20° Capítulo

              

               

Tudo que eu queria era poder conversar com a Marjorie e esclarecer de uma vez por todas essa história e saber o porquê dela ter uma fotografia minha quando jovem. Mas no momento, a única coisa que eu consigo pensar é no meu filho, que pode estar nas mãos de um psicopata.

Eu já perdi dois filhos no passado, não posso perder outro agora. Não consigo parar de pensar naquele menino sensível, doce e delicado nas mãos de um maluco.

Depois de todo serem interrogados, o delegado consegue finalmente localizar o telefone do Miguel.

— Na saída da cidade? Então, a pessoa que está com o meu filho está tentando fugir da cidade, é isso? — Me levanto do sofá, indo até o delegado, que está sentado no outro sofá com o computador em mãos.

— Ou então ele está em um cativeiro, não sei. Agora o que importa é que conseguimos localizar o telefone. Vou chamar reforço para podermos ir pra lá agora. — Ele se levanta, pegando seu telefone, se afastando e ligando para a delegacia.

Respiro aliviada por saber que agora sabemos onde ele pode estar, mas a preocupação ainda me ronda como um abutre. Conseguimos localizar o telefone, mas talvez o meu filho não esteja nesse lugar.

— Calma, senhora. Vamos encontrar o Miguel, tá? — Marjorie diz, vindo até mim, afim de me acalmar. Me mantenho em silêncio, apenas a olhando, e os mais diversos  pensamentos começam a passar pela minha cabeça. Tento me conter para não fazer a pergunta que me atormenta desde que eu encontrei aquela fotografia.

— Obrigada, querida! Obrigada apor estar aqui! E por favor, eu já disse para não me chamar de senhora.— Digo a abraçando.

— Nós vamos encontrar o seu filho, Madrinha. Você vai ver. — Aurora vêm até mim, acariciando o meu braço.

Eu tenho um carinho especial pela Aurora, mas depois das coisas que comecei e notar. O jeito que ela trata a Marjorie e os outros funcionários, comecei a abrir mais os meus olhos para ela e, percebi que ela não é mesmo mulher para o neu Henrique.

— Obrigada!

(...)

Enquanto isso no cativeiro em que está, Miguel tenta se desamarrar, conseguindo finalmente soltar  uma das mãos, pegando seu telefone. Mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, ele ouve a voz de Antônio do outro lado da porta e larga rapidamente o telefone de volta na mesa e entrando a corda na mão que havia se soltado.

— Olha só o que eu trouxe para o meu príncipe. — Ele se senta ao lado de Miguel com uma bandeja farta de frutas e um copo de suco.

— Eu não estou com fome. Não quero nada que venha de você. — Miguel revira a cabeça, olhando para o outro lado, quebrando a troca de olhares entre ele e Antônio.

— Não faz isso. — Ele começa a chorar, mostrando nem que seja um pingo de sentimento. — Eu não quero machucar você. Não quero te vê doente, Miguel. Come, vai.

— Então me desamarra. — Seus olhos voltam a se encontrar com os de Antônio, que faz o que ele pede, mas não antes de trancar a porta.

— Pronto, agora come. — Ele segura uma maçã, a entregado para Miguel.

                

Aproveito para tentar fazer a cabeça de Antônio, o que não é muito difícil. Facilmente consigo prender a sua atenção. Ele me conta tudo de sua vida, todas as coisas que já passou. Mas algo me intrigou.

Seu primeiro relacionamento foi com um cara com o meu nome, um cara que lhe usou, se aproveitou dele, por conta da sua condição financeira. Depois de finalmente tirar tudo dele, sumiu sem dizer absolutamente nada. Sem dar uma única explicação.

Eu sei que o que está fazendo comigo é muito errado, mas eu entendi o motivo dessa perseguição que ele tem por mim. Ele sofreu, acabou tendo sequelas.

— Você passou por situações horríveis. Mas tente entender que isso não justifica o que você está fazendo comigo, Antônio. Eu não sou esse Miguel que tanto te machucou. Eu sou o Miguel que agora está disposto te ajudar.

Antes que ele pudesse me dizer qualquer coisa, uma voz adentra o meu ouvido.

— Miguel, meu amor! — Alexandre. Ele veio atrás de mim. Sem conseguir me controlar, acabo gritando, demostrando meu desespero.

