8. Tão bela quanto uma musa

— Ah, não! É sério mesmo que terei que ir a mais um evento e ainda por cima, sozinho? — Ritchie reclamou ao telefone.

— Tenho culpa se nosso pai está me forçando a treinar até a exaustão? — Karol respondeu enquanto recebia ajuda para se alongar.

— Mas que inferno! Terei que aguentar aquele monte de urubu em cima de mim.

— Por que não leva a Stella?

— Não posso, segundo o velho, esse evento vai ter muitas jovens promissoras. — Ritchie imitou a voz do pai e ouviu a gargalhada da irmã. — Ri mesmo, vai chegar a sua vez.

— Espero que ele fique fixado nessa ideia de treinos, aí posso ficar tranquila.

— Também espero, não quero ver você casada com um imundo que nem o Tyrant.

— Credo, nem cogite isso. Oh, meu intervalo terminou, quando sair da festa me ligue e conte o que aconteceu.

— Pode deixar que vou te contar as fofocas. — Ritchie brincou e desligou o telefone.

— Você parece outra pessoa quando fala com a sua irmã. — Shion falou ao depositar a roupa de Ritchie sobre a cama.

— Ela é o meu tudo. — O loiro suspirou e observou a roupa enviada para ele usar na festa. — Ao menos eles acertaram na cor dessa vez.

— Seu pai pediu que fosse branco para realçar a sua pureza e genialidade. — O segurança brincou.

— Juro que se a Stella não tivesse show hoje eu a buscaria só para ela ir como minha acompanhante. Mas, como a minha mulher está trabalhando, eu tenho que enfrentar os meus problemas sozinho. Acho que não tenho muita sorte com mulheres.

— Você acha? - O chefe de segurança observou o loiro com um olhar irônico.

— Shion, não é para isso que eu te pago, sabia?

-***-

Ritchie conhecia muito bem aquele tipo de festa, era o local onde você se exibia como mercadoria para atrair falsas amizades e com sorte, relacionamentos. Ao menos duas vezes no ano, era normal acontecer aquele evento. O que aliviava a sua mente é que aquela seria a última do ano e seu pai ainda não havia enviado Karol para o abate. A cada dia que passava, ele se preocupava com o futuro da sua irmãzinha.

As ruas daquela cidade, sempre estava lotada de carros de luxo e de pessoas cheias de dinheiro e vazias de conteúdo. Ele era rico, sim, mas isso nunca havia subido na cabeça dele, diferente de algumas pessoas que conheciam, que tratavam pessoas de baixa renda como formigas.

O carro de luxo deslizou pelas ruas e em poucos minutos estava em frente ao luxuoso salão de festas, onde futuramente seria sua festa de aniversário. O loiro entrou e logo recebeu vários olhares de conhecidos e de pessoas não tão conhecidas assim. Aqueles que eram mais próximos, logo formaram uma roda ao redor dele, felizes por sua presença.

Mesmo que ele tivesse chegado com sua suposta luz e carisma, ele notou que havia algo errado no ar. Nos cantos, havia pessoas olhando de lado e cochichando. Preocupado com a sua imagem, o herdeiro passou a reparar ao redor, até que seus olhos pararam sobre uma bela jovem que usava um vestido rosa, um tanto cafona na visão dele e que em nada seguia a etiqueta do local, com seu excesso de camadas e um laço grande na única alça que cobria um dos ombros.

A mulher em si era linda, alta, com o corpo esguio, cabelos longos e claros, uma pele clara perfeita e os olhos verdes como jades. Ela olhava para o homem obeso que ele conhecia bem, aliás todos conheciam a piada da alta sociedade, Elias Tyrant, um homem sem um pingo de tato que forçava seu reconhecimento, porém ninguém queria se aproximar dele devido o fato da história da sua família ser um tanto obscura.

Ele viu a jovem levantar os olhos para observar ao redor e seus olhares se cruzaram. Deus, ela era muito linda, perfeita em todas as formas, como as musas descritas na mitologia grega; O loiro não conseguia desviar os olhos dela, sentia-se atraído por ela como nunca havia se sentido antes. Era como se o mundo tivesse parado e existissem apenas os dois, até que o encanto foi quebrado pelo maldito Tyrant.

Ritchie circulou um pouco entre as pessoas até que conseguiu chegar ao grupo de conhecidas que geralmente sabiam de tudo:

— Olá, meninas, vejo que não param de reparar no Tyrant, estão com ciúmes? — Ritchie brincou fazendo o quarteto rir.

— Nada, estamos com pena da moça que está com ele. A coitada não conseguiu falar com ninguém ainda, nem uma bebida conseguiu tomar direito e ele não saiu de perto da mesa de aperitivos. — Uma jovem morena respondeu.

— Tentamos ir lá falar com ela, tentar tirar ela de lá para ela respirar um pouco, mas o porco não desgruda. — Uma ruiva falou.

— Entendo, já que querem auxiliar a moça, eu vou ajudar vocês. — Ele sorriu encantando o grupo de amigas. — Vou falar com um amigo meu para distraí-lo, daí vocês vão até lá e a levam para aquela área privada, pode ser?

— Mas você não presta, Ritchie. — Uma baixinha com cabelos encaracolados riu.

— Vocês querem uma modelo nova, eu quero saber quem é ela, então estamos quites.

— Ok, você venceu, dê o sinal de sempre para agirmos.

Assim como foi arranjado, logo um amigo de Ritchie aceitou a missão de distrair Elias. O loiro observou a mulher ser abordada por uma de suas amigas e após falar algo com Tyrant, ela conseguiu se afastar. O loiro ficou alguns minutos por ali até que seguiu para o local indicado.

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