5° Capítulo

—Bom dia, família!

Uma voz masculina penetrou os meus ouvidos. Seus cabelos enrolados e seus olhos escuros eram um charme natural.

Henrique Almeida, filho mais velho de Teodoro acabara de se juntar a família na mesa. Seu irmão o acompanhava, porém, se mantinha em um silêncio solitário e triste.

Uma garota de pele negra e cabelos escorridos entrou na sala, cumprimentando a família e se juntando a eles. Pude perceber que Henrique não ficou muito feliz por ela ter se sentado justamente ao seu lado.

Os olhos da garota se guiaram em minha direção. Envergonhada, abaixei a minha cabeça, evitando que meus olhos se encontrassem com os seus.

— E quem é essa? —Ela apontou o dedo indicador em minha direção. Sua feição era de puro deboche e...nojo? Mas que vad...

— Essa é a Marjorie Del Rey. Ela irá trabalhar conosco a partir de hoje.

—Impressionante como Teodoro consegue esbanjar sorriso com tamanha facilidade.

Suas sobrancelhas se guiaram para cima por alguns segundos, voltando as posições corretas, sinalizando um " Tanto faz". Aquela mulher deixava claro a sua arrogância e ousadia ao se dirigir aos serviçais, ou qualquer um que seja de classe inferior a dela.

Depois de servir a família Almeida, Selma me manda para os quartos para limpa-los. Vi nisso uma oportunidade de descobrir alguma coisa a mais sobre essa família.

O primeiro quarto expressava sentimentos nas cores das paredes amarelas, porém, não muito exagerado.

O pequeno retrato sobre a escrivaninha me revelou de quem pertencia aquele sentimento em forma de quarto. Miguel. Ele parece ser um garoto bem fechado e solitário. Isso ele deixou bem claro lá em baixo quando se juntou a família para o café.

Limpo todos o quartos. Quartos esses que dariam uma casa inteira de tão grandes. Por fim, o quarto de Berenice. Me aproximei da porta, prestes a girar a maçaneta.

Respirei fundo, meus olhos se mantiveram fechados por alguns segundos. Antes de entrar, me certifiquei de que não havia ninguém por perto, e finalmente entrei no cômodo.

Me decepcionei. O quarto é um quarto como qualquer outro, era até mais simples e humilde que os outros da casa.  Comecei a limpar e organizar algumas coisas que estavam fora do lugar.

Eu sempre me considerei uma pessoa perfeccionista, e para mim, aqueles travesseiros estavam fora de ordem.

Graças a esse meu perfeccionismo, encontrei algo que me provou que eu estava certa. Uma fotografia. Minha mãe, meu pai, meu irmão e eu, juntos. Uma família.

As lágrimas escorreram pelo meu rosto indo de encontro a fotografia que estava em minhas mãos.

Me perdi no tempo olhando aquela foto, e quando percebi, já havia passado minutos. Coloquei a fotografia de volta onde estava, acabei de arrumar o quarto e retornei para a cozinha.

Não havia mais ninguém em casa além de mim e de Selma. Essa velha chata.

— Por quê demorou tanto? – Sem olhar para mim, ela perguntou do seu jeitinho nem um pouco amigável.

— É que eu... Os quartos são enormes, não sou acostumada a limpar cômodos assim, tão grandes. —Essa foi a única desculpa que eu consegui, mas havia acabado de cometer um dos maiores erros possíveis.

— Como assim você não é acostumada a... Garota, você disse com todas as palavras que já trabalha a tempos como empregada doméstica. Vai me dizer que só trabalhava em casas pequenas? — A Selma parecia uma advogada jurídica. Parecia que eu tinha acabado de cometer um crime hediondo.

— Sim, ué. Você nunca trabalhou em casas mais simples? — Minha pergunta lhe fez calar. Graças a Deus.

(...)

Eu vim para cá na intenção de me aproximar da minha mãe, mas não tá sendo fácil. Tô me sentindo mais empregada do que a Selma, que desde que comecei a trabalhar aqui, ela sempre joga todos os serviços nas minhas costas.

Depois de duas semanas eu me acostumei com esse jeitinho dela de ser. Mas bem que ela poderia tentar ser mais gentil. Acho que para ela, isso seria um sacrifício enorme.

Mesmo que tenha passado tantos dias, nunca me esqueci daquela fotografia, que até procurei ela novamente, mas não encontrei.

Após mais um dia cansativo de trabalho e sem ver a minha mãe, de novo, retorno para a casa, sendo recebida pelo meu irmão com um forte abraço e um sorriso de orelha a orelha.

— Posso saber o motivo da alegria? —Caminhei até o sofá e me joguei. Estava realmente acabada, e naquele momento, a última coisa que conseguia fazer era me manter de pé.

— Eu consegui um emprego! — Ele pulava feito criança depois de ganhar um doce qualquer. Fiquei feliz por ele.

Depois de me contar tudo sobre o seu dia, Alexandre finalmente foi para o quarto, enquanto eu me mantive na sala pensando em uma maneira de me aproximar da minha mãe sem ter que continuar sendo escrava da Selma.

De uma coisa eu já sei. Ela não nos esqueceu. Nunca. Em nenhum momento. Aquela fotografia provava isso. O amor por nós ainda continua vivo dentro daquela mulher.

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Comments

Maria Alves

Maria Alves

O amor de mãe é o mais puro e sincero, ninguém nos ama mais do que a nossa mãe.💖💖💖💖💖💖💖💖💖💖💖🙌🙌🙌👍

2024-07-08

0

ANDREA SERNA

ANDREA SERNA

Não sei mais o que fazer enquanto aguardo o próximo capítulo! Por favor, não me faça esperar mais!

2024-04-03

3

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