— Socorro! Socorro! — Me calo com as mãos de Antônio na minha boca, abafando os meus gritos.

Ele guia os olhos para a janela, sinalizando para eu me manter calado, pegando a arma na sua cintura.

Sem outra alternativa, acabo fazendo o que ele pediu. Pulo a janela, e ele vem logo atrás, colocando a arma nas minhas costas.

— Nem pense em fugir, ou eu não vou ter pena de você. Se você não for meu, você não vai ser de mais ninguém.

Ao sairmos da chácara, consigo finalmente vê onde estamos. O lugar é puro matagal, nenhuma casa próxima. Apenas mato, árvores altas e terra. Algo me diz que ele já vinha planejando isso a muito tempo.

Que cara louco!

Começamos a olhar por todos os lados, e consigo ver finalmente Alexandre escondido atrás de uma das árvores. Continuo a caminhar.

Minhas mãos tremem, meu coração acelera, minha vista começa a escurecer. Em questão de segundos me vejo desacordado. A última coisa que consigo ouvir é a voz de Alexandre se aproximando e Antônio saindo correndo ao vê-lo.

(...)

Desperto finalmente na cama de um hospital. Meus pais, Henrique, Marjorie e Alexandre, todos estão aqui, ao meu lado.

Alexandre vem até mim, se sentando ao meu lado, me beijando.

— Finalmente você acordou, meu amor! Você está desacordado a mais de cinco horas. Ficamos preocupados. — Ele diz, me beijando novamente.

Demoro um bom tempo para emitir algum som. Estou ainda assustado e me perguntando se Antônio conseguiu fugir. Querendo ou não, eu senti pena dele, da história que ele contou.

Eu sei que o que ele me falou é verdade, até porque não teria porque ele menti pra mim naquela situação.

— Oh, meu filho! — Beijos e apertos na minha bochecha. Minha mãe sempre me tratou como uma criança e agora não seria diferente. Mas eu gostei desse carinho dela nesse momento.

                  

Miguel está a salvo finalmente e de volta para a família e para o amor da vida dele.

Depois de abraça-lo, beija-lo e agradecer por ele estar bem, minha mãe vem até mim, sussurrando algo quase impossível de ouvir em meu ouvido.

— Preciso conversar com você, a sós.— Saímos do quarto e vamos até a recepção, onde ela tira uma fotografia da sua bolsa.

— Marjorie, quando eu te mostrar essa fotógrafa, eu quero que você seja sincera comigo, por favor. Isso é muito importante para mim. — Ela me entrega a fotografia e eu fico sem reação.

A fotografia que eu estava procurando. Eu tinha a perdido, mas achei que havia perdida ela em casa. Mas pelo visto,  vacilei em ter a levado para a Editora.

— Eu encontrei ela na sua mesa lá na Editora. Eu queria ter falado com você sobre isso antes, mas o que aconteceu com o Miguel acabou adiando essa conversa. — Ela passa passa umas de suas mãos na testa e coloca a outra na cintura, se mostrando nervosa.

—Você sabe quem é essa mulher, Marjorie? Onde você encontrou essa fotografia?

Mantenho meus olhos filtrados na fotografia, afim de evitar o olhar curioso dela sobre mim. Eu achei que iria demorar bem mais para eu finalmente abrir o jogo, mas pelo jeito, finalmente chegou o grande momento dela saber a verdade.

Irei também saber o motivo dela ter deixado o meu pai, por que eu já percebi que a mim e ao meu irmão ela nunca esqueceu.

— Essa aqui na foto...— Faço uma pausa de longos segundos, pensando no que estou prestes a fazer e se está realmente na hora. Mas eu não aguento mais ficar ao lado da minha mãe sem poder contar a verdade.

— Essa mulher aqui, é a minha mãe.— Digo, olhando no fundo de seus olhos. Ela fica em choque, consigo ver em seus olhos que faltam pular para fora.

Eu não queria que ela descobrisse assim, dessa forma e nessa situação, mas, eu não consigo mais me manter próxima dela sem poder chamar ela de mãe.

Agora eu vou finalmente poder saber a verdade. O verdadeiro motivo dela ter deixado o meu pai.

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