6. Nova amiga

Kelvin saiu para a varanda da casa onde morava com os pais, segurando uma caneca com café, quando encontrou o irmão mais velho limpando o revólver antigo que sinalizava que ele era chefe da segurança da família Tyrant. Mesmo sendo jovem, Cedric sempre foi frio e mortal, isso conquistou a confiança de Elias, que o nomeou para o cargo. Ele se aproximou chamando a atenção do irmão:

— Caçou recentemente? — Kelvin perguntou para iniciar a conversa.

— Nada muito importante, alguns ladrões tentando escavar sem autorização. — Cedric respondeu sem emoção.

— Você que levou a Rose para casa ontem?

— Eu sempre faço isso. Elias só confia em mim para segurança dela. — Cedric observou o irmão mais novo. — Sei que estão namorando, por que não a leva para longe daqui? — O mais velho perguntou sério.

— Ontem perguntei se ela queria se casar comigo. — Kelvin puxou uma cadeira e sentou ao lado de Cedric. — E ela aceitou.

— Se case e vá embora desse lugar com ela.

— Pior que nem tem como, comecei a trabalhar recentemente, não tenho dinheiro para me mudar daqui e também, ela já tem a loja e a casa, seria mais confortável ficarmos aqui.

— Seria mais seguro vocês dois irem embora.

— Por que diz isso? Você sabe de algo? - Kelvin encarou o irmão confuso.

— Não posso dizer nada, além disso. Se a ama, apenas a leve embora antes que seja tarde demais.

Cedric montou a arma novamente e saiu da mesa, deixando Kelvin pensativo. Após terminar o seu café, o irmão mais novo decidiu ir ver se tudo estava bem com Rose após aquela estranha conversa. Ele até desconfiava que havia algum tipo de segredo entre Rose e Cedric, porque o irmão tinha uma genuína preocupação com a florista, tanto que ele já havia cogitado que os dois tinham um caso. Só que a paixão e devoção de Rose por ele, deixava claro que Cedric não tinha espaço no coração dela, o que o fez descartar um possível relacionamento e bem, era Rose.

Rose sempre foi delicada, amável e romântica. Era como uma bela boneca de porcelana que tinha que ser cuidada com carinho e devoção, tudo que ele sempre idealizou em uma mulher, por esse motivo ele havia se apaixonado por ela desde a infância. Como ela sempre dizia, ela era a sua princesa.

Kelvin andava pelas ruas quando notou um caminhão de mudanças parado em frente a uma casa que estava vazia há anos. Como era caminho, ele apenas foi se aproximando, até que viu uma bela jovem sair da construção para pegar algumas caixas junto de um menino de uns sete anos. Os olhares se cruzaram e ela sorriu lhe desejando um bom dia.

-***-

As ruas ainda estavam vazias quando Rose saiu para ir à padaria comprar pães frescos para comer, coisas que há dias não fazia para poder economizar para pagar a dívida, que agora ela sabia que era muito maior do que ela poderia pagar em uma vida. Ela estava frustrada e pelo andar da carruagem, teria que aceitar o casamento com Elias se quisesse permanecer viva.

Porém, se casar com Elias era assinar a sua derrota, era desistir dos seus sonhos felizes, era desistir do amor de Kelvin. Coisa que ela não queria, afinal, seus sentimentos eram todos para o jovem segurança, com quem cresceu junto e era o seu ideal de príncipe encantado.

Ela andava distraída, até que viu um caminhão de mudanças parado em frente a uma casa, que estava fechada há anos. Mas o que chamou a sua atenção não foi o caminhão, mas sim o seu namorado ajudando a descarregar a mudança com uma bela moça de cabelos curtos e com aparência de que veio da cidade. Kelvin parecia animado ajudando aquela mulher e aquilo fez com que o seu coração se apertasse em uma estranha angústia surgisse:

— Amor!

A voz de Kelvin soou e Rose pode ver o namorado parado, segurando uma caixa e acenando para ela com um lindo sorriso. Se esquecendo dos problemas, a jovem de cabelos castanhos correu na direção do namorado, com um lindo sorriso:

— Bom dia, meu amor, fui a padaria para comprar pão fresco para nós dois. — Rose falou com um tom amável, que ela sabia que seu namorado adorava.

— Você sabe que não precisava. — Kelvin acariciou os longos cabelos dela. — Só vou terminar de ajudar aqui e podemos ir para eu te ajudar a abrir a loja.

— Nossa, que moça linda! — A jovem que estava se mudando para casa surgiu com um simpático sorriso.

— Lisa, essa é minha namorada, Rose. Rose, essa é a Lisa, ela está se mudando para cá com a família. — Kelvin apresentou.

— É um prazer te conhecer, Rose, olha, estou encantada com você. — Lisa falou gentil.

— É um prazer te conhecer também, Lisa. — Rose sorriu e cumprimentou Lisa com um aperto de mão.

— A Rose é dona da floricultura, deveria ir ver as flores dela, você vai ver quão lindas são. — O jovem segurança falou animado para Lisa.

— Uma fada linda como a Rose, com certeza deve ter lindas flores, e sim, eu quero conhecer essa floricultura.

— Será muito bem-vinda.

— Me perdoe por ocupar seu namorado, Rose. Kelvin, se quiser ir com ela, pode ir, aqui já estamos terminando.

— Amor, teria problema eu terminar de ajudar? Você poderia me esperar?

— Claro que espero, meu amor. — Rose aproveitou para dar um beijo no rosto de Kelvin.

— Ok, não vou demorar. — Kelvin saiu apressado.

— Ele é sempre prestativo assim? — Lisa perguntou chamando a atenção de Rose.

— Sim, ele sempre ajuda as pessoas.

— Vocês dois tem sorte de terem um ao outro, são um casal muito bonito.

— Obrigada.

— Você parece nova, desculpe a pergunta, mas qual a sua idade?

— Dezoito.

— Sério? Eu também. — Lisa falou empolgada. — Ah, que bom conhecer uma garota da mesma idade que eu por aqui, meu pai havia falado que quase não havia jovens na vila.

— É porque a maioria vai para a cidade estudar e trabalhar.

— E você e o Kelvin, não vão?

— Estou terminando os estudos e o Kelvin já tem um bom trabalho aqui, acredito que por hora não vamos sair.

— Nossa, é bom que vou ter com quem conversar.

Rose percebeu que Lisa era bem solta e conversava bastante e aquilo a tranquilizou, já que pouco as mulheres se aproximavam dela devido o fato dela sempre chamar atenção, mas ao que parecia, Lisa estava acostumada com esse tipo de coisa e não ligou nem um pouco para aparência dela. E assim ela começou uma amizade

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