Um presente

Eu estava no escritório com o Pierre, enquanto explicava a ele, como a reorganização da fábrica já estava dando resultados. Tínhamos trabalhado duro para implementar as mudanças, e os relatórios iniciais mostravam que estavamos no caminho certo. Pierre estava animado, fazendo anotações em seu tablet enquanto eu falava sobre as projeções para o próximo trimestre.

- Então, com essas mudanças, nossa eficiência aumentou em 30%, e a produtividade está subindo. Eu digo, apontando para o gráfico na tela.

- Se continuarmos nesse ritmo, vamos ultrapassar as metas do ano. Eu digo animada.

Pierre olhou para mim com um sorriso largo.

- Você está arrebentando, Emy. Eu sabia que você iria virar a empresa de cabeça para baixo e fazer tudo funcionar. E o pessoal da fábrica está adorando as mudanças. Eles dizem que o ambiente está mais leve. Pierre diz.

Eu sorri, orgulhosa do trabalho que estavamos fazendo.

- Obrigada, Pierre. Mas não teria conseguido sem as ideias e anuda do Sr Fernando. Eu digo reconhecendo o seu talento em gerir.

Pierre fez uma reverência exagerada, como se estivesse em um palco.

- Eu sei, eu sei. Temos que admitir, foi tenso no início, mas ideias dele foram incríveis. Nós dois rimos, mas nossa conversa foi interrompida quando alguém bateu na porta.

"Toc, Toc"

- Com licença, tem uma entrega para a senhorita Emilly Santiago. Diz um entregador, entrando com um buquê gigantesco de flores. Eram rosas vermelhas, tulipas e lírios, todos lindos e perfeitamente arranjados. Eu fiquei surpresa, pois não esperava nenhuma entrega naquele dia, e menos ainda desse tipo.

- Sou eu! Eu digo e ele me entrega o buquê.

- Poderia assinar aqui por favor. Pede o rapaz.

- Pierre assine por favor. Eu digo.

- Claro, chefinha. Ele diz.

- Opa, parece que você tem um admirador secreto. Pierre disse, sorrindo enquanto assinava o recibo.

 - Quem será que te mandou flores? Quem já fez isso antes foi o seu prostituto, o André. Ele diz com desdém.

- Não seja bobo. Ele não é um prostituto. Eu digo olhando as lindas flores.

- Lá vem você com essa desculpa mentirosa. Ele diz revirando os olhos.

- Não é desculpe e muito menos mentira. Aceita que doí menos. Mas não acredito que tenha sido André. Não nos falamos a um bom tempo e ele não tem o endereço do escritório. Eu digo e cheiro as flores.

- Será que foi o Fernando? Huuummmm!!! Ele diz rindo.

- E por qual motivo? Eu pergunto.

- Pedido de desculpas? Ou após ver os resultados do último trimestre? Ou quem sabe um pedido de reconciliação?? Ele diz levantando a sobrancelha.

- Ele jamais pediria desculpas, e duvido que seria pelos resultados. Ele deve estar todo orgulhoso agora. E menos ainda uma reconciliação...tendo em vista que reconciliação é para relacionamentos, e não temos nenhum. Eu digo séria.

-.Então quem foi? Ele pergunta.

- Eu não faço ideia. Respondi, observando o buquê com curiosidade.

- Talvez seja um cliente satisfeito. Ou talvez alguém que esteja tentando ganhar o meu favor para um contrato. Eu digo.

- É ruim em...sem essa Emy. Ele diz.

- Ah meu Deus! Ele diz.

- O que foi? Eu pergunto.

- Emy...eu pensei aqui. E se foi o Ren! Ele diz eu automaticamente afasto o buquê com cara de nojo.

- Ha Ha Ha! Calma Emy. As pobres flores não têm culpa de tem as enviou. Ele diz.

- Aff! Se foi ele...deve ter enlouquecido. Eu digo.

- Sabemos muito bem que ele e capaz disso. Ainda mais que você está enrolando ele. Pierre diz e pisca para mim.

