Capítulo 4

A adrenalina, a respiração ofegante e as palpitações a cem por cento. Embora estivesse cansada, ela não queria parar de correr e olhar para trás a cada segundo. Nem ela mesma podia acreditar no que tinha acabado de acontecer. Ela confiou nele.

Jul procurou desesperadamente pelas marcas nas árvores, queria ir ter com Jane e contar-lhe tudo. Jane com certeza a compreenderia.

Onde te refugias quando o teu lar se torna desconhecido? Não sei, só resta fingir que está tudo bem.

Erick caminhava desesperado pela casa, de uma divisão para a outra enquanto segurava uma garrafa na mão. Depois, segurou a cabeça e deixou o seu corpo cair na poltrona onde Juliana costumava sentar-se. Como contaria isto à sua esposa? O que ela pensaria?

Naquele dia, ele tinha chegado mais cedo e não encontrou a sua esposa, apenas Jul estava em casa; contudo, ela tinha fugido e Erick estava assustado por perdê-la. Aquela rebeldia parecia-lhe estranha na sua doce menina, Jul sempre o amou e agora não poderia deixar de o fazer, e ele sabia mexer os cordelinhos de forma engenhosa, não deixaria que a inocente Jul desaparecesse, mantê-la-ia sempre jovem e bonita.

Depois de três horas, Juliana chegou e de Jul ainda nada se sabia. Juliana trazia a sua linda mala vermelha num ombro e mal entrou em casa ficou cansada.

— Bebendo outra vez? Não quero que a nossa posição caia mais baixo, já te disse para parares com isso. — Juliana repreendeu o marido e pousou a mala numa poltrona e depois tirou a garrafa a Erick, que trazia o olhar perdido e a cabeça baixa.

— Não foi minha intenção, bebi demais e confundi-a consigo. Não é culpa minha, a culpa é dela por se parecer consigo. — Juliana deixou cair a garrafa e esta partiu-se, depois ela subiu a correr para o quarto de Jul. Procurou-a por todo o lado e não a encontrou, voltou à sala e gritando perguntou a Erick.

— Onde está a minha filha? A minha bebé… — Caiu sentada no chão e parecia que ia chorar, mas não lhe saiu uma lágrima dos olhos.

— Não sei, ela saiu a correr. Já são três horas. — Juliana saiu e não disse mais nada ao marido. Que permaneceu rígido na poltrona.

O que farias pelo teu filho/a? Nem todos temos bons pais.

Jul ficou no refúgio e esperou por Jane, que não chegou apesar de Jul ter esperado horas e horas. A noite chegou e o ambiente ficou frio, bastante. A tal ponto que Jul sentiu que estava a congelar e o pior era que começava a nevar.

O nariz de Jul ficou vermelho e o seu corpo começou a tremer. Não havia onde se abrigar do frio.

— Onde estás Jane? Também me vais deixar sozinha? — Jul começou a soluçar enquanto observava as árvores e a escuridão da noite. Sentia medo, muito medo.

Aconchegou-se com os braços e deixou a cabeça repousar sobre eles e demorou pelo menos uma hora antes de adormecer.

Acordaria de manhã? Esse foi o seu pensamento antes de dormir profundamente. Também era o meu, nunca se sabe quando a morte chegará.

No dia seguinte, Jul acordou um pouco assustada depois de Jane a mover como uma sucata inútil.

— O que estás a fazer no meu esconderijo secreto? É suposto vires só quando eu estou aqui. — Jul fechou os olhos devido à luz solar que entrava e lhe batia na cara.

— Jane? Jane! — Jul abraçou-a e começou a chorar aos gritos. — Queria ver-te e queria estar contigo, mas tu não estavas e esperei a noite toda por ti.

— Uau, parabéns; aguentaste uma noite fria, eu não conseguiria, ainda menos nesta tentativa de casa. — Jane sorriu e acariciou as costas de Jul. — Esperaste como um cão espera pelo seu dono.

— Sim, esperei muito por ti. Queria contar-te uma coisa, fiquei com muito medo e não queria voltar para casa. — Jul não deu importância ao facto de Jane a ter chamado de cão. Em vez disso, sentiu-se próxima, pois Jane a felicitou.

— Sou toda ouvidos, querida. — Isso deixou Jul mais feliz e ao mesmo tempo um pouco assustada.

— O meu pai tocou-me e doeu-me muito. Já não quero voltar para casa. Não me posso ficar contigo? — Jul contou rapidamente a Jane.

— Não, não te podes ficar comigo. Por agora aguenta, depois vejo o que faço com o teu pai. Ah, conta à tua mãe. Odeio que toquem nos meus objetos. — Jul sorriu feliz depois de ouvir Jane e se fosse por Jane, Jul aguentaria anos e esperaria por ela.

— Está bem. És como um príncipe encantado. — Jul comentou com Jane enquanto desviava o olhar, tinha medo de a olhar nos olhos.

— Pareço um homem? Não importa, podes ver-me como quiseres. — Jane levantou-se do chão e saiu do esconderijo, Jul seguiu-a.

— Para onde vais, Jane?

— Tens de voltar agora, não quero ninguém nesta parte da floresta. Ah, e se houver alguém por perto e eu também estiver lá, finge que não me conheces. Não quero que ninguém saiba que somos… Próximas? — Jane falou enquanto mantinha as mãos entrelaçadas atrás das costas. — A Jane quer que guardes esse segredo —, Jul assentiu depois de ouvir a voz terna de Jane.

— Então, já vou. Volto amanhã. — E antes de ir, Jul correu e abraçou Jane, que aparentemente não esperava por isso e ficou a processar um pouco enquanto via Jul afastar-se e começar a caminhar.

Em quem deves acreditar? Todos são feras que te espreitam. Devoras ou és devorada.

Quando Jul estava a sair da floresta, viu a mãe a correr na sua direção e abraçou-a.

— Jul… Onde estiveste? Procurei-te a noite toda. — Juliana abraçou-a com força e deu-lhe beijos na bochecha.

Jul, com todo o medo no seu coração e sem saber o que fazer, contou a verdade.

— O papá tocou-me. — Disse Jul com lágrimas nos olhos. Toda assustada e à espera de encontrar refúgio na sua mãe. Que era alguém importante para ela.

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