Capítulo 13

O lugar era escuro, apenas iluminado por algumas velas e naquele lugar com tão pouca luz estava Jane, acorrentada à parede e com os lábios secos devido à falta de água.

Jane levantou a cabeça fracamente ao ouvir o som de uns sapatos a aproximar-se. Ela encolheu-se mais contra a parede enquanto sentia o seu peito bater forte, os seus instintos gritavam-lhe para fugir o mais longe possível daquele lugar.

— Por que fizeste isso? — Perguntou o homem loiro, aquele homem que era seu pai, não, ela jamais consideraria aquele homem como seu pai. Não quando ele fez de tudo para a destruir e deixar gravado em todos os momentos que ela era uma porcaria e uma filha indesejada. — Não vais responder? Passa-me o chicote. — O acompanhante foi buscar o material e depois entregou-o ao senhor Tesca. — Vamos contar, se te esqueceres de um número recomeçamos a contagem.

Jane ofegou cansada e fechou os olhos com medo de ver aquele monstro aproximar-se dela.

Vamos contar?

— Por que estavas perto da mais nova dos Tesca?, não te disse que era um demónio? — Jul negou repetidamente e disse:

— Jane jamais será um demónio aos meus olhos, ela é quem me ouviu e prometeu ajudar-me, mas… tu traíste-me… e juro que te vou matar Juliana Montés. — Jul recebeu uma bofetada tão forte que cambaleou um pouco. — És mais demónio que a Jane. — Jul saiu a correr de casa, deixando ali a Juliana que lhe gritava insultos e ameaças.

Jul correu pelo meio das árvores, nem sequer precisava de olhar para as marcas, lembrava-se de todo o caminho e quando chegou a casa, entrou e deitou-se ao lado dos novos objetos da Jane.

Onde estás?, era algo em que Jul refletia, teve várias vezes o impulso de ir à mansão dos Tesca, mas sentiu que era uma má ideia. No entanto, ela não queria ver a Jane a ser maltratada por ninguém.

A última vez que a Jul viu a Jane foi quando o senhor Williams Tesca a arrastava para um carro preto e depois disso não soube mais nada.

Esperou dias, semanas, meses e anos, mas nunca mais viu a sua Jane e isso fez com que ela caísse numa enorme depressão e se isolasse completamente de todos.

Sete anos depois.

Jul estava no seu quarto, sentada no chão concentrada em cortar o pulso. Nem sequer entendia como podia continuar viva, ela não se alimentava bem e tinha tentado matar-se de muitas maneiras, mas ainda continuava aqui, nesta vida miserável.

A porta começou a abrir-se lentamente, Jul suspirou e escondeu a faca debaixo da cama. Durante muito tempo resistiu mas, chegando a este ponto o seu espírito de luta tinha morrido e no seu lugar ficava uma pobre rapariga que tinha medo e era incapaz de matar o seu pai apesar de ter uma maldita faca tão perto. Como ela se tornara miserável, sem a Jane ali ela não era nada.

Erick fechou a porta à chave e a Jul começou a despir-se, queria que toda aquela porcaria acabasse depressa. Fechou os olhos durante todo o ato a tentar imaginar outras coisas que não fossem asquerosas, como o rosto da sua linda Jane por exemplo.

Depois daquela besta ter terminado e se ter afastado, ela entrou na casa de banho e foi lavar-se.

— Cheiro horrivelmente… — Começou a esfregar-se com a esponja com tanta força que a pele ficou vermelha.

Jul olhou para o seu rosto cheio de marcas de cortes e apertou os dentes com raiva. A Juliana tinha-lhe arruinado a cara porque estava com ciúmes, ciúmes de quê era a pergunta? A Jul não conseguia entender aqueles monstros. Tomara que a Jane nunca visse o seu rosto assim.

Nesse preciso momento a Jul sentiu um enjoo horrível e correu para a sanita e vomitou dando ânsias de vómito que lhe causavam dores no peito.

Quando acabou, limpou a cara com água e lembrou-se do que tinha aprendido nos livros de ciências naturais, assustou-se muito e observou a barriga e começou a negar aquele maldito pensamento que lhe passou pela cabeça.

— É mentira, é mentira… não vou ter essa coisa. — Jul pegou na faca que tinha escondido e saiu a correr de casa. O maldito do Erick continuava a beber no sofá em frente à lareira, ela abriu a porta e fugiu em direção ao abrigo.

Entrou no abrigo onde já não cabia como antes porque tinha crescido, olhou para a faca e pensou várias vezes.

— Vou tirar essa coisa daqui. — Disse com determinação e pôs um pano na boca e enfiou a faca na barriga. Fez um corte horizontal lentamente enquanto aguentava a dor e quando acabou, meteu a mão dentro da própria barriga e tirou aquela aberração que tinha lá dentro. Começou a cuspir sangue e a sentir-se fraca, mas não se importou e pegou na faca e esfaqueou aquele parasita, vezes sem conta, tantas que perdeu a conta.

E depois sentiu-se fraca e com muito frio e desmaiou ali devido à perda de sangue.

Será que a morte tem favoritismo?

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