Pierre fez um gesto de mistério, como se estivesse tentando desvendar um grande segredo, enquanto olha para as flores.

- Vamos descobrir. Deve ter um cartão aqui. Ele começou a procurar entre as flores até encontrar um pequeno envelope preso ao arranjo.

- Aqui está. Vamos ver o que diz. Pierre fala.

Eu me aproximei para olhar, mas deixei que Pierre lesse o cartão em voz alta.

- Para Emilly, com gratidão e admiração, ele leu.

- Quem enviou isso com certeza tem bom gosto. Ele diz e eu concordo.

- Mas quem enviou? Perguntei, ainda intrigada. Era incomum receber flores tão grandes sem nenhuma indicação clara de quem era o remetente.

Pierre deu de ombros, ainda segurando o cartão.

- Não diz quem enviou. Mas tenho uma suspeita. Deve ser alguém que está tentando impressionar você. Talvez um admirador secreto.

- Ah vá! Jura?? Eu digo com ironia.

- Não fique brava chefinha. Não fui eu quem mandou. Ele diz e vira a cara como se me ignorasse.

Eu ri, mas ainda estava curiosa.

- Ou alguém tentando me comprar com flores. A questão é, quem poderia ser?Eu digo.

Pierre cruzou os braços, com um olhar pensativo.

- Bem, vamos eliminar as opções óbvias. André? Ele é apaixonado por você, mas depois de tanta coisa e de ter se afastado acho que não seja ele. Ren? Ele é mais prático, provavelmente enviaria uma caixa de vinhos ou preservativos.Ha Ha Ha. Ele ri alto. Eu parou por um momento, pensando.

- E o Henrique? Você acha que ele poderia ter feito isso? Eu pergunto pensativa.

Ele revira os olhos.

- O Henrique? Se ele quisesse impressionar, provavelmente enviaria um relatório de produção otimizado ou uma lista de melhorias para a fábrica. Apesar da brincadeira, não podemos deixar de pensar que Henrique poderia ser capaz de algo assim.

- Nossa que loucura. As flores são lindas e eu nem posso dizer um "obrigada". Vai parecer ingratidão. Eu digo pensativa.

- Mas a culpa não é sua. E sim de quem enviou e não assinou. Não sei como consegue fazer algo tão estúpido. Ele diz.

- Bem, seja quem for, ele tem bom gosto. Eu digo cheirando as flores.

- E você merece. Depois de todo o trabalho que você tem feito, nada mais justo do que receber um presente desses. Ele diz.

Eu concordei, ainda me perguntando quem poderia ter enviado o buquê. Havia muitas possibilidades, mas eu não fazia ideia de quem realmente era. Talvez fosse apenas alguém grato pelo trabalho que estavamos fazendo. Ou talvez fosse mesmo um admirador secreto. De qualquer forma, as flores eram lindas, e eu não via problema em desfrutar de um presente inesperado.

- Por favor peça a Lauren para colocar em um jarro com água. Eu digo e entrego o buquê a Pierre. Que cheira o buquê. Se bem que o perfume havia inundado o escritório.

Eu pego o cartão, leio novamente.

"É mesmo um absurdo não assinar, eu penso".

Pego o cartão e jogo sobre a mesa, mas ele cai na mesa. Com a parte de trás para cima, quando vou pegar eu vejo escrito no cantinho..."Assinado Ruan".

Eu pego rapidamente o cartão do chão.

- Pi, aqui a assinatura. Foi o Ruan! Eu digo sorrindo.

- E quem é esse? Ele pergunta a levantar a sobrancelha.

- É o médico do Sr. Leopoldo. Eu digo sorrindo animada.

- O seu pai? Ele pergunta.

- Ele mesmo. Eu digo.

- Eu tenho tantas perguntas Srta Emilly...porquê ele te mandou um buquê e porquê esse sorriso todo ao saber que foi ele? Ele diz.

- Ha Ha Ha! Eu te conto no almoço. Eu respondo.

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