan Karvell

Estou aqui admirando a forma como ela dirige que é uma mistura de velozes e furiosos com roleta russa, mas ao invés de uma arma essa doida está usando meu carro, confesso que é admirável consegui chegar no escritório em 10 minutos.

— Você dirige bem, mas na próxima pode ir com calma.

— Você não deve estar acostumado com um pouco de emoção, né? Sua vida deve ser tão chata.

— Acho que precisa melhorar sua memória, como foi que nos conhecemos mesmo? E ontem?

— Duas infelizes coincidências... Mas fala aí, senhor Karvell, terei que esperar aqui ou tenho hora para voltar?

— Você pode entrar e ficar lá dentro, tem um refeitório e uma sala para assistir tv, tem internet a senha é Família Karvell. Sinta-se em casa só não destrua nada.

— Por que fala comigo como se eu fosse uma criança de 7 anos? Não vou quebrar nada na sua preciosa empresa. — fala levantando os braços para cima e balançando as mãos.

— Acredito em você. — pisco para ela e dou um meio sorriso e isso deixa ela visivelmente sem graça.

Entramos e deixo ela na sala de tv, mostro para ela onde é o refeitório e onde fica minha sala. Ao entrar no escritório me deparo com meus pais.

— Aconteceu alguma coisa? — pergunto levantando uma sombrancelha.

— Será que aconteceu alguma coisa, Rael? Huuuuuummmmmm... Talvez, o meu filho tenha sido atacado por sei lá quem e não se deu ao trabalho de contar para nós, será que é isso?

— Calma, minha Ratinha, nosso Coringa é inteligente, forte e muito habilidoso! Não deixaria alguém levar a melhor assim não é, meu filho?

— Quem contou para vocês? — minha mãe cruza os braços e bate o pé me olhando — Está tudo bem mãe e o meu pai tem razão e, por favor, não mencione meu nome do submundo aqui, vocês sabem que eu gosto de separar as coisas. Meus tios já voltaram de viagem?

— Sim, mas seus primos ainda não querem vir trabalhar na empresa, apesar de todos já estarem na maior idade escolheram profissões diferente! — meu pai responde.

— Suas tias até tentaram convencer eles, mas... Acho que tudo isso aqui vai ficar nas suas mãos mesmo. — minha mãe segura minha mão enquanto fala.

— Isso não é possível pois tudo aqui é da família Karvell. E todos deveriam trabalhar um pouco por isso, afinal é uma herança de família. Seria bem vinda a ajuda deles já que vão herdar parte de tudo aqui. Justin, Jolie e Rubi já tem suas funções tanto aqui quanto no submundo e não reclamam de nada, agora meus primos tem direito de escolha?

— Seus tios ainda não desistiram e continuam tentando convencer eles de ajudarem aqui mesmo com carreiras diferentes. — minha mãe tenta me acalmar — Vai dar tudo certo, meu amor, eu sei que você quer assumir apenas a máfia e deixar a empresa nas mãos dos seus primos e sei que seus irmãos querem seguir você, mas por enquanto tenta equilibrar tudo até porque você está indo muito bem nos dois lados.

— Sim, sua mãe tem razão, você e seus irmãos estão me dando muito orgulho. Eu nunca imaginei que seria assim tão perfeito. Obrigado, meu filho.

— Vou pedir para alguém levar vocês em segurança para casa. — eu até penso na Lorena, mas no mesmo segundo decido mandar outra pessoa.

Minha mãe iria encher a Lorena de perguntas e conhecendo aquela maluca ela iria responder todas. Depois que meus pais foram para casa eu dou início ao meu dia e vou para a minha reunião que apesar de tentar não me atrasar acabei me atrasando.

Quando cheguei lá meus irmãos já tinham dado início a tudo e me deixou mais tranquilo. No final da tarde vou até a sala de tv, mas não encontro Lorena então vou para o refeitório e vejo que ela está em uma competição de quem bebe mais suco e eu penso: "Isso está mesmo acontecendo?"

Dou uma leve tossida e todos olham para mim, sabe quando os gatos correm todos ao mesmo tempo quando a gente joga água? Essa foi a cena agora, a única pessoa que não se moveu um centímetro adivinhem só quem é? Sim, Lorena. Ainda me olha rindo.

— Olá, senhor Karvell. Aceita um suco?

Eu a olho sério, mas logo depois um sorriso que já estou começando a me acostumar a dar aparece em meu rosto.

— Pare com isso, Lorena. Ele é seu chefe e está te pagando bem, foco mulher. — ela sussurra, mas consigo ouvir.

— Vamos logo, tenho outro compromisso em 1 hora e preciso passar em casa ainda.

Ela me olha e sinto que quer perguntar alguma coisa. Quando já estamos no carro decido falar para ela:

— Se você tiver alguma pergunta é só fazer. Não precisa ter algum receio.

— Você terá outro compromisso, então vai precisar de mim e eu fico pensando que horas irei para casa. Acho que já percebeu que eu não moro tão perto da sua nada humilde residência.

— Vou te mostrar o quarto que irá ocupar quando ficar muito tarde para voltar para o seu trailer... Ainda acho estranho o fato de você não optar por uma casa mais perto, mas não julgo.

— Não curto dormir fora de casa, mas se for realmente muito tarde aceito o tal quarto, minha única exigência é que seja longe do seu.

— Acha mesmo que... Deixa para lá. Só para você saber não faço o tipo que assedia ou usa truques sujos, sou o tipo que quando realmente tem interesse vou direto ao ponto sem vírgulas.

Ela me olha pelo retrovisor e depois desvia o olhar... Depois de um longo jantar chato com um acionista da empresa estamos finalmente voltando para casa e como já mostrei para ela o quarto que pode usar hoje ela vai dormir na minha casa para descansar o suficiente para amanhã.

Estou terminando de revisar uns gráficos e algo chama a minha atenção, com o canto do olho vejo um homem de moto parear ao lado do meu carro e apontar uma arma para mim, apenas digo para ela:

— Lorena acelera! — ela pisa fundo no acelerador fazendo o cara desequilibrar e atirar.

— Eu vou fingir que isso é apenas mais uma coincidência. Por que você tem tanto azar? Isso deve ser uma tentativa de roubo tenho certeza. Mas hoje esse ladrão bateu de frente com a mulher errada.

O homem tenta parear com a gente de novo e ela joga o carro para cima dele o fazendo cair de vez na pista, ela continua acelerando não dando chance dele nos alcançar novamente.

Ela acha que o que aconteceu foi provavelmente uma tentativa de furto, vou deixar que pense assim por enquanto. Chegando em casa ela sai do carro e diz:

— Acho que temos algo em comum, senhor Karvell. Ambos somos raios para confusão... Talvez o que aconteceu hoje possa ter sido minha irmã que deve ter descoberto que estou trabalhando para você, eu sinto muito se tiver sido ela.

— Não foi sua irmã e não se desculpe por isso. Como você mesma disse somos um raio para confusão e é isso. Agora entre e descanse, se estiver com fome pode ir até a cozinha e preparar alguma coisa para você, tem roupa no closet e pode usar a vontade. Até amanhã, Lorena. — Entro e ela também, a noite vai ser longa.

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