capítulo 7

Alessandra

"Tá bom filha, deixa a Alessandra entrar para arrumar suas coisas" Mauro diz pegando ela do meu colo. 

"Brigada papai". Diz agradecendo.

Ele joga ela para cima e apara, ela rir bastante e eu me pego observando os dois sorrindo do jeito deles dois juntos, dá para ver que ele ama muito a filha. 

"Que tal ajudar a mamãe a arrumar suas coisas?" 

"Ebá, eu quero"

Ela vem para o meu lado pegando minha mão, Mauro me conduz até o andar de cima mostrando meu quarto que fica na frente do da Manu e no lado do dele. 

"Vou deixar vocês sozinhas, tenho umas coisas para resolver".

Ele beija a testa da Manu e sai dizendo que vai me mandar o comprovante do adiantamento. 

Fecho a porta olhando meu quarto, é muito bonito, a decoração está perfeita, chego até minha cama e sento, é tão confortável, eu já estava até acostumada com meu colchão duro. 

Tiro minhas coisas da mala organizando no closet, Manu me olha.

"Isso é tudo que você tem?" "No momento, sim, ainda vou pegar minhas outras coisas".  Ela senta do meu lado. "Isso quer dizer que não vai me deixar?"

Ela pergunta tão manhosa. 

"Oh, meu amor, não vou deixar você, se me aceitar quero muito ser sua mamãe". 

Ela me abraça forte.  "Eu quero muito, meu pai disse que minha outra mamãe tá no céu, eu tô tão feliz de ter uma mamãe, minhas amigas todas têm mamães e só eu não tinha". 

Coloco ela no meu colo, passo às mãos no rostinho dela, ajeitando seu cabelo. 

"Agora você tem, vamos nos dar muito bem". 

Abraço ela, fazendo carinho nas suas costas. 

"Você quer brincar comigo?"  Ela pergunta e eu digo que sim, mesmo que me sinta exausta com tudo que aconteceu hoje. 

Vamos para o seu quarto e fico admirada o tanto de brinquedos que ela tem, ela me mostra todas às suas bonecas e acabamos brincando um pouco de médico, eu era sua paciente.  Logo depois eu dou um banho nela e digo que já está na hora do jantar, já está escuro lá fora, arrumo ela, passamos um perfume e fui para o quarto tomar um banho.

Peguei uma bermuda e uma blusa, não tinha vindo nenhuma calcinha, e eu acabo ficando sem. Tenho que resolver o quanto antes a situação do aluguel, e pegar minhas coisas. Saio do quarto dando de cara com uma das moças que trabalha aqui, seu nome é Lili e ela disse que é a cozinheira. Ela veio dizer que o jantar já está servido. Peguei a Manu e descemos, não demora Mauro chega, está casual com uma camisa de manga longa preta e uma bermuda. 

Ele senta do lado da Manu. 

"Mas que menina mais cheirosa"  Ele diz e cheira seu pescoço fazendo ela rir. 

Começamos a jantar, e eu estou com muita fome, a mesa está farta, ainda não acredito que tudo está mudando, para mim.  Depois do jantar subi com a Manu para o quarto, conversamos um pouquinho e ela logo estava com sono, coloquei ela para dormir e sai do quarto, Mauro estava vindo no corredor com um livro em mãos. 

"Ela já dormiu?"

  "Já".

"Vou já passar para dar um beijo nela"

"Eu quero falar com você". Digo.

"Vem, vamos lá no meu escritório".  O sigo até o escritório, tem muitos livros, ele gosta de ler, fora algumas pinturas.

Me sento na sua frente. "Então sobre o que quer falar?" ele pergunta. "Eu quero saber se posso sair amanhã, é que eu preciso pagar meu aluguel atrasado e pegar minhas coisas, estou com poucas roupas aqui, e já quero ver quando você vai poder comprar o apartamento para eu fazer a mudança".

Ele passa às mãos no cabelo.

"Por mim pode sair amanhã sim, mas avisa a Manu que vai sair, ela pode pensar que foi embora, agora sobre o apartamento posso chamar um corretor para você dar uma olhada".

"Não tem necessidade de um corretor, posso dar uma olhada em uns eu mesma, quero algo simples".

"Se você prefere, tá tudo certo para mim".

"Ok, vou resolver isso amanhã mesmo".

"Você viu o comprovante?".

"Vi sim". Ele abre a gaveta e pega um cartão estendendo para mim. "Esse é seu cartão, você pode comprar o que precisar para você e para Manu, não tem limite".

"Acho que só para Manu está bom, eu mesma posso comprar às minhas coisas, o salário já está ótimo".

"Tudo bem, mas não se negue a comprar qualquer coisa para você ou para ela, quero que esteja a vontade entre nós, você faz parte da nossa família agora, me avise se precisar de algo".

Me sinto comovida com a declaração, os sonhos de adolescência de um dia casar, ter filhos e ser feliz voltando agora, mas enfim essa não é minha família de verdade, eu preciso ter isso em mente, mesmo que já esteja apegada a Manu, e nada poderia ser tão diferente dos meus sonhos quanto ao tempo que passei casada com o Vitor, não sei o que o futuro me reserva e é justamente por isso que estou aceitando o apartamento, quando ele encontrar alguém para partilhar a vida já tenho meu lugar para ir, mas já consigo imaginar como será ter que abdicar da Manuela.

Suspiro deixando isso para depois, não adianta sofrer antecipado por algo que ainda não aconteceu. "Eu também quero saber sobre a rotina da Manu"

Digo isso porque estou chegando agora, ainda não sei como às coisas funcionam.

"A Manu voltou a estudar, está com um mês, ela tinha tido uma recaída e por isso não estava frequentando às aulas, mas depois que mudaram o tratamento dela ela já teve uma melhora, espero que ela não tenha mais recaídas, não suporto ver ela debilitada".

Vejo a tristeza em seus olhos. "Ela estuda de manhã, a tarde ela fazia balé, mas devido ao esforço ela não está mais fazendo, estou fechando uma aula de música para ela não ficar sem fazer nada, aí você pode assumir a tarde com ela, levar ela na escola de manhã, e ver como ela está, cuide dela como se ela fosse sua filha, isso é tudo que peço".

"Pode deixar, eu vou ficar de olho nela".

"Agora eu vou dormir, estou cansada" Levanto-me para sair.

"Boa noite! E obrigada de verdade", ele diz.

"Boa noite seu Mauro" Quando abro a porta ouço ele me chamar.

"Alessandra" .

"oi".

"Por favor, não me chame de senhor, não precisa de tanta formalidade, me chame apenas de Mauro".

"Tudo bem, então, boa noite Mauro" Ele sorri. E eu saio para o quarto.

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