—E a propósito, meu nome é Alexandre. — Ele dizia, enquanto apertava minha mão após nos afastarmos do abraço.
— Me chamo Miguel, prazer em conhecê-lo! E mais uma vez, obrigado por ter me defendido.— Um sorriso escapava dos meus lábios, enquanto Alexandre mantia seus olhos guiados a mim. — Bom, é melhor eu ir, já está bem tarde.
— Não acho seguro você ir agora. Aquele cara pode estar lá fora, só esperando você sair. — Ele deu uma longa pausa, olhando em volta antes de continuar. — Olha, eu já estou quase terminando meu expediente, se você puder esperar... — O interrompi, aceitando a sua companhia antes mesmo dele terminar de falar.
— Ótimo! Espere aqui. — Alexandre se retira, voltando para a cozinha.
Após alguns minutos, deixamos restaurante. Juntos vamos até um ponto, onde pegamos um táxi, e como prometido, Alexandre me deixa em casa.
— Está entregue.
— Obrigado, Alexandre! Eu espero poder vê-lo novamente. — Sorri para ele, assim que saí do veículo.
— Vai ser o prazer ter a sua companhia!
Ao fechar a porta do veículo, segui para dentro de casa, dando de cara com meu irmão sentado no sofá, com um livro em mãos.
— Aí, Henrique, que susto! Credo! — Com a mão no peito, me aproximei da escada.
— Posso saber onde você estava até essa hora? — Ele perguntou apontando para o relógio em seu pulso.
— Eu estava... — Demorei alguns segundos antes de inventar a mentira mais idiota possível. — Eu estava na praia. A lua está linda e eu quis aproveitar a noite que está deslumbrante. Agora se você me dá licença.
Segui para o seu quarto, sem notar que estava sendo seguido pelo irmão, que se aproximou da porta do cômodo, enquanto eu tentava fechar a mesma.
— Que saco, Henrique! O que você quer agora? — Perguntei assim que Henrique praticamente invadiu o meu quarto.
— Miguel, eu te conheço muito bem, e sei quando você está mentindo. Fala onde você estava.
— E por quê esse interesse de saber onde eu estava? — Me sentei na cama, jogando o meu olhar para cima do meu irmão que se matinha de pé, aguardando uma explicação.
— Você é o meu irmão caçula. É normal eu me preocupar com você. Eu sei que depois que você se assumiu eu me afastei muito, deixei de ser aquele irmão que você sempre admirou e sempre confiou. Mas agora eu quero tentar me aproximar novamente de você e reviver aquela confiança e amizade que existia entre nós dois.
Depois que eu me assumir, Henry realmente se afastou muito de mim, me disse coisas horríveis, coisas que me fizeram querer manter ele bem distante. Mas agora, ouvindo ele, ouvindo seu pedido de desculpas, eu vejo que ele está realmente disposto reviver aquela conexão que tínhamos.
Por isso, eu tomo a decisão de dar esse voto de confiança para ele, contando sobre o que aconteceu hoje. Sobre tudo, absolutamente tudo. Após me ouvir, ele fica boquiaberto e o ódio surge em seu olhar.
— Mas que... Se eu tivesse la, eu tinha matado aquele desgraçado! — Seu ódio naquele momento foi tanto, que ele socou fortemente a parede, e em nenhum momento, mostrou ter sentido dor em suas mãos.
— Eu sei que eu não deveria ter feito isso. Mas agora eu aprendi a lição, não irei mais marcar encontros pela internet com ninguém, ninguém.
Henry se aproximou de mim, sentando ao meu lado.
Se mantendo em silêncio, ele apenas me abraçou. Uma pequena gotícula caiu em meu braço, ele estava chorando. Me mantive em silêncio, apenas recebendo seu carinho e cuidado, aproveitando aquele momento, que a muito tempo, não acontecia entre nós dois.
(...)
Ao amanhecer, Marina seguiu a mesma rotina de sempre, mas nota algo diferente dos outros dias. Seu irmão, ele estava demostrando alegria, algo que era bem raro de acontecer.
