Capítulo 8

...Alessandra...

Depois da conversa com Mauro eu vou pro quarto, estou exausta, tomo um banho e lavo meus cabelos, ficando um bom tempo debaixo do chuveiro relaxando, amo fazer isso quando estou cansada.

Visto uma camisa grande e um short, me deito com os cabelos molhados mesmo, estou tão cansada que só quero dormir um pouco. Me deito sentindo a maciez do colchão e do travesseiro, acabo lembrando que eu poderia está na rua agora, de repente começo a chorar nunca pensei que eu chegaria no fim do poço assim, me sinto grata pela manu e o Mauro terem aparecido na hora certa na minha vida, mesmo que tudo seja incerto.

Abraço um travesseiro tentando dormir, os meus olhos estão fechando, mas não consigo, eu sei que não vou dormir tão fácil assim, já estou até acostumada, logo os pensamentos começam a vir, tento empurrar pra longe, mas não dar, às lembranças do pior dia da minha vida começam a vim, virou rotina eu ter esses momentos a noite, e às vezes de dia, e eu acabo me encolhendo na cama, a culpa e o sentimento de que eu poderia ter feito alguma coisa, eu poderia não ter ido naquele parque, eu poderia e poderia... Penso, choro, crio situações pra que a Kimberly não fosse sequestrada e o resultado sempre é o mesmo, me sinto culpada e incapaz.

Não importa quantas vezes minha terapeuta tenha me dito que eu não tive culpa, eu estava lá e eu não pude fazer nada, mas queria, queria tanto poder ter feito, já se passaram quase 2 anos e a incerteza do que aconteceu com minha filha me atormenta, nem mesmo sei se ela está viva, eu ainda sofro como se fosse o primeiro dia sem ela.

...No outro dia...

Estou naquele momento em que estou acordando aos poucos, voltando a consciência, devo ter dormido em algum momento durante a madrugada, mas agora estou bem esperta, abro os olhos vendo que está claro, e sinto os pequenos toques na minha orelha, um corpinho grudado atrás de mim, enquanto uma perna está por cima da minha cintura.

"acorda mamãe".

Seguro a sua mão que acaricia a minha orelha.

"Estou acordada meu bem, o que faz aqui?"

Ela abraça-me assim que me viro de frente para ela.

"Estou morrendo de fome, vim te chamar, mas você tava num soninho pesado, dorminhoca".

Diz e começa a rir.

"Dorminhoca? Eu?"

"sim, não acordou quando te chamei a primeira vez"

"Ah mas eu não sou dorminhoca".

"É sim".

"Não sou não"

Digo me ajoelhando e fazendo cócegas nela que começa a se contorcer na cama rindo bem alto, uma gargalhada tão gostosa, eu me abaixo fazendo cócegas com o nariz em sua barriga, ela rir mais alto, tenta fazer cócegas em mim mas não consegue.

"Quem é dorminhoca hein, bonitinha".

Ela se taca a rir, e eu paro pra ela não ficar sem ar.

"Se está com fome, vamos fazer um café bem gostoso pra princesa Manu".

"Sim" ela diz batendo palmas, desço da cama e pego ela no colo girando no quarto, ela rir alto, e eu também.

"lá vai o aviãozinho" digo deitando ela e fazendo como se ela tivesse voando.

"Estão bem animadas hein".

Acabo me assustando com Mauro na porta, eu tinha visto que tava aberta, manu deve ter deixado assim quando entrou e eu nem liguei pra isso, mas agora paro tudo pra dar uma olhada em minhas pernas, estou toda descabelada, que terror. Não estou tão ruim assim, a blusa é grande mas me sinto constrangida do mesmo jeito.

"Desculpa, a gente te acordou?"

"Não, eu já estava acordado, o costume não me permite acordar tarde nem aos domingos".

"aí que chato".

"Eu tô morrendo de fome"

Manu nos interromper, manhosa.

"Então vamos fazer algo a respeito"

 Mauro diz pegando ela no colo, ele coloca ela no tonton e vai pra cozinha, os dois rindo.

Fecho a porta do quarto e troco de roupa bem rapidinho, desço pra cozinha e a Manu está sentada na mesa enquanto Mauro frita uns ovos, eu pego um suco e algumas frutas, ponho o café pra fazer e pego a Manu pra mesa.

Mauro se senta na mesa e começamos à tomar café, aos domingos às empregadas estão de folga, por isso nós mesmos fizemos às refeições.

A Manu comeu bem, ela realmente estava com fome, conversamos um pouco e às vezes tudo era tão leve que realmente nós parecemos uma família, acho que entrei na caixinha dos pensamentos porque Mauro está me olhando e eu olho pra ele.

"você me ouviu?"

"Desculpa, eu estava perdida em pensamentos.".

"Percebi, você vai sair hoje mesmo?"

"Ah sim, vou Jajá, na verdade quero sair o quanto antes".

Manu meolha-me

"A senhora vai sair?"

olho para ela colocando os seus cabelos atrás da orelha.

"Eu vou sair sim, mas vou bem rapidinho e logo volto pra gente brincar tá bom".

Ela está com uma carinha de suspeita.

"Você não vai me deixar né?"

"Não meu amor, eu só preciso pegar minhas coisas pra poder ficar aqui com você todos os dias, combinado?".

"Sim, a gente vai brincar quando chegar?"

"Vamos brincar sim, você separa suas bonecas pra gente brincar".

"tá bom, vou separar minhas amiguinhas"

Quando olho pro Mauro ele está sorrindo.

"Você quer uma carona? O motorista está de folga hoje também".

"Não, eu posso ir de Uber, aproveita pra ficar com a Manu".

"Tá bom".

"Eu vou me arrumar agora".

Me levanto beijando a cabeça da Manu, eles ficam lá.

Vou pro quarto tomo banho e faço minha higiene, me arrumo e me preparo pra ver Tomás, espero que ele não tenha dado fim nas minhas coisas de ontem pra hoje.

Quando desço a manu está deitada na perna do seu pai, os dois estão a assistir desenhos, ele acaricia os cabelos dela, a visão dos dois é bonita.

"Eu já vou".

Manu levanta pra me abraçar.

"logo eu volto". Digo pra ela que está me apertando.

chamo um Uber e assim que está perto eu vou saindo, Manu vem atrás de mim com seu pai, eles me levam até lá fora, Mauro pega ela no colo, e eu entro no carro e abaixo o vidro pra jogar um beijo pra ela.

O carro sai e eu fico olhando os dois até sumirem de vista, a vida está dando uma reviravolta.

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