Eu achei que o meu irmão fosse me impedir de ir atrás de nossa mãe. Mas a única coisa que ele fez foi me aconselhar, já que ele acredita que ela vai me rejeitar quando eu contar que sou a sua filha. Isso se ela não me reconhecer logo de cara. Eu sei que tem esse risco, mas prefiro seguir com o meu plano e torcer para que isso não aconteça. Ou aconteça. Até que não seria tão ruim se ela me reconhecesse.
A casa que era do nosso pai e que agora nos pertence, fica no centro da cidade, o que é muito bom pra gente, assim os comércios ficam mais perto. Conseguimos ter fácil acesso a locais que na zona leste acaba sendo difícil de encontrar.
Alexandre irá ficar aqui na cidade comigo, por isso tomou a decisão de ir em busca de um emprego. Ele é um ótimo cozinheiro, tenho certeza que não vai demorar muito para conseguir um trabalho.
Quando eu cheguei na mansão da família Almeida, a primeira coisa que eu recebi foi o meu uniforme, que a nem um pouco agradável senhora acabara de me entregar.
Ainda não vi nenhum dos moradores da casa, o que me causou um certo estranhamento.
Será que eles não ficam em casa durante o dia?
Acabei descobrindo que eles acordam super tarde, já que a mulher, minha mãe, trabalha em uma editora onde ela é super conhecida por obras que ela mesma escreve. Fiquei sem reação quando Selma, a mulher desagradável, me contou aquilo.
Minha mãe, uma escritora renomada?
Enquanto ela gerenciava uma editora, Teodoro tomava conta de uma empresa. Não obtive a informação que queria saber. O que a empresa dos Almeida produz?
Depois de vestir o meu uniforme, que além das bordas brancas nas ombreiras, se manifestava uma suavidade da cor azul marinho. Fiquei super bem no uniforme. Definia minha cintura. Isso sim me incomodava um pouco. Não gosto de exibir meu corpo ou usar esse tipo de roupas apertadas que acabam o deixando exposto de alguma forma. A touca na minha cabeça que seguia a cor do uniforme me fazia parecer mais uma enfermeira do quê uma empregada doméstica.
- Daqui a pouco os patrões vão descer para o café. Tome isso aqui . - Ela literalmente jogou a bandeja com alguns copos, em meus braços. Dava pra ver que a minha presença ali não a agradava. Pouco me importa. Não tô aqui para agradar ninguém.
- Okay! -Levo a bandeja até a sala onde a família faz todas as refeições, coloco sobre a mesa os copos, cada um em seu devido assento. Eram cinco assentos contados, o que achei até estranho. Pelo que eu descobri sobre essa família, eles são apenas em quatro. Teodoro, Berenice e os dois filhos.
Mesmo esbanjando o medo da resposta, tomei a decisão ousada de perguntar para Selma.
- Selma, desculpe a minha pergunta, mas por que cinco cadeiras na mesa? A família Almeida não é formada por apenas quatro membros?
Selma revirou os olhos. Ela me olhava dos pés a cabeça, como se eu tivesse acabado de fazer a pergunta mais estapafúrdia possível.
- Você está certa. A família é formada sim apenas por quatro membros. Mas a afilhada dos patrões sempre toma café com eles.- Ela se movia entre a sala do café e a cozinha, colocando o que preparou sobre a mesa.
Afilhada? Por que eu não encontrei informações sobre essa afilhada? Isso não importa. Agora eu preciso me preparar psicologicamente, pois daqui alguns minutos... Ou horas, irei conhecer a minha mãe.
Enquanto preparávamos tudo para o café, meu coração acelerou descontroladamente, ao ponto de pular para fora do meu peito. Era quase impossível conter a minha emoção e ansiedade.
De costas para a porta do cozinha, uma voz veio aos meus ouvidos. Uma voz doce, delicada e cheia de graça. Era a voz da minha mãe.
- Bom dia, Selma! - Com um livro em mãos, Berenice se sentou a mesa junto ao seu marido que a acompanhava.
Me mantive de costas para eles. O medo tomava conta de mim. Finalmente! Finalmente irei ficar cara a cara com...
Meus pensamentos são interrompidos por Selma, que me chama pelo nome, me pedindo para levar a jarra de suco que estava sobre o balcão até a sala.
A cozinha e a sala são cômodos diferentes, porém, não contém nenhuma porta para os separar. Assim, acaba dando uma visão bem clara um do outro.
Peguei a jarra de suco e caminhei trêmula até a mesa.
- Aqui está o suco, senhores. - Um sorriso se formava em meu rosto quando Teodoro olhou para mim simpaticamente, enquanto a sua esposa se mantia concentrada no livro que estava em sua mãos.
- Bom dia pra você, senhorita Del Rey! - Ao responder ao seu bom dia, guiei os meus olhos em direção a Berenice, que estava sentada ao lado do marido, do outro lado da mesa.
Berenice fechou o livro entre os dedos, guardando a página que acabara de ler. Seus olhos vinham lentamente em minha direção. Finalmente nossos olhares se encontraram. O livro que estava em suas mãos foi ao chão enquanto seus olhos se mantiveram fixos aos meus. Meu sangue gelou naquele momento. Não contendo minha emoção, permitir que as lágrimas discretas escapassem dos meus olhos, e aquela mulher seguia me olhando. Seus olhos cor de mel como os do meu irmão me encantava.
- Então você é a Marjorie Del Rey? Seja bem-vinda, querida! Espero que assim como a nossa Selma, você se mostre uma ótima funcionária. -Os nossos olhares se quebraram quando ela desviou seus olhos, os guiando ao chão junto a uma de suas mãos que iam em direção ao livro que caiu aos seus pés, se mantendo aberto em alguma página.
Por um momento achei que ela havia me reconhecido. Achei que uma mãe nunca se esquecia do rosto de um filho. Mesmo que se passasse anos e anos e mais anos. Mas parece que me enganei. O Alexandre estava certo. Nem sempre pôr no mundo, é motivo de amar um filho. Ou de se lembrar de sua aparência.
Por outro lado, eu fiquei feliz, porque assim poderei dar continuidade ao meu plano de me aproximar dela e conquistar a sua confiança. Descobrirei a verdade que tanto busco. O porquê dela ter nos deixado. Será que esse homem ao seu lado foi realmente o motivo dela ter nos deixado?
Eu estava pronta para lhe ouvir.
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Atualizado até capítulo 28
Comments
Maria Alves
👍👍👍👍👍👍👍🙌🙌🙌🙌
2024-07-08
0
María Paula
Ficou tão emocionante, preciso saber o que acontece!
2024-04-03
4