Capítulo 10

As duas meninas tinham brigado e por volta de duas semanas Jane não regressou ao abrigo. Jul por sua vez, dia após dia vinha desde cedo até que o sol se pusesse ou a escuridão da noite fria viesse sobre ela.

Dentro de Jul havia um sentimento inexplicável para ela, o primeiro com que o associou foi com o amor que sentia por Jane, mas, talvez não fosse isso.

Jul observava o céu nublado, outra vez se encontrava no abrigo esperando com esperança voltar a ver a Jane, poder observar novamente a cabeleira loira da Jane e admirar aqueles lindos olhos azuis que ela possuía.

Jul se aconchegou a si mesma com seus braços, sentia muito frio e realmente, não tinha vontade de regressar à sua "casa". Aquele homem tinha deixado de ir trabalhar e estava mais tempo em casa, era como se ficasse para monitorizar cada coisa que ela fazia.

Sentiu vontade de chorar, mas, conteve-se lembrando que Jane se incomodava com isso. E talvez se ela deixasse de ser uma chorona a Jane regressaria.

Quando o céu começou a escurecer, Jul levantou-se e pegou na bolsa onde tinha trazido o seu diário e a comida que antes tinha comido.

O primeiro que recebeu ao entrar em sua casa foi uma bofetada por parte de sua mãe, Jul observou-a surpreendida. A que se devia aquele tratamento?, perguntava-se Jul.

—Já tolerei isto tempo demais, onde estiveste?

—A passear. —Respondeu Jul secamente à Juliana. E não esperou ser repreendida mais tempo e subiu para o seu quarto, depois de entrar fechou à chave e moveu um móvel em frente à porta, era uma maneira de se proteger a si mesma. Ouviu durante uns minutos as queixas da Juliana até que adormeceu no chão. Supunha-se que estaria desperta a fazer guarda, mas ao que parece não conseguiu resistir ao sono e ao cansaço.

Um mês depois.

Jul devia regressar às aulas e ela obviamente não estava com ânimo para o fazer.

Durante todo esse tempo passado, as coisas na aldeia pareciam calmas, porém, por alguma razão o grupo de amigas estavam muito distantes. Janette não ia às reuniões devido ao seu novo trabalho, e do qual não explicou a ninguém. Por outro lado, Estefânia dedicava o seu tempo à sua filha Lucy e Abigail continuava a ir mas, não com tanta frequência como antes. Até a própria Juliana estava ausente do grupo. Obcecada com o seu rosto, que lamentável.

Elas tinham uma amizade de anos e era a primeira vez que o grupo se dividia de tal maneira. Raquel sentiu-se estranha devido a isso. Ao que parece desde o momento em que Jane chegou àquela aldeia, todas as coisas estavam a correr mal.

Raquel olhou pela janela de sua casa, não havia nada lá fora mas, desde há umas duas horas que se sentia estranha por alguma razão desconhecida. Ela não era muito fã de crenças mas, não podia negar que sentia um pouco de medo ao sentir-se observada por aquela maldita janela.

—O que fazes mamã? —A voz do seu filho fê-la dar um salto, que susto tinha levado.

—Sim filho? —Ela deixou de observar e pôs-se de cócoras à altura do seu filho. —A mamã está a ouvir.

Parece que não tinha ouvido a pergunta do seu filho.

—Olha! —Ele mostrou à Raquel um desenho. Raquel olhou para o desenho a tentar decifrar o que era.

—O que é isso? —Ela observou a imagem desenhada. Eram muitas linhas mas, não se queria deixar enganar pela sua mente.

—O papá e o vizinho. —A cara da Raquel fez uma careta de nojo e sentiu vontade de vomitar.

Ao mesmo tempo ela sentiu como se lhe cravassem uma punhalada pelas costas, porquê?, perguntou a si mesma, sem encontrar resposta alguma. Raquel deixou sair as suas lágrimas em silêncio.

Que sítio seria o teu refúgio?

Em casa da Juliana, ela encontrava-se chateada devido a que, Jul não queria ir às aulas, nem sair daquele maldito quarto.

—Jul, abre a porta. —Ela falou com bastante autoridade e sem hesitar nas suas palavras.

—Não vou. —Respondeu Jul do outro lado. Já tinha passado uma semana desde que as portas da escola abriram e Jul continuava com a teimosia estúpida de não querer ir, era o que Juliana pensava.

—Se não abrires a estúpida da porta, derrubo-a à machadada. —Jul franziu as sobrancelhas chateada ao ouvir tal ameaça. —Jul, abre. —Jul suspirou, levantou-se e mordendo o lábio de impotência, abriu a porta.

E sem que passasse um segundo depois de abrir e permitir o acesso, a mão de Juliana atingiu fortemente o rosto de Jul. Ultimamente, andava a bater muito na Jul, a razão era óbvia, mas, segundo ela era porque Jul estava a ser muito malcriada, claro.

—Vais já para a escola. —Jul saboreou o gosto a sangue na sua boca e depois respondeu friamente.

—Já é muito tarde. —Disse-lhe Jul e Juliana arqueou uma sobrancelha.

—Não me interessa, vais já. —Agarrou no braço de Jul e começou a puxá-la agressivamente.

Nem sequer permitiu que Jul se fosse arranjar, obrigou-a a ir daquele modo, e com o cabelo despenteado. Quando Jul entrou na sala de aula todos colocaram a atenção nela, embora, apenas tenha sido por um momento porque outra professora trouxe uma aluna à sala de aula.

Jul virou-se para olhar e ficou surpreendida ao ver uma loira parada em frente ao quadro, não podia estar enganada, jamais o faria e além disso, quem se podia comparar com a beleza da Jane?

Jul queria correr e saltar para cima da Jane mas, isso era algo impossível e também não sabia se a Jane já a tinha perdoado.

—Apresenta-te. —Ordenou a professora a Jane e esta olhou para a mulher de uma forma horrível e depois dirigiu o seu olhar para os alunos.

—Sou a Jane. —E todos ficaram à espera de mais informação mas, Jane não disse mais nada e a professora mandou-a sentar-se no fundo. Jul não parava de mexer a perna com ansiedade, queria ir ter com a Jane mas, não podia, não devia.

—Muito bem pessoal, hoje vamos partilhar entre todos as nossas aventuras durante as férias. —Jane pousou a mão debaixo do seu queixo e bocejou devido à aula aborrecida e a voz da professora pareceu-lhe incomodativa.

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