Capítulo 6

Jul seguiu Jane até o fundo da floresta, na verdade, era uma área que Jul nunca tinha visto antes, era a primeira vez que ela estava lá.

—Jane... meus pés estão doendo. —Jul sussurrou suavemente, ela não queria aborrecer Jane.

—Tudo bem, vamos descansar. —Jul deu um sorriso por causa disso e juntas se sentaram em um tronco caído. —Levante sua perna, vou fazer uma massagem.

—Sim, obrigada. —Jul levantou a perna direita e a colocou sobre as coxas de Jane, e Jane tirou as botas dela e então começou a massageá-la. —Qual é a sua cor favorita?

Jane olhou para ela com uma expressão confusa e Jul rapidamente ficou envergonhada. —Não sou esquisita, só quero te conhecer melhor, já que somos amigas. —Jane continuou com a mesma expressão confusa.

—Eu não sou sua amiga. —Jul se sentiu triste ao ouvir isso. —E não ultrapasse os limites. —Isso preocupou ainda mais Jul, que se apressou em dizer.

—Desculpe, não fique brava, eu pensei... não fique brava, ok? Só tenho você, não tenho mais ninguém.

Jul ficou aliviada ao ver que a expressão de Jane suavizou. Tão aliviada que suspirou.

—As perguntas te incomodam? —Jul perguntou, e Jane negou.

—Eu odeio a palavra amiga, não gosto dela. Lembre-se, você é apenas meu objeto.

—Mas eu sou uma menina... E seus pais trabalham na cidade, certo? —Jul perguntou a ela.

—Sim, eles vendem objetos como você. —Jane sorriu de uma forma assustadora, que até assustou Jul.

—Mas minha mãe disse que seu pai é dono de várias perfumarias e sua mãe é uma escritora muito famosa, na verdade, minha mãe gosta dos romances dela, mas parou de lê-los quando vocês vieram morar aqui e ela soube de você.

Jane levantou a cabeça e se concentrou em observar cada expressão no rosto de Jul, e então caiu na gargalhada, quando se acalmou, explicou.

—São aparências, flor, um perfumista e uma escritora, ambos com enormes fortunas... humm, a fortuna é feita vendendo objetos como você. —Jane explicou novamente e Jul fez uma expressão de terror.

—Você vai me vender também? —Jane empurrou a perna de Jul com raiva e então se aproximou e agarrou Jul firmemente pelo braço.

—Não me compare com eles, eu sou melhor que eles. E por que eu iria te vender? Você é útil para mim e é divertido te ter por perto. —Jul fez uma expressão de dor e Jane soltou seu braço suavemente e então acariciou seu cabelo até o rosto. —Mantenha esse rosto em perfeitas condições e eu vou mantê-la ao meu lado.

Jane se levantou e Jul calçou a bota às pressas. Então ela seguiu Jane e antes de alcançá-la, tocou a bochecha onde Jane havia acariciado com tanta ternura.

"Eu gosto da Jane", pensou Jul enquanto alcançava Jane e elas continuavam caminhando na mata densa.

—Você está vendo aquele coelho? Não faça barulho, esta coisa pode pegá-lo rapidamente. —Jul observou enquanto Jane se colocava em posição de atirar, parecia muito legal e experiente no que estava fazendo.

Jane disparou a besta e caiu no chão devido ao recuo e Jul viu a cabeça do coelho ser atravessada pela flecha, sentiu nojo e vontade de vomitar, mas foi ajudar Jane a se levantar.

—Eu fiz perfeitamente, um dia você também fará algo legal assim. —Jul assentiu com a cabeça ao que Jane estava dizendo e quando viu Jane se aproximando da presa e agarrando-a sem medo, sentiu mais nojo e foi impossível não vomitar. —Você é nojenta, você acabou de estragar meu humor.

—Não fique brava, Jane... —Ela não conseguia nem falar porque continuava vomitando, mas tinha medo de que Jane a deixasse sozinha.

—Vamos até o rio, você precisa se limpar. —Jane começou a andar e Jul correu atrás enquanto limpava a boca, alcançando Jane, ela evitou olhar para o coelho a todo custo, que a cada passo que Jane dava deixava gotas vermelhas na neve, traçando um caminho de sangue.

E embora o rio ainda estivesse um pouco longe, por causa dos passos largos de Jane, Jul teve que se ajustar e acompanhá-la. Quando finalmente chegaram ao rio, Jul estava exausta.

—Entre no rio —Jul fez uma cara assustada depois de ouvir Jane dizer aquilo. Era inverno e a maior parte da água estava congelada, e se ela entrasse, obviamente morreria de frio. —Se você não fizer isso, volte para casa agora mesmo e nunca mais me procure. —Jul não conseguiu recusar e caminhou com passos trêmulos para entrar na água. —Espere, tire suas roupas, se você as molhar, não poderá voltar em boas condições —Jul voltou e obedientemente tirou todas as suas roupas, ficando nua na frente de Jane e isso envergonhou Jul um pouco.

Jul, começou a cantar uma canção de ninar em sua mente, em uma tentativa de ser corajosa e se lançar no abismo sem medo. Só de tocar a água com a perna, ela a sentiu gelada, e sem pensar mais, colocou as duas pernas e começou a tremer, mas deixou o medo de lado e continuou andando até que a água quase cobrisse seu pescoço.

Jul estava com medo, ela não sabia nadar e um único passo em falso e ela se afogaria. E é como se o universo estivesse ouvindo seus pensamentos, enquanto uma perna se enroscava em algo e ela perdia o equilíbrio.

—Jane, me ajude! —E enquanto ela implorava, ela podia ver Jane parada no mesmo lugar, observando-a tentar salvar sua própria vida.

E embora Jul tenha conseguido se soltar e voltar à superfície, enquanto se vestia ela não conseguia parar de pensar no olhar desinteressado de Jane, aquele olhar que parecia não se importar com ninguém, Jul queria ser importante para aqueles olhos, ela queria que Jane olhasse para ela.

—Por que você não me ajudou, Jane? —Jane parou de andar e Jul também parou.

—Por que eu deveria? Um objeto não sente, não reclama e seu dono pode fazer o que quiser com ele. —Essa resposta deixou Jul sem palavras. —Como eu disse antes, você pode ir quando quiser, eu odeio forçar, se você quiser ficar, fique, se não quiser, vá embora.

Jane não parecia mais gentil aos olhos de Jul, agora, Jane parecia mais assustadora do que os próprios pais de Jul e isso a assustava.

—Desculpe, não vou reclamar de novo. —Isso foi tudo que Jul conseguiu dizer. Depois de alguns minutos se olhando, quando Jane ouviu essa resposta, ela começou a andar novamente.

No entanto, Jul parou Jane segurando seu casaco. Jane franziu a testa e Jul falou rápido para não incomodá-la.

—Eu gosto de você, Jane, eu gosto muito de você.

—Eu entendo. —Essa resposta foi dolorosa e Jul pensou que Jane não entendia o que ela queria dizer, então a deixou ir.

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!