- Coma e depois tome este comprimido, é um antibiótico - diz a guarda Yuya.
Rosa olha para a comida e realmente não lhe apetece nada.
Yuya olha para ela com pena e diz:
- Tente comer, eu sei que isto é muito difícil de suportar, mas tem de sobreviver, algo me diz que é inocente, não me parece uma delas.
Rosa olha para ela surpreendida.
- Sim, não me olhe assim, eu trabalho aqui há 15 anos, passaram por esta prisão demasiadas mulheres, algumas vão e outras vêm, algumas regressam e outras morrem aqui, nenhuma morre de velhice, isso garanto-lhe.
- Agora tem de comer e acabar o prato todo, eu sei que é horrível, todas se queixam do menu, mas não há nada a fazer para melhorar, ninguém sente pena ou piedade por ninguém, por isso tem de se cuidar e não espere fazer amigas porque isso não creio que aconteça, são todas traidoras e fofoqueiras, além de bufas, e por umas moedas são capazes de se trair até entre elas.
Rosa acena com a cabeça e a guarda acaba por dizer:
- Vai ficar aqui três dias, depois regressará ao pavilhão, deixo-lhe o meu número de telefone por se algum dia precisar de mim.
Agora descanse e eu aviso-a quando lhe trouxer o chá da manhã.
A guarda retira-se e Rosa deita-se um pouco no chão, está frio, está desconfortável, mas ela pela primeira vez em dias sente-se muito bem, é como estar a descansar depois de uns horríveis dias de trabalho.
Ela sente que precisa de saber o que está realmente a acontecer com o seu caso, mas não sabe como descobrir.
- "Pensa, será que devo confiar nesta guarda para o saber?", dirá para ela ligar antes de ir.
Por um pequeno buraco, Rosa observa a lua, depois repara na presença de uma coruja na copa de uma árvore, esta olha para ela fixamente e isso fá-la sorrir.
- "É linda!", pensa Rosa.
Um momento depois, adormece sentada e com os braços cruzados.
Ela começa a sonhar com o seu pai, que a está a olhar fixamente com ódio.
Ele está com o seu uniforme militar vestido e com um pau está disposto a voltar a bater-lhe.
- O que estás aí sentada, sua miúda estúpida, levanta-te!
Põe-te a trabalhar, ninguém vai fazer as tuas tarefas por ti, não me olhes com essa cara ou esmagá-ta à porrada! - grita colérico.
Rosa abre os olhos, assustada, não consegue acreditar na nitidez com que ouviu os seus gritos.
- "Estarei a ficar louca?"
Pensa com horror.
- "Saí do pavilhão para não ter de lidar com aquelas mulheres, e aqui encontro-me com o meu pior pesadelo".
Abana a cabeça e começa a sentir uma forte dor no corpo.
- "Devem ser os açoites que a guarda me deu".
Levanta-se e começa a andar, depois senta-se e procura uma alternativa de fuga, enquanto está acordada.
- "A primeira coisa que farei é evitar a todo o custo que me levem de volta àquele pavilhão".
Sob nenhum ponto de vista voltarei àquele lugar.
"A segunda coisa que farei é arranjar alguma coisa metálica, isso ajudar-me-ia a fazer algum buraco, ou usá-lo como arma".
"A terceira coisa que farei é ganhar a confiança das guardas de turno, talvez o facto de ser muda me traga boa sorte com elas e obtenha benefícios".
"Como sair para dar passeios no pátio que eu recusarei, ou praticar algum desporto que também recusarei, só pedirei livros para ler, farei tudo ao contrário do que as reclusas pedem".
- "Neste momento, está-me a ocorrer uma ótima ideia para sair desta prisão, e vai ser perfeita!"
Reclusa perigosa, pesadelo de Rosa Uribe
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Atualizado até capítulo 76
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