10. O toque dos seus labios

Ritchie acordou e olhou para mesa de cabeceira, onde a flor que havia recebido na noite anterior repousava em um recipiente com água. O evento foi tão interessante que ele estava considerando em resinar a flor e se em algum momento encontrasse a interessante mulher, ele a presentearia com o objeto.

Ele ouviu batidas na porta que logo se abriu e ele vi o rosto da irmã surgir:

— Bom dia. — Karol entrou no quarto. — Pai está em casa e acho que isso tem algo haver com a festa de ontem.

O loiro sentou na cama com um sorriso travesso no rosto:

— Você nem imagina o que aconteceu.

— Vi que houve um escândalo, mas não deram detalhes na nota. — Karol atravessou o quarto e sentou na beirada da cama do irmão.

— Acho que se essa coisa de almas gêmeas existirem, eu conheci uma ontem.

— Hum, me conte sobre isso?

— Cheguei na festa e percebi ter um burburinho no ar, aí me dei conta que o Tyrant saiu da toca e estava com uma mulher linda como acompanhante.

A porta se abriu e Richard surgiu carregando uma bandeja nas mãos:

— Posso me juntar? Também quero saber do ocorrido de ontem.

— Venha pai, sente aqui, comecei a contar agora para Karol. — Ritchie fez sinal para o pai sentar ao lado dele, o que foi atendido. — Então, o burburinho era porque o Tyrant estava na festa, o cara não se toca que os convites são por consideração e mesmo assim vai para passar vergonha. Enfim, ele estava lá comendo como um porco, como sempre, só que ele estava acompanhado com uma mulher muito bonita.

— Não acredito! Aquele bastardo? — Richard estava pasmo.

— Sim. Aí fiquei curioso, porque aquela moça não merecia ficar perto de um ser daquele, então perguntei a umas amigas minhas sobre a situação. O infeliz não deixava ninguém se aproximar e sempre que alguém tentava, ele falava que a moça era noiva dele. Fiquei com pena, porque ela não havia conseguido falar com ninguém, estava excluída com o porco e bem, mesmo com um vestido fora de moda, ela era muito bonita.

— Você falou que ela é bonita tantas vezes, que até fiquei curiosa de conhecê-la. — Karol falou.

— Eu já vi mulheres bonitas, mas ela… bem, enfim, consegui um trouxa para distrair o Tyrant e uma das meninas a levou para uma área tranquila e eu fui lá ver ela de perto. Eu não sei bem dizer o que aconteceu comigo, mas quando percebi eu estava a beijando, o Tyrant nos viu e eu saí correndo com ela nos braços, antes de fugirmos, ela pediu para ficar ali porque não queria perder quem amava.

— Ela falou sobre ter algum parentesco com o Tyrant? — Richard perguntou ao terminar de mastigar um pãozinho que havia pego da bandeja com café da manhã.

— Primos.

— Há um rumor bem nojento sobre a família Tyrant.

— Qual rumor? — Karol pegou um pedaço de fruta da badeja.

— Dizem que eles só se relacionam entre si. Os que são filhos de pessoas de fora são descartados, por isso a família esta praticamente extinta. Saber dessa jovem é uma novidade. Quer que eu investigue ela?

— Pode ser, mas não garanto as coisas da parte dela. — Ritchie voltou a se deitar. — Provavelmente, ela deve estar sendo chantageada.

— Não duvido, porque pelo que sei, até então o Elias era o único herdeiro, agora com o aparecimento dessa moça, deve ter algo interno da família deles.

— Mas ela é muito bonita para ser uma Tyrant.

— Cabelos castanhos, quase loiros e olhos verdes como jades. Ela tinha essas características? — Richard perguntou comendo mais um pãozinho.

— Sim, mas não era feia como o Elias.

— O Pai do Elias também era feio, mas a irmã dele era linda, aquela mulher desapareceu do nada. Claro que a mãe de vocês era muito mais bonita, é só olhar para a Karol.

— Só me preocupo com a segurança dela, se ela falou que não queria perder mais uma pessoa que amava, ela deve estar sendo chantageada. — A jovem de longos cabelos loiros se levantou. — Se precisarem da minha ajuda, é só falar.

— Primeiro, irei investigar sobre essa jovem, isso pode levar tempo, enquanto isso, continue se divertindo com a sua cantora. - Richard falou e seguiu a filha, saindo do quarto.

Só então Ritchie se deu conta da existência de Stella e se essa história caísse nos ouvidos da cantora, ela ficaria extremamente chateada com ele. Se bem, que ele havia sido um canalha ao beijar outra mulher. O loiro suspirou e voltou a se deitar, seus pensamentos voaram até a jovem com olhos de jade:

— Espero que esteja bem.

-****-

Ritchie havia acabado de sair da faculdade quando viu o carro de serviço de Shion parar a sua frente. O vidro do lado do motorista foi baixado e ele pode ver o seu jovem chefe de segurança com um ar preocupado:

— Senhor, eu vim o mais rápido que pude para contar o que descobri.

— Certo, já avise alguém para vir buscar o meu carro. — Ritchie entrou na parte de trás do veículo sem nem esperar o funcionário abrir a porta como de costume. — Diga, descobriu algo?

— Sim, achei o hotel onde eles estavam hospedados, a moça se chama Rose Lewis e bem, no dia que voltaram da festa, o senhor Elias a agrediu e ela foi hospitalizada. Depois disso não consegui mais informações.

— Droga! — O loiro fechou os punhos para conter o ódio. — Vamos vasculhar os hospitais mais próximos para verificar se encontramos alguma coisa.

— Sim, eu já pedi a equipe para verificar os hospitais e quando eu tiver alguma novidade informarei o mais rápido possível.

— Bem que a Karol falou que essa moça corria risco de vida, só espero que o pior não aconteça.

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