7. Príncipe Encantado

Havia algumas horas que Rose estava sentada na cadeira daquele salão de beleza de uma cidade que ela nem fazia ideia de qual era. O chamado de Elias havia ocorrido naquela manhã, a obrigando a seguir com ele para uma curta viagem, que ele avisou em cima da hora, não dando tempo algum para ela poder se preparar.

Um trio de pessoas estava trabalhando arduamente sobre ela e não paravam de lhe fazer elogios, perguntando se ela não era atriz ou modelo. Coisas que nunca haviam passado por sua mente. Ela ouviu o maquiador falar que estava pronta e virou a cadeira para que ela pudesse ver o resultado, e o que ela viu foi uma mulher linda, como uma princesa saída de um conto de fadas de tão perfeita que estava:

— Essa… sou eu mesma? — A jovem se perguntou ao observar a sua imagem refletida no espelho.

— Sim, e você é muito linda. Deveria aproveitar isso, menina! — O Cabeleireiro falou animado. — Posso tirar uma foto sua? Quando você for famosa, não se esqueça do meu salão. — Ele brincou fazendo Rose rir.

— Se algum dia eu chegar a ser famosa, pode deixar que não vou me esquecer de vocês, até porque é a primeira vez que recebo cuidados como esse.

— Olhe, não sei o que vai ser daqui para frente para você, mas seja forte e priorize o dinheiro. Amor, beleza e fama, passam, agora se souber administrar o dinheiro e a sua inteligência, isso fica. Use as suas armas, menina, você terá um lindo futuro.

— Esta pronta?

A voz de Cedric soou e Rose se virou para ver o cunhado, que ficou surpreso ao vê-la usando maquiagem pela primeira vez:

— Viu? Você tem uma arma. — O cabeleireiro brincou fazendo a jovem rir.

— Vou aprender a usar essa arma. Obrigada pessoal!

Rose agradeceu e se aproximou de Cedric que não conseguia tirar os olhos dela:

— Esta tão estranho assim? — ela perguntou ao entrar no carro.

— Não, na verdade, esta linda. — Cedric falou sem jeito.

— Obrigada!

— Elias já comprou o vestido que você irá usar hoje durante a festa. Como segurança, eu não poderei entrar no evento, mas se precisar de mim deixarei bem claro onde ficarei para que você possa me procurar.

— Confesso que estou com um pouco de medo, nunca estive em um evento desse tipo, aliás, nunca saí do vilarejo e agora estou prestes a ir em uma festa de pessoas ricas.

— Esse momento iria chegar, é uma pena que não está sendo da maneira que deveria ser.

— Sabe Cedric, acredito que a partir de hoje devo ter alguma iluminação para saber se devo lutar ou não pelo que me é de direito.

— Você sabe, a minha devoção é apenas para com você, Rose. Trabalhar para aquele porco imundo é porque me obrigam.

— Sei Cedric, por isso confio em você para me proteger.

-***-

O local da festa parecia um sonho para Rose. A decoração repleta de flores naturais, lustres de cristais, talheres de prata e porcelana de primeira qualidade. Mesas com toalhas brancas e perfeitas, cadeiras de qualidade forradas, garçons distribuindo bebidas e aperitivos caríssimos, que se não fosse pelas aulas que Elias estava dando a ela, jamais ela teria ideia do que se tratava ser. Os convidados eram em sua maioria jovens personalidades, empresários, herdeiros e artistas, cada um mais belo que o outro.

Assim que entrou ao lado de Elias, ela sentiu os olhares sobre si. Seria difícil não chamar a atenção ao lado do herdeiro da família Tyrant, já que ele era enorme e não tinha um rastro de beleza na face, já ela, só de olhar ao redor, percebeu que o vestido que usava não combinava em nada com o local refinado.

Cedric indicou o local onde ficaria e ela seguiu Elias, que ignorava os olhares de reprovação e já ia caminhando até uma mesa de aperitivos, a deixando mais envergonhada ainda por estar ao lado daquele ser. Ele a mantinha bem próxima de si, e quando alguém se aproximava ele sorria e falava que ela era sua noiva, a deixando enojada.

Assim como fazia quando sofria os abusos dele, a jovem de olhos verdes apenas imaginou que fosse Kelvin ali, ao seu lado. Sorrindo e dizendo a todos que eles eram noivos e iriam se casar. Tudo seria tão perfeito se Elias não existisse, mas ele existia e por esse fato ela estava sendo tratada como uma boneca de luxo

Aparentemente, ninguém no local gostava de Elias, pois todos se afastaram dele como se fosse um doente contagioso. Um grupo de moças jovens tentou se aproximar dela para conversar, mas logo o líder da família Tyrant se meteu no grupo e as jovens se afastaram a deixando sozinha.

Foi então que a jovem florista viu ele surgir na entrada do salão. Assim como um ímã atrai metal, todos presentes se viraram para vê-lo. Ele era lindo, com seus cabelos loiros, impecavelmente penteados, olhos azuis como dois aquamarines, um sorriso perfeito como o Sol e uma roupa tão perfeita que se encaixava no ar de realeza que ele possuía.

Naquele local havia muitas pessoas bonitas, mas nenhuma como aquele homem que havia acabado de chegar. Um grupo grande de pessoas o rodeou e ele apenas distribuía sorrisos e cumprimentos:

— Quem é esse? — Rose perguntou para Elias, que parou de encher o prato para olhar o recém-chegado.

— Um playboy que se acha só por ser o herdeiro principal de um conglomerado. Eu também sou o único herdeiro da família Tyrant e não sou paparicado assim. — O homem falava como uma criança fazendo pirraça. — Acho que se eu fosse alto como ele, todos olharam para mim assim.

Rose olhou para Elias sentindo pena, afinal o problema dele não era apenas altura, mas ele não conseguia enxergar isso. Ao voltar sua atenção para a festa, ela encontrou o par de olhos azuis sobre si, o que a fez perder o fôlego e sentir uma onda estranha de energia passar pelo seu corpo. Por um instante parecia que o mundo havia parado e apenas os dois existiam. O contato foi quebrado por Elias, que a puxou pelo braço a arrastando para outro canto da mesa de aperitivos.

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