O silêncio pairou no ar por alguns minutos. Pude perceber a troca de olhar entre Alexandre e a nossa mãe, ele ficou sem reação, não sabia o que fazer ou falar naquele momento.
— Sente-se, rapaz. É um prazer receber um amigo do nosso filho aqui em casa. Ele não é de trazer pessoas aqui. — Teodoro se pronunciou, quebrando o silêncio agonizante que tomava conta do ambiente.
— Quem diria. Alexandre, irmão da Marjorie é amigo do Miguel. — Henry diz, fazendo todos olharem para mim, surpresos.
— Então vocês dois são irmãos? Nossa, que surpresa incrível, hein! — Miguel se sentou, puxando Alexandre para perto de sim, que se sentou na cadeira que Selma acabava de colocar ao seu lado.
Fiquei em silêncio por mais alguns segundos, tentando raciocinar tudo que estava acontecendo em uma única noite.
— Eu que o diga. Nunca que iria imaginar que o amigo que você tanto falava, era o meu irmão. — Digo, olhando para o meu irmão, que mostrava aflição e nervosismo.
— Seja bem-vindo, Alexandre! — Nossa mãe diz, antes de se levantar da mesa. — Vou ao toalete, não estou me sentindo muito bem.
Assim que ela se retira da mesa, todos começam a entrevistar o meu irmão, perguntando como ele e Miguel se conheceram.
A última coisa que Alexandre queria era encontrar a nossa mãe. Mas ele não só encontrou, mas como também está namorando o enteado dela e está sentado na mesa da casa dela. Eu espero que isso não prejudique ele e o Miguel, que falava dele com tanto amor e carinho. Em cada palavra que ele dizia sobre o meu irmão, era uma prova de amor. Fico feliz por saber que meu irmão está ao lado de alguém tão especial como ele. Espero também que isso não prejudique tudo que eu consegui até aqui.
Foi impossível não notar o incomodo da nossa mãe ao vê-l. Espero que ela não tenha o reconhecido.
(...)
Os olhos, o rosto, os cabelos. Tudo, tudo nele me lembrou o... Não pode ser o meu Alexandre, não pode ser. Se ele for mesmo o filho que eu fui obrigada a me afastar a vinte anos, então a Marjorie teria que ser a Marina.
Me aproximo da pia, molhando o meu rosto e me olhando no espelho, vendo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.
— Alexandre! O meu menino, o meu filho! — Pego um papel toalha e seco o meu rosto, pensando em tudo que aconteceu a anos atrás, o motivo que me fez me afastar dos meus filhos.
*FLASHBACK*
Sentada na mesa ao lado de seu marido, Berenice conversa sobre a sua decisão tomada.
— Se separar?! Berenice, você enlouqueceu? E os nossos filhos? — Vicente grita, se levantando da mesa e ficando de costas para a sua esposa.
— Agora você lembra dos nossos filhos? Vicente, eu te peguei na cama com outra. Você quer o quê? Que eu te perdoe e volte a viver como se nada tivesse acontecido? Nada disso. Eu vou me separar de você e está decidido.
Vicente se levanta da mesa, se aproximando de Berenice, que continua sentada.
— Você quem sabe, mas te digo uma coisa, os meus filhos você não vai tirar.
Após esse acontecimento, Berenice passa a viver sozinha com os filhos na casa. Em um dia como qualquer outro, ela sai para trabalhar, confiando seus filhos a vizinha, que sempre cuida deles quando ela sai.
Ao retornar para casa, Berenice encontra a mulher que estava responsável pelos seus filhos em desespero.
— O que foi? Por que você tá chorando? Cadê os meninos? Cadê os meus filhos. — Ela pergunta, procurando por toda a casa.
— O seu marido, ele veio aqui e disse que queria ficar um tempo com os filhos. Como ele é o pai eu acabei deixando, mas, quando eu voltei eles tinham sumido e inclusive as roupas das crianças.
— Você...— Ela se senta, demostrando seu nervosismo. — Você tá me dizendo que o Vicente fugiu com os meus filhos, é isso?
* FIM DO FLASHBACK*
Depois que tudo isso aconteceu eu nunca mais vi os meus filhos. Eu procurei eles por anos, mas nunca encontrei nenhuma pista que fosse. Vicente tirou de mim os meus bens mais preciosos. Meus amores. Os meus filhos.
Agora, vendo esse Alexandre, amigo do Miguel, sentado nesse momento na mesa do jantar, me trouxe um pingo de esperança. Será que ele pode mesmo ser o meu Alexandre? O meu pequeno?
(...)
No fim do jantar, chama a atenção de todos presentes.
— Espera! Eu quero dizer uma coisa a vocês. Eu preciso. — Miguel diz, chamando a atenção de todos para si.
— Diz, Miguelzinho. — Aurora diz, causando nenhuma surpresa.
Miguel se levanta da mesa junto com Alexandre, segurando sua mão, olhando em seu olhos. Aurora os olhavam com um nojo que me deu vontade de meter a mão naqueles dentes estofados dela.
— A exatamente três meses atrás eu conheci o Alexandre em uma situação, digamos... Um pouco desagradável, e, depois daquilo nunca mais consegui me manter longe dele.
O silêncio se fez presente ar, e Alexandre se pronunciou finalmente.
— Seu Teodoro, eu queria pedir a mão do seu filho em namoro. — Ele e Miguel se olhavam, com um sorriso invejável no rosto de ambos.
Teodoro se manteve firme, mas logo se derreteu, revelando também um sorriso. Ele se levantou da mesa, junto com Henry e se aproximaram de Alexandre.
— Se é isso que o meu caçula quer, Alexandre, saiba que você tem o meu apoio, meu filho.
A cada atitude de Teodoro eu me surpreendo ainda mais. Ele não é nada que o nosso pai dizia, muito pelo contrário. Ele é um homem elegante, engraçado, legal e de cabeça aberta. Ele é um homem incrível! Não é atoa que a minha mãe esteja sempre rindo quando está ao lado dele.
— Sei que ninguém pediu a minha opinião, mas saibam que eu fico muito feliz, pelos dois. — Henry diz, abraçando o meu irmão e guiando seus em minha direção. Desvio o olhar para baixo, mas logo ergo a cabeça novamente, indo até o Miguel.
— Parabéns, Mi! Você e o Alexandre tem muita sorte de terem um ao outro, viu? Ambos são pessoas maravilhosas.
Esse jantar foi com certeza uma turbulência de surpresas.
Depois de um tempo, Alexandre e eu vamos embora sem sequer olhar nos olhos se nossa mãe.
Quando chegamos em casa, a primeira coisa que ele faz é desabafar e mostrar a surpresa que ele não pôde mostrar lá.
— Miguel é o enteado daquela mulher?! Como isso é possível.
Começamos a conversa sobre o assunto, e conto tudo, absolutamente tudo que descobri. Deixando claro que a nossa mãe nunca nos esqueceu. Uma conversa longa e necessária, que eu espero do fundo do meu coração que mude a visão que Alexandre tem da nossa mãe.
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Atualizado até capítulo 28
Comments
Maria Alves
Que asqueroso tirou os filhos dela e ainda com outra história.para que eles tivessem rancor da mãe.
2024-07-09
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