Jul melhorou e permaneceu um mês na mansão dos Tesca, porém, não viu ninguém da família, nem os senhores, nem os filhos da família e muito menos Jane.
Enquanto Jul estava à mesa sendo servida como uma rainha, ela baixou a colher e parou de comer, chamou o mordomo que estava parado perto observando-a e perguntou ao homem de meia-idade:
—E os Tesca? Parece que abandonaram este lugar. — Disse Jul olhando ao redor, a mesa era de vidro e as paredes estavam pintadas de branco sem uma mancha sequer, e o chão era de cerâmica azul-claro.
—Ah, infelizmente só resta uma pessoa com esse sobrenome. — Jul arregalou os olhos surpresa e o homem explicou. — A Srta. Jane vem à noite e vai embora antes do amanhecer. — Comentou o homem enquanto ajeitava um pouco a camisa.
—Ela vem aqui? — Jul sorriu sem dar importância à morte dos outros membros da família Tesca. — A que horas? Você sabe para onde ela vai antes do amanhecer?
—A Srta. Jane entra por volta das doze ou uma da manhã, e não sei para onde ela vai quando amanhece. — Ele disse a Jul.
—Obrigada, vou esperá-la esta noite. — Jul voltou a comer e o homem voltou para sua posição.
«Você nunca viverá em paz, nossos espíritos irão te perseguir e tornarão sua vida um inferno, lembre-se disso, Jenny!» Jane se assustou e respirou desesperadamente, como se estivesse sem ar. As últimas palavras de seu falecido pai a atormentavam dia após dia, Jane não entendia como um cadáver podia incomodá-la tanto. Talvez ela devesse ter queimado seus corpos e suas almas nojentas.
—Você é um maldito morto... pare de me torturar. — Ela falou exasperada e olhou ao redor, encontrando o cadáver de uma garota de mais ou menos sua idade ao seu lado. —Claro... — Jane se levantou e continuou o que estava fazendo antes de adormecer. Na verdade, ela tinha se cansado de gatos e outros animais.
Quando terminou, entrou no rio e limpou o sangue do corpo e dos cabelos. Fazendo com que seu cabelo recuperasse a cor clara e não estivesse manchado de vermelho.
Quão hipócrita o ser humano pode ser?
A maioria da população havia se reunido na praça, onde construíram às pressas uma plataforma para que a pessoa que falaria pudesse ser vista por todos à distância e ouvida pelo megafone. Havia cadeiras de madeira dispostas em fileiras na praça, era onde a maioria podia ver tudo.
—Estamos reunidos aqui devido aos inúmeros desaparecimentos dos últimos meses, adolescentes, mulheres e homens, todos assassinados. — O prefeito da cidade falou e a maioria permaneceu em silêncio e alguns murmuraram fazendo especulações erradas e estúpidas. — O governo não vai nos ajudar, então temos que nos vingar com nossas próprias mãos. — O público aplaudiu. No meio da multidão estava Juliana, sentada ao lado de Erick. Ela estava usando um vestido estampado circular e um chapéu vermelho. Após o desaparecimento de Jul, os dois ficaram mais próximos e parecia que a chama do amor havia reacendido. O problema sempre foi Jul e Juliana desejava no fundo que sua filha estivesse morta. O amor de mãe era tão grande.
—O Sr. Makoto é um maldito assassino! — Um homem da plateia se levantou e acusou o estrangeiro, que se levantou irritado e negou os fatos. — Você acha que eu te acusaria sem provas? Eu tenho fotos. — O homem gargalhou deixando todos em choque. Até o prefeito não sabia o que fazer naquele momento. Juliana, por outro lado, estava um pouco entediada com esse assunto que já tinha ouvido antes.
—Eu não matei aquelas pessoas desaparecidas, eu não matei ninguém! — Disse o Sr. Makoto com olhar triste e preocupado. O estrangeiro era alto, media mais de um metro e setenta, tinha cabelos muito escuros e olhos puxados. Ele era muito magro.