— Você está bem, Alê? — Ela perguntou para o seu irmão, que se levantou da mesa e partiu para o sofá da sala.
— Estou ótimo! Por quê a pergunta, maninha?
— você está... Sei lá, mais sorridente do que o normal. O que aconteceu pra você ficar assim? — Ela se levantou da mesa e partiu para a sala, se sentando ao lado do seu irmão.
— Não foi nada, já disse. Não posso mais ficar feliz, hein?
— Uhm. Vou pegar minhas coisas, não posso chegar atrasada no meu primeiro dia de trabalho na Editora, né?
Marina se retirou da sala, partindo para o seu quarto, deixando Alexandre na sala, perdido em seus pensamentos, pensamentos esses que insistiam em lhe fazer lembrar de apenas uma pessoa. Miguel.
— O que você deve está fazendo agora, hein, chocolate? — Ele balançava a cabeça ao perceber os pensamentos que estava tendo.
— Chocolate? Meu Deus!
(...)
Ao chegar na Editora, Marina encontra Berenice na frente de um enorme prédio, ela abre um grande sorriso ao vê-la chegar em um táxi.
— Marjorie! Que bom que você já chegou! Estava a aguardando. —Ela a abraçou assim que a mesma se aproximou.
Era tão bom me ver tão perto da minha mãe, senti o seu abraço e o seu cheiro. Eu estava finalmente conseguindo o que eu tanto queria, me aproximar dela.
— A senhora estava me esperando?
— Sim, eu estava esperando por você.
Caminhamos até a porta giratória, mas nossos passos são interrompidos pela buzina de um carro que acabara de chegar.
— Filho! —Berenice diz ao ver Henry se retirando do carro ao lado de Aurora.
Meus olhos se esbugalharam, eles se mantiveram fixos em apenas um lugar. Em Henry e Aurora, de mãos dadas. Aurora agarrou a sua mão, e aquilo, me despertou um sentimento que eu não consigo explicar.
— Que surpresa vê-lo aqui, filho! — Berenice se pronunciou, enquanto eu mantia meus olhos fixos em Henry e Aurora, que me olhava de uma forma debochada e provocativa. Desde a primeira vez que eu vi essa Aurora, não fui com a cara dela.
— É que a Aurora... — Ele se calou por alguns segundos ao olhar para mim e notar a minha feição, largando a mão de Aurora rapidamente. — Ela passou lá em casa, mas a senhora já havia saído, então lhe dei uma carona.
— Ah sim. Achei que vocês... Deixa pra lá.
Aurora olhava para mim, me analisando dos pés a cabeça, me julgando com um olhar mais sínico e hipócrita do mundo.
— O que a sua empregada está fazendo aqui, Madrinha? Ela por acaso vai trabalhar limpando o chão da editora?
— Não, Aurora. A Marjorie irá trabalhar aqui, mas como minha secretária pessoal. Quero dar essa oportunidade para ela.
Henry engoliu seco ao notar os olhares entre mim e Aurora. Estava nítido que aquilo não iria acabar nada bem.
— Então, vamos meninas?
Aurora se despediu de Henry com um beijo no rosto antes de ir até Berenice que já estava dentro do prédio, enquanto eu seguia logo atrás.
Meus passos são interrompidos por Henry, que me puxa discretamente pelo braço.
— Olha, entre mim e a Aurora não está... — O interrompi.
— Não precisa se explicar, Sr. Henrique. Eu não tenho nada haver com a sua vida pessoal. Você faz o que bem entender e não me deve satisfações. Agora eu preciso ir. Não quero que a mi... que a sua mãe desista de me empregar aqui na Editora.— Segui para o prédio, segurando as lágrimas, que tentavam fugir de meus olhos, enquanto Henry se mantia parado, me olhando entrar no prédio.
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Atualizado até capítulo 28
Comments
Maria Alves
Amores e vidas feridas, com coração de cada na certeza que ainda está buscando paz.
2024-07-09
0
Alisa TorYos
oxi....
Eles não ficaram distantes depois que o Miguel saiu do armário?
Ou ele só fingiu implicância esse tempo todo?......kkkk
2024-04-17
2