—Bem, vamos deixar esse assunto para amanhã. Precisamos de homens corajosos para fazer a guarda esta noite e nas próximas noites. Não vamos descansar até encontrarmos o corpo das vítimas. — Parecia ser a única solução e o prefeito a compartilhou com o público.
Depois disso, o prefeito terminou seu discurso e a multidão se dispersou. Alguns voltaram para casa e outros ficaram na praça conversando sobre a situação preocupante da cidade. Eles estavam com medo de serem os próximos a desaparecer e, por causa disso, muitos começaram a procurar ferramentas para se defender. Eles não esperariam que a delegacia de polícia próxima enviasse uma patrulha, o que poderia levar mais de um mês.
Estefânia começou a fazer as malas dela e da filha.
—Vamos sair deste lugar maldito, não vou ficar mais um dia. — Ela pegou a mão da filha e tentou fazê-la sair de casa. Mas sua filha recusou.
—Mas... papai está doente, não vou deixar meu pai. — Estefânia olhou para o homem inválido na cama, dois anos atrás ele havia caído da colina e ficado aleijado desde então. O homem parecia demacrado naquela cadeira de rodas, era melhor que morresse de uma vez. Afinal, esse era o desejo de Estefânia.
—Olha para mim, ele é um fardo neste momento. Você sabe quem voltou para a cidade?, sim!, é aquela maldita Tesca, e eu sei que a notícia sobre a morte dos Tesca foi causada por ela. — Ela agarrou sua filha com força e a arrastou. Lucy olhou para o pai pela última vez e seu rosto parecia o de uma pessoa morta. Ela derramou uma lágrima antes de abandoná-lo e fugir com a mãe.
Jane parou no topo da colina observando a estrada atentamente, e quando ouviu o som de um carro. Ela colocou um joelho no chão e a outra perna dobrada e apontou com o rifle. Ela queria atirar na cabeça deles, mas uma ideia brilhante passou por sua cabeça e ela atirou em dois pneus e o carro perdeu o controle e capotou.
Jane desceu a colina como se estivesse desfilando, demorou a chegar e quando chegou perto se abaixou para ver se algum deles ainda estava vivo.
Jane sorriu ao ver Lucy de cabeça para baixo com um caco de vidro no olho. E ela olhou para o banco do motorista, onde Estefânia estava com a cabeça completamente esmagada. O sangue espalhado pelo carro e saindo dele era enorme, e isso causou muitas emoções em Jane.
—Sinto muito, mas não vou deixar ninguém escapar. — Jane passou uma faca em seu pescoço e o sangue manchou o para-brisa quebrado. — Eu preciso de um assistente, não preciso? — E todo o sangue manchou parte da estrada.
Jane se afastou e se perdeu no meio da floresta.
Jul olhava a cada segundo para a janela, esperando o retorno de Jane, imaginando como ela estaria agora, talvez mais bonita do que antes. Ela já devia ser uma mulher de verdade, pensou Jul, corando ao imaginar a aparência de Jane.
Jul olhou para a janela novamente e viu a silhueta de alguém se aproximando da mansão e saiu correndo. Ao se aproximar, ela pôde ver melhor e Jul deu um sorriso radiante. Mesmo no escuro, ela nunca esqueceria o cheiro de Jane.
Ela pulou em Jane envolvendo suas pernas na cintura de Jane. E escondendo o rosto no pescoço dela, ela disse:
—Senti sua falta. Nunca mais me deixe. — Jul ignorou completamente as manchas vermelhas na camisa branca de Jane.
O amor não vê imperfeições? Não sei, eles disseram que o amor é cego.
Jul pensou que Jane ficaria furiosa com a cicatriz em seu rosto, no entanto, Jane não perguntou sobre isso e nem olhou para ela com nojo. Jul estava grata por não parecer tão feia aos olhos de Jane.
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Atualizado até capítulo 23
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